DIANA PIMENTEL
MARINA NOVAES
colaboração para a Folha Online
O prefeito reeleito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), manteve a trajetória do primeiro turno e venceu neste domingo em todas as seis regiões de São Paulo. No primeiro turno, o prefeito perdeu para Marta Suplicy (PT) apenas na região sul. Hoje, no entanto, o democrata superou a adversária em todas as regiões.
De acordo com o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral), existem 57 zonas eleitorais na capital paulista, em seis regiões da cidade --norte, sul, leste, oeste, central e centro-sul. Kassab venceu em 44 das 57 zonas eleitorais da capital paulista, enquanto Marta superou o adversário em apenas 13 zonas eleitorais.
A região onde a petista obteve melhor resultado foi na zona sul. Na zona sul, Marta venceu nas zonas eleitorais de Campo Limpo, Piraporinha, Grajaú, Capão Redondo, Parelheiros, Jardim São Luís e Pedreira --totalizando sete zonas. Kassab venceu em outras nove zonas eleitorais na região.
A petista mais uma vez perdeu no seu tradicional reduto eleitoral --a zona leste-- onde teve votação menor em 15 das 21 zonas eleitorais.
O prefeito Gilberto Kassab (DEM), 48, conseguiu se reeleger em São Paulo neste domingo. Segundo o Datafolha, com 45% dos votos apurados, já era possível apontar a vitória do democrata contra a petista Marta Suplicy.
Antes da apuração ser iniciada, quando pesquisas de boca-de-urna já apontavam sua vitória na disputa eleitoral da cidade, Kassab fez questão de citar o governador José Serra (PSDB) ao comentar o resultado. "Eu queria deixar um registro especial, muito enfático, da participação fundamental do governador José Serra nesse processo, como gestor e, no primeiro momento, como prefeito", afirmou.
Prefeito desde março de 2006, quando herdou o cargo após Serra se candidatar ao governo do Estado, o democrata consegue agora, com a vitória nas urnas, livrar-se do estigma de vice.
Com o resultado, Kassab se consagra como o principal nome do DEM paulista e tem a oportunidade de mostrar que pode administrar um governo próprio. A proximidade com Serra, no entanto, deve ser mantida durante a nova gestão.
O governador, mesmo nos bastidores, foi um dos principais articuladores da candidatura do democrata e um dos cabos eleitorais mais empenhados na reta final da campanha, quando o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, já estava fora da disputa.
O bom desempenho na eleição municipal colocou o nome de Kassab como um dos possíveis sucessores ao governo de São Paulo em 2010, quando Serra deve concorrer à Presidência da República.
Preocupado em ganhar a eleição municipal, o prefeito se prontificou a negar a possibilidade concorrer ao governo de SP durante a campanha, alegando não ter biografia para postular a vaga.
Campanha
O fato de nunca antes ter encabeçado uma chapa em eleições majoritárias pesou no início da campanha de Kassab. Nos primeiros meses da disputa, o prefeito chegou a amargar um terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, com índices de votação próximos dos 10%.
Sua ascensão nas pesquisas coincidiu com sua maior exposição no horário eleitoral gratuito. Por meio de apoios costurados com PMDB, PV e PR, entre outros partidos da base de seu governo, Kassab teve o maior tempo no rádio e na TV no primeiro turno.
A propaganda massiva foi apontada com o principal fator que possibilitou a virada de Kassab nestas eleições. Contrariando inclusive as pesquisas --que apontavam o crescimento de Kassab, mas a vitória de Marta--, o prefeito venceu o primeiro turno com 33,61% dos votos válidos --apenas 0,82 pontos percentuais a mais que a petista.
A pequena margem do primeiro turno contrastou com sua larga vantagem na etapa seguinte do pleito, quando, desde o início, liderou a disputa com mais de 16 pontos de vantagem, segundo pesquisas.
Ao mesmo tempo em que crescia na disputa, Kassab foi se tornando o alvo preferido dos ataques de seus adversários. Seu passado, suas alianças e até sua vida pessoal foram largamente exploradas durante a campanha. A propaganda, mais uma vez, fez diferença em seu favor.
Biografia
Kassab é formado em engenharia civil e economia pela USP (Universidade de São Paulo), concluídos em 1985 e 1986, respectivamente. Logo após terminar os dois cursos, trabalhou por um ano na empresa Duratex, no departamento de organização e método. Depois abriu um escritório de engenharia e uma gráfica.
Iniciou sua vida política ainda na década de 80, quando fazia pós-graduação e conheceu o então secretário estadual licenciado de Emprego e Relações do Trabalho, Guilherme Afif Domingos.
Em 1989, participou da campanha de Afif Domingos para a Presidência da República. Na campanha deste ano à Prefeitura de SP, Afif Domingos foi o coordenador do programa de governo de Kassab.
O prefeito eleito também foi secretário de Planejamento da Prefeitura de São Paulo durante 14 meses, período que inclui a gestão do ex-prefeito Celso Pitta (1997-2000). A passagem pela administração Pitta foi uma das principais armas contra Kassab durante a campanha.
Kassab disputou sua primeira eleição em 1990, concorrendo a uma das vagas para deputado estadual. Em 1992, foi eleito vereador de São Paulo. Dois anos mais tarde, elegeu-se deputado estadual pelo extinto PL (atual PR) com 36.303 votos. Nas eleições de 1998, conseguiu uma vaga na Câmara dos Deputados pelo então PFL (atual DEM) com 92.866 votos. Foi reeleito em 2002 com 234.509 votos.
Nas eleições de 2004, Kassab conquistou a vaga de vice-prefeito na chapa de Serra e assumiu a prefeitura quando o tucano deixou o cargo para disputar o governo do Estado.
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