EPAMINONDAS NETO
da Folha Online
A recuperação dos preços das commodities (matérias-primas) ajudou a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) a se manter valorizada na maior parte do pregão desta sexta-feira. O último pregão da semana somente não encerrou com viés positivo porque, próximo ao fechamento, o mercado começou a acompanhar Nova York, que concluiu em baixa de 1,4%.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, cedeu 0,12% no fechamento, aos 36.399 pontos. A Bovespa concluiu uma semana bastante turbulenta --em que subiu 14,6% (na segunda-feira) e caiu 11,4% (na quarta)-- com alta moderada de 2,2%.
A ação preferencial da Petrobras, com volume superior a R$ 800 milhões, valorizou 3,56%, num dia em que o barril do petróleo bateu US$ 71,85. Ontem, a commodity chegou a ser cotado abaixo de US$ 70. O mercado antecipou o possível corte da produção. O cartel de países produtores (Opep) deve ser reunir em caráter emergencial na próxima semana.
"Hoje nós tivemos um dia um pouco mais calmo, foi somente isso. As commodities subiram e a nossa Bolsa ainda é bastante atrelada a essas matérias-primas", comenta Daniel Doll Lemos, analista da corretora Socopa.
Ele avalia que a volatilidade pode reduzir um pouco nos próximos dias. "Quando as ações são excessivamente penalizadas como agora, alguns investidores começam a comprar novamente, pensando em um prazo mais longo. Pode ser que nos próximos dias, a ponta de compra comece a ficar um pouco mais equilibrada", acrescenta, lembrando que as oscilações dessa semana foram "além dos níveis aceitáveis, e com certeza, de qualquer parâmetro histórico".
O dólar comercial foi negociado a R$ 2,120 na venda, em declínio de 1,98%. A taxa de risco-país marca 495 pontos, número 4% acima da pontuação anterior.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, anunciou hoje que o banco vai leiloar dólares para ajudar no financiamento das exportações no país. Nas últimas semanas, várias empresas que atuam no segmento de comércio exterior reclamavam que a crise financeira havia reduzido o crédito disponível na praça e elevado o custo da ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio).
"A decisão de liberar dólares das reservas internacionais, com direção determinada aos exportadores, juntamente com as demais atuações do BC no câmbio, devem amenizar eventuais pressões negativas externas sobre o câmbio doméstico e reforçar as positivas", avaliou Miriam Tavares, diretora da corretora AGK, em seu comentário periódico sobre mercado financeiro.
As Bolsas européias fecharam com fortes ganhos, a exemplo de Londres (5,22%), Paris (4,68%) e Frankfurt (3,42%). Nos EUA, a Bolsa de Nova York registra alta de 1,59%. Em Nova York, a Bolsa fechou em baixa de 1,41%.
EUA
Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Comércio dos EUA informou hoje que o volume de licenças para construção de residências caiu 6,3% em setembro, para uma cifra anual de 817 mil unidades, a mais baixa em 17 anos.
O presidente dos EUA, George W. Bush, admitiu hoje que vai levar algum tempo até que as instituições financeiras voltem a funcionar regularmente, mas que "o povo americano pode confiar em que isso acontecerá".
O "Bundestag", a Câmara dos Deputados alemã, aprovou nesta sexta-feira, em uma medida urgente, um pacote de 500 bilhões de euros (aproximadamente US$ 670,4 bilhões) para resgatar o sistema financeiro.
À semelhança de planos já anunciados no Reino Unido e no EUA, o dinheiro também deve ser aplicado para capitalizar bancos por meio da compra de ações, de modo a estimular a circulação de recursos na economia, num momento de crise de confiança no sistema bancário.
Empresas
A Aracruz Celulose revelou um prejuízo líquido de R$ 1,642 bilhão no terceiro trimestre deste ano, ante um lucro líquido de R$ 260,9 milhões em idêntico período em 2007. A receita financeira líquida da empresa, que foi de R$ 141,3 milhões no terceiro trimestre de 2007, virou uma despesa financeira líquida de R$ 2,462 bilhões no trimestre passado.
A Sadia reconheceu que pode registrar seu primeiro prejuízo, no balanço de 2008, em 64 anos. A companhia comunicou perdas de R$ 760 milhões com operações de câmbio, afetadas pelas turbulências do mês de setembro. Nesse período, a taxa passou de R$ 1,63 para R$ 1,90.
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