Correios defendem ex-diretor e dizem que contratos com MTA serão mantidos

O coronel estaria atuando para transformar a MTA na empresa de carga aérea oficial dos Correios após as eleições.
O presidente dos Correios, David José de Mattos, defendeu nesta segunda-feira o diretor de Operações da empresa, Eduardo Artur Rodrigues Silva, que pediu demissão após ter seu nome envolvido nas acusações que derrubaram Erenice Guerra da Casa Civil.

"No tempo em que esteve aqui, ele jamais defendeu os interesses da MTA [Master Top Airlines]. Depois que ele chegou, a empresa foi até desclassificada em uma licitação", afirmou Mattos.

O coronel estaria atuando para transformar a MTA na empresa de carga aérea oficial dos Correios após as eleições. Silva seria ainda o testa de ferro do empresário argentino Alfonso Rey, dono da MTA.

Ele presidiu a empresa até assumir a diretoria da estatal, e disse que pediu demissão por iniciativa própria. "Não sinto mais o prazer do trabalho e do desafio que a função exige e não vou contaminar os excelentes profissionais com quem convivi nestes 48 dias com meu desencanto."

Segundo Silva, sua atuação e de sua filha no mercado de consultoria aeronáutica sempre foram de domínio público.

Mattos afirmou que os contratos dos Correios com a empresa aérea serão mantidos. "A empresa ganhou licitação, não tem porque romper os contratos. A empresa está funcionando regularmente, a Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] dá a licença para ela voar."

Ele explicou que os Correios mantêm quatro contratos com a MTA para a realização de cerca de 100 viagens no período de um ano. O valor total dos contratos é de R$ 59,8 milhões.

Mattos disse que continua na presidência dos Correios. "Eu fui convidado pela ministra [ex-ministra Erenice Guerra] e indicado pelo presidente [Luiz Inácio Lula da Silva]. Enquanto o presidente tiver confiança em mim, enquanto sentirmos que a minha permanência é boa para os Correios, ele é que vai decidir, nós vamos trabalhar. Eu sou um profissional, já trabalhei em todos os governos", avaliou. Segundo ele, ainda não há nomes para substituir o diretor.

MINISTRO

O ministro das Comunicações, José Artur Filardi, a quem a ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) é subordinada, disse que disse que não conhece a situação do diretor, apenas teve conhecimento das informações divulgadas pela imprensa.

"Não conheço ainda isso, só conheço o que vi na imprensa. O que ele tinha me relatado é que a filha dele tinha uma procuração que representava a empresa junto à Anac [Agência Nacional de Aviação Civil]", informou o ministro. Ele disse que ainda não há nomes para ocupar o cargo do diretor.

ORIGEM

A crise na Casa Civil começou com uma negociação envolvendo a MTA e os Correios. Os planos envolviam a compra da empresa aérea pela estatal.

Isso seria possível com a edição de uma medida provisória que transformaria os Correios em uma sociedade anônima, abrindo a possibilidade à empresa pública de ter participação acionária em outras companhias ou criar a sua própria transportadora aérea de cargas.

Vinte dias depois da posse de Silva, a MTA arrematou o contrato de uma das principais linhas dos Correios, a que opera o trecho Manaus-Brasília-São Paulo, com um lance de R$ 44,9 milhões.

A entrada do ex-presidente da MTA na diretoria dos Correios fez ressuscitar os planos então enterrados de aquisição, pela estatal, de uma empresa aérea --no caso a própria MTA.

Fontes: FOLHA - Agência Brasil

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