Situação econômica na Espanha e Portugal desperta temor na zona do euro

Portugal e Espanha em situação difícil

A preocupação com a situação das finanças públicas da Espanha e Portugal intensificou-se nesta quinta-feira, com a Bolsa de Madri afundando mais de 5%, em meio a advertências do FMI sobre o alcance de uma crise que suscita temores de um cenário como o da Grécia.

A incerteza também incluía Portugal, nova "presa" dos mercados, segundo o ministro português das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, que denunciou o comportamento "irracional" dos investidores. A Bolsa de Lisboa despencou 4,98%, com o índice PSI-20 fechando a 7.442,99 pontos.

Tanto a Espanha como Portugal têm graves problemas orçamentários, como uma dívida e um deficit públicos em forte alta, o que faz muitos identificarem semelhanças entre sua situação e a da Grécia, que já vem preocupando a zona do euro há várias semanas.

A crise "é muito forte" na Espanha, que deve fazer um "esforço considerável" para reduzir o deficit público, afirmou nesta quinta-feira o diretor geral do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, que comparou a situação com a atravessada pelos Estados Unidos.

O índice Ibex 35 da Bolsa de Madri fechou em forte queda de 5,94%, a 10.241,7 pontos, neste contexto de temor pelas finanças públicas espanholas, aos quais se somam os indicadores ruins norte-americanos.

A queda foi alimentada por rumores de uma possível piora na perspectiva da economia espanhola por parte de uma das grandes agências de classificação, Moody's ou Fitch. A outra grande agência internacional, a Standard & Poor's, já havia se pronunciado negativamente em dezembro.

Nesta quinta-feira, a Espanha realizou uma emissão de bônus para três anos, a uma taxa média de 2,61%, quando para a emissão anterior de bônus do mesmo tipo, no dia 3 de dezembro, a taxa era de 2,13%.

A Espanha, duramente castigada por uma profunda recessão econômica e pela explosão de sua bolha imobiliária, viu suas finanças públicas se degradarem a uma velocidade vertiginosa a partir de 2007, corroendo a imagem da economia nacional.

O desemprego atingiu 18,83% da população economicamente ativa no final de 2009, quase o dobro do da zona do euro.

As autoridades de Madri multiplicaram os gestos para tentar tranquilizar o mercado e, na sexta-feira passada, anunciaram um plano de austeridade de 50 bilhões de euros para tentar reduzir o deficit público de 11,4% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2009 para 3% em 2013.

A dívida pública da Espanha, que representava apenas 36,2% de seu PIB, aumentou até superar 60% em 2010.

Quanto a Portugal, o ministro Teixeira dos Santos disse que os investidores apontam agora para seu país, depois de terem se concentrado na Grécia.

"Os investidores estavam muito voltados para uma presa, a Grécia, que parece ter se livrado deles. Agora eles se voltam para outra (presa), para nós", declarou o ministro, após a forte queda das obrigações do Estado português.

Diante desta grave situação que afeta cada vez mais membros da zona do euro (integrada por 16 países da União Europeia), o euro ficou nesta quinta-feira abaixo de US$ 1,38 pela primeira vez desde junho de 2009.

O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, pediu nesta quinta-feira aos países membros da zona do euro que busquem estratégias para controlar seus deficit.

Já o presidente do fórum de ministros de Finanças do espaço da moeda única, Jean-Claude Juncker, afirmou também nesta quinta-feira que Espanha e Portugal, em meio a sérias dificuldades orçamentárias, não representam "risco" para a estabilidade da zona do euro.

Fontes: FOLHA - France Presse

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