FHC afirma que Lula virou um chefe de facção

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta terça-feira que o atual ocupante do cargo, Luiz Inácio Lula da Silva, virou um militante e um chefe de uma facção.

Fernando Henrique Cardoso afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, virou um militante e chefe de uma facção/Andrés Cristaldo /Efe

"Isto extrapola o limite do estado de direito democrático", disse FHC em entrevista com militantes do partido transmitida pela internet. Em cerca de 45 minutos, ele passou a maior parte do diálogo criticando Lula.

FHC chegou a citar o ex-ditador italiano Benito Mussolini (1883-1945). "Faltou quem freasse o Mussolini. Alguém tem que parar o Lula."

O ex-presidente também classificou de abuso de poder político e autoritarismo uma declaração feita por Lula, ontem em Santa Catarina, de que é preciso "extirpar" o DEM, ex-PFL, da política brasileira.

"É uma forma incorreta, o presidente da República não pode ser expressar dessa forma", disse.

Segundo ele, por conta dessa declaração poderia haver uma consulta ao STF (Supremo Tribunal Federal).


"Para o equilíbrio dos poderes. O presidente está extrapolando o poder político."

FHC também reclamou do fato de Lula sempre criticá-lo. "O presidente Lula perdeu de mim e ele não engoliu até hoje", disse.

O ex-presidente fez ainda mea culpa ao dizer que seu governo e o PSDB erraram na comunicação. "Se alguma coisa que nós fizemos timidamente foi a comunicação."

Ele criticou a forma como Dilma Rousseff (PT) se comunica e afirmou que um presidente deve saber como dialogar com o povo. "Eu não sei se ela tem algum estilo, talvez tenha nenhum", disse.

Em alguns momentos da entrevista, FHC elogiou José Serra (PSDB) e disse que ele foi um bom ministro da Saúde.

EXTIRPAR

A declaração de Lula em Santa Catarina gerou críticas do DEM.

O presidente emérito do DEM, Jorge Bornhausen, atribuiu os ataques do presidente Lula à ingestão de bebidas alcoólicas antes de comícios.


"Aconselho o presidente Lula a não faltar com a verdade, a não inaugurar obras inacabadas e a não ingerir bebida alcoólica antes dos comícios", afirmou o ex-senador à Folha. "É uma manifestação chavista, incompatível com a democracia."

No discurso de ontem, Lula falou que o DEM "alimentou ódio", em referência a uma frase dita por Bornhausen em 2005, durante o escândalo do mensalão. À época, o dirigente do DEM comentou: "Estaremos livres dessa raça pelos próximos 30 anos".

O petista disse ainda que "já sabemos quem são os Bornhausen. Eles não podem vir disfarçados carneiros. Já conhecemos as histórias deles".

Logo após o comício em Joinville (SC), o líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen (SC), filho de Jorge, disse em nota que o presidente, para pronunciar o nome dos Bornhausen dentro de Santa Catarina, "tem que estar são e lavar a boca antes".

O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), disse que Lula agiu de forma "desequilibrada" e "autoritária". "O caminho para extirpar o adversário é na linha da Alemanha nazista. O presidente age de forma autoritária ao invés de deixar o eleitor decidir. Ele teve coragem, numa forma absurda, de sugerir isso em um momento eleitoral."

Maia disse que o DEM não pretende ingressar com ações judiciais contra Lula porque a relação com o presidente é política. "Temos certeza que esse é o caminho para a democracia. Pena que o presidente não ache isso. Veja do que é capaz um líder, mesmo com altas popularidades."

Pai de Rodrigo, o candidato ao Senado pelo Rio, César Maia, adotou o mesmo discurso contra Lula. "Essa é uma expressão muito comum entre os nazistas contra os judeus, extirpar os judeus. Hitler dizia isso cada vez que ia ao palanque", atacou.


"Lula, PT e Dilma deviam se preocupar em extirpar mensaleiros, sanguessugas que, depois de saquearem o dinheiro público, continuam no governo", afirmou o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), em sua página no Twitter.

O deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) disse que a frase de Lula veio em um "bom momento" para mostrar à população brasileira os riscos da manutenção do PT no poder. "Está nascendo um déspota. Ele demonstra o viés antidemocrático do governo para o qual o Brasil está caminhando. Espero que a frase sirva de advertência para o povo brasileiro de que esse é o caminho de um partido cínico."


Dilma defende fala de Lula sobre o DEM como 'sobrevivente do processo de extermínio'

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff (PT), saiu em defesa nesta terça-feira da declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que é "preciso extirpar o DEM" e afirmou que é "sobrevivente do processo de extermínio" pregado pelo ex-presidente do partido Jorge Bornhausen.

Dilma disse que, depois da fala de Bornhausen de que o país ficaria "livre dessa raça [PT]" em 2005 após o escândalo do mensalão, os democratas não têm autoridade para rebater os ataques de Lula.


"Para quem falou que ia acabar com a minha raça, porque eu sou do PT, porque eu sou uma sobrevivente do processo de extermínio, não dá para [se] queixar de nada."

Dilma disse que Lula, ao afirmar que é preciso "extirpar" o DEM do país, não teve como objetivo propor o fim da oposição. "Nós estamos falando em luta política, estamos falando que ganharemos no voto. É completamente diferente do que queriam fazer com a gente. Eles queriam ganhar da gente no golpe. Nós não, vamos ganhar no voto."

A candidata disse que, sair vitoriosa em outubro, quem vai "ganhar" são os brasileiros. "Não sou eu que vou ganhar deles. São todos os brasileiros e brasileiras que vão ganhar deles e mais os governadores, os senadores desses 27 Estados."

Fonte: FOLHA/DANIEL RONCAGLIA e MÁRCIO FALCÃO

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails