Irã liberta a turista americana Sarah Shourd

Sarah havia sido detida com dois americanos sob acusação de espiongem; ela foi libertada após pagamento de fiança de US$ 500 mil

Após o pagamento de uma fiança de US$ 500 mil (quase R$ 855 mil), o Irã libertou neste terça-feira a americana Sarah Shourd, que estava presa havia mais de um ano no país acusada de espionagem, informaram o advogado de defesa e o canal de televisão iraniano em inglês Press TV.

Foto não datada mostra Sarah Shourd, do grupo de americanos preso no Irã em 2009. Ela foi libertada em 14/09/2010/AP

Sarah havia sido detida com outros dois americanos - Shane Bauer e Josh Fattal -, e, segundo o Judiciário iraniano, a "detenção de pré-julgamento" dos dois, ambos de 28 anos, foi estendida por mais dois meses.

"Estou dentro da prisão de Evin, cuidando dos documentos dela. Ela foi libertada e está indo para a embaixada suíça", disse à Reuters o advogado Masoud Shafie, falando do presídio onde ela era mantida.

Segundo a agência Irna, ele disse que Sarah planeja viajar a Omã, onde sua mãe já a espera, mas a informação não pôde ser confirmada. Também há relatos de que ela viajará para a capital do Catar, Doha. Segundo sua mãe, Sarah tem sérios problemas médicos, incluindo um nódulo no seio e células pré-cancerosas de câncer de colo de útero.

A Press TV informou que Sarah, de 32 anos, foi solta "por uma fiança de US$ 500 mil", mas não deu mais detalhes. O valor havia sido estabelecido no fim de semana pelo promotor de Teerã, Abbas Jafari Dolatabadi.

Na segunda-feira, sua família indicou que estava tendo dificuldades para conseguir o dinheiro. Segundo Shafie, a embaixada da Suíça, que lida com os interesses americanos no Irã desde que os EUA romperam relações com o país depois da Revolução Islâmica de 1979, pediu ao Judiciário para diminuir o valor ou suspendê-lo. Entretanto, Dowlatabadi disse mais tarde que a fiança havia sido paga no banco iraniano de Muscat, em Omã.

Autoridades afirmaram na semana passada que Sarah Shourd seria libertada no sábado, mas a Justiça iraniana suspendeu a liberação no último momento, dizendo que o processo legal não havia sido completado.

Sarah, Bauer e Fattal foram presos perto da fronteira do Irã com o Iraque em julho de 2009. Suas famílias dizem que eles faziam caminhadas nas montanhas do norte do Iraque quando foram detidos. O Irã alega ter evidências de que eles têm ligação com os serviços de inteligência estrangeiros.

Os EUA sempre negaram que os detidos fossem espiões. Em julho, o presidente Barack Obama pediu ao Irã que "libertasse imediatamente" os três americanos e assegurou que eles jamais trabalharam para o governo americano.

Desde o princípio, o caso dos três americanos causou discrepâncias no poder iraniano. O chanceler Manushehr Motaki chegou a apresentá-lo no final de 2009 como um caso de "entrada ilegal no território iraniano".Mas a linha dura do regime, liderada pelo ministro da Inteligência Heydar Moslehi, sempre achou que os americanos eram espiões.

Foto de 20/05/2010 mostra, da esq. para a dir., os americanos Shane Bauer, Sarah Shourd e Josh Fattal no hotel Esteghlal Hotel, Irã. Eles estão detidos no Irã desde 2009/AP

A libertação de Sarah tem, sem dúvida, o objetivo de aliviar a tensão com Washington sobre o controvertido programa nuclear iraniano. O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, viaja no final de setembro aos Estados Unidos para participar da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

Esses fatos acontecem quando o Irã está submetido à intensa pressão internacional por causa da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos, condenada à morte por apedrejamento por acusação de adultério e planejamento de homicídio. A pena por ora foi suspensa pela Justiça.

Fontes: Último Segundo - AP - REUTERS - AFP

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