FERNANDO SERPONE
Recentemente, a candidata a vice-presidente republicana, Sarah Palin, alertou em comícios sobre os perigos de um "monopólio democrata" --o controle da Casa Branca, Senado e Câmara dos Deputados nas mãos do partido rival.
Nesta terça-feira, os americanos votam para presidente, governador e em referendos em alguns Estados. O pleito também renovará os 535 membros da Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados) e um pouco mais de um terço (35) das cem cadeiras Senado. As pesquisas mostram que os democratas devem expandir a atual maioria no Congresso, assim como indicam que Barack Obama, 47, candidato do partido, deve ser o próximo morador da Casa Branca.
Nancy Pelosi (Câmara) e Harry Reid (Senado)
Para Jennifer Duffy, editora-sênior da publicação independente "The Cook Political Report", o discurso republicano visa limitar as perdas. "Não há nenhuma chance de os republicanos ganharem a maioria do Senado ou da Câmara", disse Duffy à Folha Online por telefone, de Washington. "O que eles [republicanos] realmente estão tentando fazer é evitar que os democratas do Senado consigam 60 cadeiras, o que lhes daria uma vantagem de procedimento."
O procedimento ao qual Duffy se refere é o "filibuster", que consiste em um senador discursar para tentar atrasar e, efetivamente, bloquear a votação de um projeto --para efetuar essa manobra é necessário que o partido conquiste mais de 60 cadeiras no Senado. Na opinião de Duffy, a estratégia do Partido Republicano pode ter efeito especialmente nos Estados tradicionalmente republicanos, como a Carolina do Norte e a Geórgia.
Darrell West, vice-presidente e diretor de Estudos de Governança do Instituto Brookings, disse não acreditar que o discurso republicano sobre o "monopólio" terá algum efeito. O cientista político afirma que a maioria dos eleitores não pensam no governo "em termos institucionais". "Em vez disso, eles estão preocupados com a economia, com a Guerra do Iraque e com o sistema de saúde", afirmou à Folha Online por e-mail, de Washington.
Esses assuntos motivam muito mais o voto do que a questão de quem controla a Câmara e o Senado, acrescenta.
Visão negativa
Apesar da perspectiva de Washington ser comandada por democratas em todas as suas instâncias, só 34% dos eleitores americanos acham positivo o controle da Casa Branca e do Congresso por apenas um partido.
Segundo pesquisa do Instituto Rasmussen, 45% dos americanos acreditam que o melhor é a Casa Branca e o Congresso controlados por diferentes legendas. A sondagem, feita por telefone, aponta que 21% não têm uma posição sobre o assunto. Na opinião dos eleitores democratas, 50% afirmam que o país é melhor conduzido sob apenas um partido; 26% dos republicanos e 23% dos não-afiliados discordam.
Quanto a um governo dividido, 28% dos democratas dizem que é o melhor, assim como 60% dos republicanos e 48% dos não-afiliados.
Sobre o "filibuster", 42% dos americanos dizem que é ruim para o país se um partido tem maioria de 60 membros. No entanto, 36% dos eleitores vêem como positivo, enquanto 22% não têm opinião. Novamente, 50% dos eleitores democratas aprovam a maioria que evita o "filibuster", enquanto 55% dos republicanos e 45% dos não afiliados vêem a situação de maneira negativa.
Raiva de Bush
A irritação com os republicanos é, na opinião de Duffy, o principal motivo para o grande apoio popular aos democratas. "Em 2006, os americanos estavam nervosos com a guerra [no Iraque]", disse a americana, em referência às eleições que permitiram aos democratas tomarem o controle das duas casas, após seis anos de "monopólio republicano".
Agora, eles estão bravos por causa da economia. "A cada dia que o mercado financeiro teve um grande mergulho, realmente caiu, centenas de pontos, o mesmo ocorreu com o apoio dos republicanos nas pesquisas feitas à noite", afirmou Duffy. "E enquanto eles tendem a culpar [o presidente, George W.] Bush, eles associam quase todos os republicanos ao atual presidente."
A enorme arrecadação democrata também é apontada como uma razão para o avanço da legenda no Senado. Segundo Duffy, há disputas pelo Senado onde o Partido Nacional (Democrata) está gastando US$ 10 milhões (cerca de R$ 21 milhões).
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