Coreia do Norte ataca ilha sul-coreana; o alerta é máximo

Bombardeio a Yeongpyeong, próximo à fronteira, feriu 20, 3 deles civis. Seul qualificou ataque de provocação, mas Pyongyang disse que só reagiu.

Localizada próxima à fronteira entre as duas Coreias, a ilha de Yeonpyeong é considerada uma das regiões de maior tensão geopolítica do mundo (AP)

Dois militares sul-coreanos morreram na tarde desta terça-feira (23) em um ataque da artilharia da Coreia do Norte à ilha de Yeongpyeong, no Mar Amarelo, próximo à fronteira entre os dois países rivais, segundo o comando militar da Coreia do Sul.

O ataque também deixou 20 feridos - 3 deles civis-, provocou danos e incendiou imóveis na ilha, onde estava mobilizado um destacamento do Exército sul-coreano. Quatro dos militares feridos estão em estado grave.

Vários projéteis norte-coreanos caíram sobre a ilha e outros no mar, segundo o comando militar de Seul. O Exército sul-coreano revidou ao ataque e autorizou a decolagem de caças de combate F-15 e F-16 para a região. Não há informação sobre vítimas do lado norte-coreano.




Dura represália'

As autoridades da Coreia do Sul qualificaram a ação como uma "clara provocação militar" e disseram que, se houver provocação similar, haverá uma "dura represália".

"Foi um ataque intencional e planejado", disse Lee Hong-ki, funcionário do Ministério da Defesa. "É claramente uma violação do armistício."

Tecnicamente, as Coreias ainda estão em guerra - o conflito de 1950 a 53 terminou apenas com uma trégua, e não com um tratado de paz.

O bombardeio desta terça foi um dos maiores ocorridos deste então. É o incidente mais grave desde o incidente que envolveu o ataque ao barco “Cheonan”, em março, que matou 46 marinheiros sul-coreanos.

Sul começou a atirar, diz Norte

Já as autoridades da Coreia do Norte disseram, por intermédio da agência oficial KCNA, que apenas revidaram ao fogo sul-coreano, por volta das 13h locais (2h de Brasília), sem entrar em detalhes sobre como teria sido o ataque inicial.

"O Exército norte-coreano seguirá sem vacilar seus ataques militares se o inimigo sul-coreano se atrever a invadir nosso território, ainda que seja em 0.001 milímetro", diz o comunicado da presidência norte-coreana.

Uma autoridade militar sul-coreana afirmou que o país conduzia um treino militar de rotina na região, mas teria feito disparos para o oeste, e não dirigidos ao norte.

O Exército da Coreia do Sul se encontra em estado de alerta máximo e já mobilizou caças de combate F-15 e F-16 na região. A alta cúpula da presidência sul-coreana está reunida em um bunker militar para estudar a resposta aos ataques da Coreia do Norte. O Estado-Maior sul-coreano enviou uma mensagem telefônica à Coreia do Norte através de uma linha especial para pedir que o vizinho interrompesse os disparos, que não voltaram a se repetir.



Coreias: Japão, China e Rússia manifestam preocupação

As principais potências vizinhas à península coreana manifestaram extrema preocupação com os desdobramentos dos disparos ordenados por Pyongyang contra uma ilha controlada por Seul, nesta terça-feira. Japão, China e Rússia disseram que é preciso controlar a situação para evitar uma possível escalada militar.

O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, alertou seus ministros para que estejam preparados para qualquer cenário. "Ordenei aos ministros que façam preparativos para que possamos reagir de maneira firme, para o caso de qualquer evento inesperado acontecer", afirmou. "Determinei que façam o melhor para reunir informações."

O ministério chinês das Relações Exteriores expressou sua preocupação com os disparos. "Esperamos que as partes contribuam mais para a estabilidade na península coreana", disse Hong Lei, porta-voz do ministério. A chancelaria chinesa destacou que é "imperativo" reativar o processo de negociação do grupo dos seis após a revelação da existência de uma nova usina de enriquecimento de urânio na Coreia do Norte.

A Rússia também advertiu para o risco de confronto militar em grande escala. "É importante que isto não leve a uma escalada na península", afirmou uma fonte diplomática russa, não identificada, à agência Interfax. As Forças Armadas da Coreia do Sul estão em alerta máximo após os disparos de artilharia norte-coreanos.

Seul quer conduzir crise com cuidado para evitar escalada

O presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, optou nesta terça-feira pelo comedimento para evitar uma escalada na tensão após o ataque norte-coreano com fogo de artilharia a uma ilha sul-coreana no litoral ocidental, em ataque que deixou vários feridos. "Devemos conduzir com cuidado a situação para evitar a escalada de um choque", indicou Lee, citado por um porta-voz do Escritório Presidencial sul-coreano.

As declarações foram divulgadas depois que a Coreia do Norte realizou várias rodadas de disparos de artilharia em direção ao território sul-coreano. As declarações foram dadas antes da reunião de emergência do presidente sul-coreano com vários ministros no escritório presidencial. O porta-voz também disse que Lee se interessou pelo estado dos feridos, alguns deles com quadros graves, e pediu todos os esforços para salvar suas vidas.

Espera-se que Lee discuta na reunião medidas para responder ao ataque, após o qual a Coreia do Sul lançou 80 rodadas de disparos de artilharia, mobilizou caças F-15 e aumentou o alerta militar ao nível máximo. O Escritório Presidencial suspeita que o ataque possa ser uma resposta aos exercícios rotineiros da Coreia do Sul no litoral ocidental, perto da fronteira norte-coreana, dos quais participam 70 mil soldados e que Pyongyang criticou mediante uma carta de protesto

EUA condenam ataque da Coreia do Norte

A Casa Branca condenou nesta terça-feira (23) o ataque de artilharia da Coreia do Norte contra uma ilha sul-coreana e pediu que a ação militar seja cessada. Pelo menos dois soldados sul-coreanos morreram na ação, e 20 pessoas ficaram feridas.

"Hoje mais cedo a Coreia do Norte realizou um ataque de artilharia contra a ilha sul-coreana de Yenpyeong. Estamos em contato direto e contínuo com nossos aliados sul-coreanos", afirma o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, em um comunicado.

"Os EUA condenam fortemente este ataque e pedem à Coreia do Norte que pare sua ação beligerante", disse o governo de Washington, que é aliado da Coreia do Sul.

O texto destaca ainda que os EUA estão "profundamente comprometidos com a defesa do nosso aliado, a República da Coreia, e com a manutenção da paz e da estabilidade na região".

O horário incomum do comunicado - emitido às 4H30 locais (7H30 de Brasília), apenas algumas horas após os disparos - mostra a preocupação da Casa Branca sobre um dos incidentes fronteiriços mais sérios desde a guerra de 1950-53 entre os dois vizinhos coreanos.



Rússia

A Rússia condenou o bombardeio, considerou que seus autores têm uma "enorme responsabilidade" e pediu o fim de todas as hostilidades, segundo declarações do ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

"O que ocorreu merece ser condenado. Os que iniciaram isto e recorreram aos disparos contra a ilha sul-coreana (...) têm uma enorme responsabilidade", declarou Lavrov em Minsk, capital de Belarus, onde encontra-se em viagem. "Os disparos devem cessar imediatamente."

China

O ministério chinês das Relações Exteriores expressou preocupação com os disparos e defendeu a retomada das negociações sobre o programa nuclear de Pyongyang.

"Expressamos nossa preocupação sobre a situação", declarou Hong Lei, porta-voz do ministério das Relações Exteriores.

"Esperamos que as partes contribuam mais para a estabilidade na península coreana", completou.

A chancelaria da China, que é aliada da Coreia do Norte, disse é "imperativo" reativar o processo de negociação do grupo dos seis após a revelação da existência de uma nova usina de enriquecimento de urânio na Coreia do Norte.

União Europeia

A chefe da diplomacia da União Europeia, Katherine Ashton, também condenou o ataque.

"Estou profundamente preocupada com os eventos de hoje na península coreana, que deixou vítimas entre os militares e civis sul-coreanos", afirmou em um comunicado.

Alemanha

O ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, por sua vez, se declarou muito preocupado com "a nova provocação norte-coreana".


"Espero um comportamento sensato de todas as partes durante esta situação tensa e saúdo os esforços do presidente sul-coreano Lee para evitar que a situação se deteriore", acrescentou.

Reino Unido

O ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, também condeou energicamente o ataque.

"A Grã-Bretanha condena energicamente o ataque não provocado da Coreia do Norte à ilha sul-coreana de Yeonpyeong. Estes ataques só levarão a mais tensões na península coreana", afirmou.

Japão

O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, alertou seus ministros para que estejam preparados para qualquer eventualidade.

"Eu ordenei aos ministros que façam preparativos para que possamos reagir de maneira firme, no caso de qualquer evento inesperado acontecer", disse.


"Eu determinei que façam o melhor para reunir informações", completou.

Atrito entre as Coreias derruba bolsas asiáticas

A troca de tiros entre as Coreias do Sul e do Norte nesta terça-feira (23) impactou os negócios nas bolsas asiáticas, levando a maior parte dos mercados ao campo negativo. Ao menos um soldado morreu no confronto na fronteira entre os dois países, e há informações de danos e incêndios na ilha sul-coreana de Yeongpyeong.

O índice Kospi, da bolsa de Seul, fechou em queda de 0,79%, aos 1.928,94 pontos, enquanto em Taipé, o Taiwan Taiex recuou 0,55%, para 8.328,63 pontos.

Na China, as operações ainda foram influenciadas pelos temores que rondam os setores financeiro e imobiliário. As especulações de que uma nova rodada de alta nos juros está por vir, devendo promover maior contração nos empréstimos, principalmente nos destinados à compra de imóveis, preocupa os investidores, que ainda avaliam o desenrolar da crise na Europa. Com o resgate à Irlanda, cresce a aversão a risco, fator que deve impactar os investimentos ao redor do mundo.

Em Xangai, o Shanghai Composite sofreu desvalorização de 1,94%, voltando aos 2.828,28 pontos. A queda na bolsa de Hong Kong foi ainda mais acentuada, chegando a 2,67%, com o índice Hang Seng marcando 22.896,10 pontos.

No mercado acionário de Sydney, bancos e mineradoras levaram o S&P/ASX 200 à baixa de 1,17%, aos 4.589,10 pontos. As ações do Westpac cederam 1,89%, acompanhadas pelas do National Australia bank (-1,83%), da BHP Billiton (-1,69%) e da Rio Tinto (-1,40%).

A bolsa de Tóquio permaneceu fechada devido a um feriado local.

Fontes: Agência Estado - G1 - VEJA -  Efe - AFP - REUTERS - TV GloboNews - CNN

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