Irã suspende sentença de condenada à morte por apedrejamento

Caso vai ser revisto, segundo porta-voz da chancelaria iraniana. Condenação por adultério provocou protestos pelo mundo.

As autoridades iranianas suspenderam a sentença de morte por apedrejamento de Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada por adultério, disse nesta quarta-feira (8) o Ministério de Relações Exteriores do país.

"O veredicto sobre o caso extramarital foi suspenso e está sendo revisto", disse Ramin Mehmanparast, porta-voz da chancelaria, à TV estatal Press TV.

Manifestantes protestam contra sentença de morte por apedrejamento dada a irariana Sakineh Mohammadi Ashtiani perto da Torre Eiffel, em Paris. (Foto: Reuters)

A mídia iraniana sugeriu que a sentença de morte por apedrejamento -- imposta por determinados crimes sob a sharia, adotada pelo Irã após a Revolução Islâmica de 1979 -- não será implementada, mas que Ashtiani poderá ainda ser executada por enforcamento.


"Consideramos este um caso muito normal", disse Mehmanparast. "Este dossiê se assemelha a muitos outros dossiês que existem em outros países."

Em nenhum momento da entrevista, que foi dada na língua farsi mas foi transmitida com tradução simultânea para o inglês, ele mencionou a palavra "apedrejamento", referindo-se apenas à "sentença de morte" de Ashtiani.

Direitos humanos

Na vespera, governo iraniano havia afirmado que países estrangeiros não devem interferir no sistema legal do país e deveriam parar de tentar converter o caso em "problema de direitos humanos".


Entenda o caso da condenada à morte por apedrejamento no Irã


Manifestantes ingleses pedem que pena de morte de iraniana por apedrejamento seja cancelada/(Foto: AFP

O presidente Luiz Inácio da Silva fez um apelo ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, pela vida de Sakineh Mohammadi Ashtiani, que foi condenada à morte por apedrejamento por supostamente cometer adultério.

Segundo a Anistia Internacional, a iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani foi condenada em maio de 2006 de ter mantido uma "relação ilegal" com dois homens. Ela recebeu a sentença de 99 chicotadas por essa condenação, e a pena foi cumprida.

Mãe de dois filhos, a mulher de 43 anos acabou sendo julgada novamente pouco tempo depois e recebeu uma segunda condenação, dessa vez por adultério. Ela foi sentenciada à morte por apedrejamento. No julgamento, Ashtiani negou ter cometido adultério.

A decisão da Justiça iraniana gerou protestos formais em muitos países e organizações internacionais, fazendo surgir campanhas globais para que sua pena fosse revogada.

No início de julho deste ano, autoridades iranianas chegaram a anunciar que Ashtiani não seria morta por apedrejamento, e que a pena seria revista, mas a informação não chegou a ser confirmada oficialmente, e os advogados dela disseram não ter nenhuma garantia da mudança na pena.

A organização internacional de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch foi uma das que lideraram um apelo para que o governo do Irã cancelasse a execução de Sakineh. A campanha contou com o apoio de celebridades como os atores Colin Firth, Emma Thompson, Robert Redford e Juliette Binoche e a estilista Katherine Hammett.

O Irã foi o segundo país que mais executou condenados à morte em 2009. Dados oficiais dizem que 388 pessoas foram executadas por ordem da Justiça no país.

Fontes: G1 - TV Globo - Agências

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