O governo do Haiti elevou o número de mortes do terremoto de 12 de janeiro para 230 mil e afirmou que outros corpos ainda não foram contados. O novo dado iguala os números da tragédia haitiana aos mortos no tsunami de 2004 na Ásia.
Em 24 de janeiro, o governo havia estimado em 150 mil o número de mortos, aparentemente contando os corpos recuperados dos escombros dos edifícios derrubados em Porto Príncipe, a capital próxima ao epicentro do terremoto de magnitude 7. Depois o número foi passado para 212 mil.
A ministra das Comunicações, Marie-Laurence Jocelyn Lassegue, disse nesta terça-feira, que o governo conta agora 230 mil mortes.
Mas ela diz que o dado não é definitivo. Segundo a ministra, a contagem não inclui corpos enterrados por casas funerárias privadas em cemitérios privados nem os mortos enterrados por suas próprias famílias.
O terremoto devastou Porto Príncipe e localidades vizinhas, deixando centenas de milhares de desabrigados e levando ao colapso da infraestrutura do país que já era o mais pobre do hemisfério ocidental.
Nesta terça-feira, governantes da América do Sul decidiram criar um fundo de aproximadamente US$ 300 milhões para ajudar em médio prazo na reconstrução do país.
A cúpula em Quito, com a presença de 4 dos 12 presidentes do Unasul (União de Nações Sul-Americanas), teve a participação do presidente do Haiti, René Preval, e decidiu promover ações conjuntas para canalizar a ajuda humanitária e impulsionar trabalhos de reconstrução mediante um plano coordenado com o governo haitiano.
Países de todo o mundo enviaram doações em dinheiro, alimentos e remédio, e começam a planejar o que deve ser uma difícil tentativa de reconstrução em um país com instituições democráticas frágeis e problemas relacionados a gangues e ao tráfico de drogas, além de deficiências econômicas e degradação ambiental.
Novas mortes
Enquanto prossegue a contagem dos mortos, médicos haitianos e das equipes internacionais atuam no que está sendo considerado a segunda fase da emergência médica no país, as diarreias, infecções respiratórias agudas e a desnutrição, que começam a matar dezenas de pessoas.
Embora as cerca de 500 mil pessoas abrigadas em acampamentos improvisados tenham sido poupadas de um surto de doença contagiosa, as autoridades de saúde temem epidemias. Eles estão correndo para vacinar 530 mil crianças contra o sarampo, difteria, tétano e coqueluche.
"Ainda é difícil", disse Chris Lewis, coordenador de emergência de saúde para da ONG Save the Children, que até esta terça-feira tinha tratado de 11 mil pessoas em 14 clínicas móveis Porto Príncipe e nas localidades vizinhas de Jacmel e Leogane. "Até o momento, nós estamos fornecendo serviços de salva-vidas. O que gostaria de fazer é passar a oferecer cuidados de qualidade e de longo prazo, mas nós não chegamos nisso ainda."
O número de mortes não diretamente causadas pelo terremoto não é claro. Funcionários da ONU (Organização das Nações Unidas), que mantêm uma força de estabilização no país há cinco anos, estão começando uma pesquisa entre os mais de 200 grupos internacionais de ajuda médica trabalhando em 91 hospitais --a maioria deles só grupos de tendas-- para compilar os dados.
Cerca de 300 mil pessoas ficaram feridas em consequência do terremoto.
Fontes: FOLHA - AP - Reuters
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