Em dia de recuperação, Bovespa fecha com alta de 13,42%

Em Nova York, o Dow Jones também terminou em alta de mais de 10%; investidores aproveitam preços baixos

SÃO PAULO - Aproveitando a pechincha no preços das ações em decorrência das mínimas alcançadas nos últimos dias, os investidores foram às compras nesta terça-feira, 28, e fizeram a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subir 13,42%, terminando o dia aos 33.386 pontos. Em Wall Street, o Dow Jones registrou valorização de 10,78%, e o Nasdaq de 9,53%.

A disparada no meio da tarde foi creditada à combinação da aceleração dos ganhos em Nova York com a atuação específica de uma instituição financeira brasileira que, como definiram operadores, "raspou o índice" no mercado futuro, carregando o Ibovespa à vista. Alguns players chegaram a aventar que a operação poderia refletir algum retorno de estrangeiros, mas não é possível identificar se as aquisições decorreram de ordens de compras por esses investidores. Além disso, outra instituição teria zerado uma posição na ponta de venda, conforme um operador.

Na visão de um experiente profissional do mercado financeiro, sócio e gestor de uma asset em São Paulo, a alta de hoje não é sustentável. "A maior parte das ações subiu com volume baixo", argumentou.

A recuperação do segmento acionário foi global, embora em escalas mais leves em praças como Londres e Tóquio, apesar de novas notícias desfavoráveis no que diz respeito à economia mundial, em particular, nos Estados Unidos. O índice de confiança do consumidor norte-americano caiu à mínima histórica em outubro e as expectativas futuras pioraram. O índice de atividade industrial na região coberta pelo Fed de Richmond recuou este mês. Ainda, o índice de preços dos imóveis Case-Shiller registrou queda recorde em agosto. Nada alentador.

Em Nova York, as altas foram ampliadas principalmente no final da sessão, impulsionadas pela recuperação das ações do setor financeiro, com os investidores procurando por barganhas após novos sinais do descongelamento do mercado de crédito. Dados do mercado interbancário justificam essa percepção. De acordo com a Associação dos Bancos Britânicos (BBA), a Libor para créditos em dólar para um mês estava em 3,17125%, de 3,21875% ontem. A Libor para empréstimos em dólar para três meses estava em 3,4650%, de 3,5075% ontem.

No noticiário vespertino, a cadeia de notícias CNBC informou que a Casa Branca notificou aos bancos que estão recebendo bilhões de dólares em ajuda federal que eles devem começar a emprestar mais. "Estamos tentando fazer com que os bancos façam o que devem fazer, que é dar sustentação ao sistema que temos na América, e os bancos existem para emprestar dinheiro", disse a porta-voz da Casa Branca Dana Perino.

Os participantes no mercado foram quase unânimes em explicar a alta de hoje citando o excesso de quedas nos últimos dias. "Vamos às compras, está barato", disse um player, referindo-se ao pensamento do mercado nesta sessão. Vale lembrar que nas cinco sessões até ontem, o Ibovespa acumulou uma perda superior a 25%. No mês, até ontem, a queda do índice era de 40,58%. No ano, a perda alcançava 53,93%. Com a valorização hoje, essas perdas passaram para 32,61% e 47,74%, respectivamente.

Para Raffi Dokuzian, superintendente na Banif Corretora, o comportamento dos mercados de ações hoje também pode ter refletido alguma antecipação à expectativa de corte dos juros nos EUA amanhã. A maioria dos primary dealers norte-americanos acredita que o Federal Reserve reduzirá a taxa dos Fed Funds em 0,50 ponto percentual nesta quarta-feira, para 1,00%. E no caso da Bovespa há ainda a perspectiva de manutenção da taxa Selic pelo Copom, também amanhã. De um total de 63 casas consultadas pelo AE Projeções, 39 contam com a manutenção da taxa. "Em outros tempos, esse tipo de notícia era um importante impulso nas bolsas", lembrou.

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