Polícia invade prédio ocupado por esquerditas
Agentes da polícia e das Forças Armadas de Honduras retiraram nesta quarta-feira 57 pessoas que estavam no edifício do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Inra) há três meses, desde que o presidente Manuel Zelaya foi deposto em golpe. A medida foi justificada pelo governo interino como parte do estado de exceção decretado no domingo (27) e que restringe as liberdades civis no país.
O Inra era utilizado por centenas de trabalhadores agrários como residência temporária durante os protestos de manifestantes pró-Zelaya na capital.
Polícia antidistúrbios deixa o prédio do Instituto Nacional de Reforma Agrária após operação para retirada de camponeses
"Esta ação faz parte do que é o decreto", disse aos jornalistas Orlin Cerrato, porta-voz da Polícia Nacional. Cerrato afirmou ainda que a polícia investiga se há outros edifícios sendo ocupados por apoiadores de Zelaya, que está refugiado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa desde 21 de setembro, quando voltou clandestinamente ao país.
O decreto limita por 45 dias as liberdades de locomoção, de reunião e de expressão do pensamento e autoriza as detenções sem ordem judicial prévia. Ele estabelece ainda a possibilidade de retirar pessoas que ocuparem instituições públicas por causa da crise política em Honduras.
Cerrato disse ainda que há 55 pessoas detidas, incluindo seis mulheres, cujos depoimentos serão ouvidos para aferir sua responsabilidade.
A operação de desocupação aconteceu às 5h30 (8h30 no horário de Brasília). Cerrato disse que poderiam ser realizadas "operações conforme forem aparecendo" situações semelhantes, mas indicou que este é o único instituto "grande" que estava tomado. Ele descartou, contudo, novas operações nesta quarta-feira, inclusive nas universidades públicas nas quais simpatizantes de Zelaya estão há várias noites.
O dirigente camponês Rafael Alegria, um dos coordenadores da Frente Nacional de Resistência contra o Golpe de Estado, foi à sede do instituto e disse que há em Honduras "uma ditadura, e pode acontecer qualquer coisa".
"Estão desesperados, estão aplicando um decreto que é ilegal, que não foi aprovado pelo Congresso [Parlamento], este é um ato fascista", acrescentou Alegria aos jornalistas.
"O Inra é utilizado por camponeses, é um edifício de camponeses que foi criado para impulsionar a reforma agrária", disse. "Os camponeses têm todo o direito de defender sua instituição, é uma barbaridade", disse.
"Agora eles os levam presos. Neste momento pode acontecer qualquer coisa, é um regime ditatorial", completou o ativista.
A promotora hondurenha dos direitos humanos, Gabriela Gallo, disse aos jornalistas que às pessoas que estão dentro já receberam a leitura dos direitos e acrescentou que, caso fosse necessário, passarão à disposição da Promotoria ou da Justiça.
"Não há pessoas agredidas", acrescentou a promotora.
Fontes: FOLHA - AG
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