Brasil inutiliza 260 mil bolsas de sangue por falha em estocagem


Técnicos na Fundação Pró-Sangue da capital paulista; auditoria identificou falha na armazenagem das bolsas de plasma


da Folha de S.Paulo, em Brasília

O Brasil inutilizou parcialmente 260 mil bolsas de sangue armazenadas em hemocentros em São Paulo e Minas Gerais. Auditoria concluída em julho pela empresa francesa LFB, contratada pelo Ministério da Saúde para processar o plasma do sangue recolhido, apontou que não foi feita verificação adequada da temperatura do material, além de falhas na limpeza, poeira e fungos.

Com isso, a empresa se recusou a produzir a partir do plasma recolhido os fatores de coagulação 8 e 9, utilizados no tratamento de hemofilia. O volume, segundo o Ministério da Saúde, seria suficiente para atender a necessidade pelos produtos por uma semana.

O Ministério da Saúde agora irá contratar outra empresa para a produção de imunoglobulina e albumina. A pasta informa que não há risco sanitário para doadores e pacientes que utilizam o material armazenado nos hemocentros. Também rechaça risco de desabastecimento das substâncias.

De posse dos dados da auditoria, que foram publicados ontem em reportagem de "O Estado de São Paulo", o procurador Marinus Eduardo de Vries Marsico, do TCU (Tribunal de Contas da União), protocolou uma representação em que pede que sejam apuradas as responsabilidades pelos problemas encontrados na produção dos hemoderivados.

A LFB apontou também problemas nos centros de transfusão dos hemocentros de São Luís, Teresina, Aracaju, Manaus, Natal, Salvador e Campos. Segundo o ministério, os problemas encontrados foram de falta de cumprimento da padronização da produção estabelecida pela empresa. De acordo com a pasta, não há nenhum risco sanitário.

A assessoria de imprensa da Fundação Pró-Sangue de São Paulo informou só que o Ministério da Saúde falaria sobre o assunto. A reportagem não conseguiu contato com o hemocentro de Belo Horizonte. De acordo com o Ministério da Saúde, hoje 11 mil pacientes recebem os fatores de coagulação 8 e 9 pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

As outras substâncias que ainda poderão ser retiradas do plasma armazenado em Belo Horizonte e São Paulo --albumina e imunoglobulina-- são utilizadas no tratamento de queimaduras e insuficiência renal crônica, no caso da primeira, e para o tratamento de problemas no sistema imunológico, no caso da segunda.

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