Cubanos comemoram término de restrições anunciado por Obama

RIGOBERTO DÍAZ
da France Presse, em Havana

Os cubanos receberam com alegria a decisão do presidente americano, Barack Obama, de suspender as restrições às viagens e ao envio de dinheiro de cidadãos cubano-americanos, entusiasmados com a possibilidade real, agora, do reencontro com familiares e de um maior alívio econômico.

"É um anúncio fabuloso, que vai propiciar um reencontro da família cubana, que está muito dividida", disse à agência de notícias France Presse Ariel González, um cubano-americano de 37 anos que voltava nesta segunda-feira para Miami, onde vive há seis anos, depois de ficar dez dias na ilha, visitando seus familiares.

Ao ser informado da novidade por correspondentes internacionais que foram ao aeroporto, González disse estar "muito feliz", porque Obama está cumprindo o que prometeu. "Lá, as pessoas têm muitas esperanças que ele favoreça uma mudança", completou María Lidia, mulher de González.

O anúncio, que estabelece a eliminação total de restrições aprovadas em 2004 pelo antecessor de Obama, George W. Bush (2001-2008), apenas começava a circular de boca em boca entre os cubanos da ilha --pelos telefonemas de familiares de Miami ou pela TV por satélite a que muitos assistem, ilegalmente.

"É magnífico! Era a notícia que todos esperavam! Tomara que marque o início de uma nova relação de amizade entre Cuba e Estados Unidos. O que Obama tem de fazer é suspender o bloqueio [o embargo econômico] de uma vez por todas", disse Ismary Hernández, funcionária da agência Cubatur.

Em março passado, Obama aliviou as restrições, permitindo aos cubano-americanos viajar á ilha uma vez por ano, em vez de cada três, como havia estabelecido Bush. Rapidamente, as viagens para Cuba começaram a aumentar.

Durante a campanha eleitoral, Obama prometeu suspender as restrições às viagens a Cuba e o envio de dinheiro, que somava cerca de US$ 1 bilhão por ano antes das medidas de 2004, mas se distanciou do embargo que os EUA aplicam à ilha desde 1962.

Mais de 1,5 milhão de cubanos e descendentes vivem nos Estados Unidos, de onde saem as remessas de dinheiro que são um verdadeiro alívio para o bolso de quem mora na ilha, onde o salário médio é de US$ 17 (menos de R$ 37).

Para o mecânico Manuel de Armas, 47, trata-se de "uma estratégia" de Obama para a Cúpula das Américas, neste fim de semana, em Trinidad y Tobago, na qual alguns países da América Latina vão lhe pedir que suspenda o embargo. "É algo que ele tinha de fazer antes da Cúpula, tinha de chegar com algo nas mãos."

O governo cubano ainda não se pronunciou sobre a medida.

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails