Países decidem controlar material nuclear sensível num prazo de 4 anos

Decisão foi tomada por 47 países, Brasil inclusive, reunidos nos EUA. Nações também decidiram reforçar medidas contra tráfico de material.



Os líderes de 47 países decidiram nesta terça-feira (13) que todo o material nuclear que pode ser usado para fabricar armas será controlado em um prazo de quatro anos, segundo esboço da declaração final da cúpula sobre segurança nuclear, obtido pelas agências de notícias.

A decisão atende a pedido dos EUA, anfitriões do encontro. O Brasil, representado pelo presidente Lula, participa da cúpula.

O documento reconhece o direito dos países de usarem pacificamente a energia nuclear, mas reafirma a necessidade de cooperação e assistência mútua.

Líderes mundiais posam nesta terça-feira (13) para a foto oficial da cúpula de segurança nuclear em Washington. (Foto: AFP)

No rascunho do documento, também dão apoio específico ao apelo do presidente Barack Obama para guardar "a sete chaves", em quatro anos, todo o material nuclear suscetível de ser utilizado para a construção de armas atômicas.

Isso diz respeito, em particular, ao plutônio e ao urânio altamente enriquecido.

Os líderes recordam que todos têm a responsabilidade coletiva de prevenir que atores estranhos aos estados obtenham a informação ou a tecnologia necessária para preparar armas ou artefatos nucleares.

Isso significa reforçar medidas contra o tráfico de material radioativo, sob responsabilidade da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU.

O mundo conta com reservas mundiais de urânio enriquecido e de plutônio - possíveis ingredientes de uma bomba A - de 1.600 toneladas e 500 toneladas respectivamente.

"Há duas décadas do final da Guerra Fria, nos enfrentamos a uma cruel ironia da história: o risco de um confronto nuclear entre países diminuiu, mas o risco de um ataque nuclear aumentou", disse Obama ao receber os dirigentes no segundo dia de trabalho.

A reunião de cúpula de Washington, celebrada sob estritas medidas de segurança, é a maior de líderes organizada pelos Estados Unidos desde 1945.

O presidente sul-coreano Lee Myung-Bak afirmou que Pyongyang seria convidado ao próximo encontro se se comprometesse a abandonar seu arsenal nuclear; e exortou o regime a retomar as conversações as quais se comprometeu para renunciar à posse da bomba atômica, em troca de uma ajuda econômica e de garantias sobre sua segurança.

O comunicado final do encontro sobre segurança nuclear deve ser publicado oficialmente no final desta tarde, quando está prevista uma entrevista de Obama.

Após a Ucrânia, o Chile e o Canadá na véspera, Obama saudou o compromisso anunciado pelo México de se desembaraçar de seu urânio altamente enriquecido, uma "decisão muito importante" segundo o presidente americano.

Por sua vez, o ministro russo das Relações Exteriores, Sergue¯ Lavrov, afirmou paralelamente à reunião de cúpula que a Rússia prevê dedicar até US$ 2,5 bilhões para suprimir o plutônio de seu programa de defesa.

Como na véspera, Obama prosseguiu seus encontros bilaterais com dirigentes estrangeiros, em particular com o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, e a chanceler alemã, Angela Merkel.

Essas discussões representam a oportunidade de fazer avançar a ideia de sanções contra o regime iraniano, um país suspeito, apesar de suas negativas, de querer se dotar de uma arma atômica, a pretexto de um programa nuclear civil.

Embora o presidente chinês Hu Jintao tenha afirmado que seu país "se opõe com firmeza à proliferação", seu encontro na segunda-feira com Obama em Washington terminou com declarações contraditórias em relação ao Irã.

Os americanos afirmaram que "os dois presidentes estão de acordo para que suas delegações trabalhem, juntas, sobre as sanções" na ONU, enquanto que Pequim assegurou que "a China sempre defendeu o diálogo e a negociação como o melhor meio de encontrar uma solução para o problema".

A China "demonstra bom senso" no processo destinado a fazer com que o Irã renuncie a seu programa nuclear controverso, mas não ficou ainda claro se participará das sanções, resumiu nesta terça-feira a chanceler Angela Merkel.

Fontes: G1- TV Globo - Agências 

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