Daniela Milanese
Estreia da safra de balanços nos Estados Unidos, bateria de dados na China e muita expectativa com os testes de estresse dos bancos europeus: a semana será agitada, capaz de trazer forte movimentação para os mercados internacionais.
O efeito que todas essas informações terão sobre o sentimento dos investidores só mesmo Paul, o polvo de Berlim, é capaz de responder. “Muitos profissionais da área de investimentos tentarão contratar Paul hoje”, brinca Jim Reid, estrategista-chefe do Deutsche Bank em Londres, ao lembrar que o polvo acertou todos os oito resultados que previu na Copa do Mundo. Para o estrategista, será interessante acompanhar agora se a vitória da Espanha conseguirá melhorar o sentimento no país, que enfrenta grave crise, com o desemprego em 17%.
Ao que parece, no entanto, a Bolsa de Madri não se sensibilizou nem um pouco e caiu mais de 1% nesta manhã, desempenho bem pior do que as demais praças da região, que operam de lado, com a expectativa sobre a agenda forte da semana. O euro também não comemora – ao contrário: volta para a casa de US$ 1,25. Operadores citam realização de lucros, após os fortes ganhos dos últimos dias.
Para os mercados, a emoção começa hoje com os números da Alcoa no segundo trimestre, após o fechamento em Nova York, que tradicionalmente marcam a estreia da safra de balanços nos EUA. É boa a expectativa sobre os resultados corporativos, o que pode manter a melhora de humor vista na semana passada, conforme analistas.
Os economistas estão dizendo que os investidores exageraram na dose de pessimismo e que os efeitos da crise na Europa não serão tão graves assim pelo restante do globo.
O Danske Bank nota que, enquanto o S&P Global teve correção de 14% desde meados de abril, os analistas elevaram as projeções para os resultados corporativos em 3% e 2% para 2010 e 2011, respectivamente. Como os investidores estão preocupados demais, a safra de balanços do segundo trimestre deve trazer alívio, acredita Kasper Kirkegaard, economista do banco dinamarquês.
Importante orientador dos mercados será a bateria de dados divulgada pela China na quarta-feira à noite, com o PIB do segundo trimestre, produção industrial, vendas no varejo e inflação. No sábado, o gigante asiático informou superávit comercial de US$ 20 bilhões em junho, acima do esperado, com forte aumento das exportações.
Para Wensheng Peng, do Barclays Capital, os números da balança aumentam a pressão sobre o câmbio da China. O yuan se apreciou 0,8% ante o dólar desde que a política foi flexibilizada, em 19 de junho. O Barclays acredita que a valorização da moeda será moderada chinesa, de cerca de 5% em 12 meses.
Ainda na Ásia, destaque para o resultado das eleições para o Senado no Japão ontem. O Partido Democrático, do primeiro-ministro Naoto Kan, perdeu maioria e conseguiu apenas 44 cadeiras no Senado. A preocupação é com o plano do governo para reduzir o elevado déficit do país. “O revés do governo indica que a agenda ambiciosa de corte de gastos pode agora ser frustrada”, avalia Boris Schlossberg, da corretora GFT.
Também será crucial para o sentimento dos investidores o teste de estresse dos bancos europeus. Apesar de o resultado só sair em 23 de julho, já existe toda uma movimentação de expectativas e acompanhamento das informações divulgadas pela imprensa.
O Financial Times traz hoje que os maiores bancos da Europa estão discutindo a criação de um fundo privado, de 20 bilhões de euros, a ser usado para ajudar instituições financeiras em caso de nova crise. Nesse ambiente, o Conselho de Assuntos Econômicos e Financeiros da União Europeia (Ecofin) se reúne amanhã.
Fonte: O ESTADO DE S PAULO/Daniela Milanese
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