Líder supremo do Irã critica presença militar dos EUA no golfo

Arte/Folha Online
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, criticou nesta sexta-feira a presença militar americana no golfo, dizendo que, com tal atitude, Washington tenta intimidar os vizinhos árabes do Irã.

Ele deu as declarações após visitar o destróier Jamaran --embarcação com capacidade para até 120 tripulantes e armada com mísseis terra-ar, torpedos e canhões navais-- que foi inaugurado nesta sexta-feira. Segundo a TV estatal iraniana, o navio de guerra é o primeiro produzido domesticamente, e representa um grande passo para a indústria naval iraniana.

Khamenei disse ainda que os EUA e Israel pretendem causar divisão entre o Irã e os países árabes da região. "Os EUA e o regime sionista [Israel] tentam acelerar a divisões e distrair a atenção das nações islâmicas dos maiores inimigos do mundo muçulmanos, eles mesmos".

O líder iraniano também afirmou que a presença de forças estrangeiras no golfo Pérsico "atrapalha a segurança da região", mas que os EUA "não conseguirão alcançar suas metas".

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, visitou hoje o destróier Jamaran

Autoridades militares americanas anunciaram, na semana passada, que iriam destacar mais navios para a região do golfo, com a capacidade de destruir mísseis durante seu trajeto. O sistema supostamente visaria deter um eventual ataque com mísseis vindo do Irã.

No discurso, Khamenei negou que seu país busque produzir armas nucleares. "As acusações do Ocidente são falsas, porque nossas crenças religiosas nos impedem de usar tais armas (...). Nós não acreditamos em armas nucleares e não temos a intenção de construi-las"

Para ele, as acusações feitas pelo presidente americano, Barack Obama, e outras autoridades americanas são "frutos do ódio". "Repetir absurdos sobre a construção de armas nucleares pelo Irã mostra que os inimigos recorrem à propaganda para evitar seu fracasso".

Relatório

O representante do Irã na AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), Ali Asghar Soltanieh, considerou "infundadas" as suspeitas de que seu país esteja fabricando uma bomba atômica, descritas no relatório da ONU que teve trechos revelados ontem, informa a agência iraniana Fars.

Em seu primeiro relatório aos ministros da agência da ONU, o diretor geral da AIEA, Yukiya Amano, se mostrou preocupado com a possibilidade do Irã desenvolver ogivas nucleares.

Soltanieh disse que os documentos citados no relatório da AIEA são "inventados". "Eu disse, em muitas ocasiões, que vimos esses documentos e nenhum deles tinha selos confidenciais ou secretos", disse ele. "Assim, fica claro que todos os documentos foram inventados e são infundados, não têm nenhuma validade".

O Irã, a despeito das acusações das potências mundiais, afirma que seu programa nuclear tem fins civis. O país anunciou, na semana passada, que havia passado a enriquecer urânio até um grau de pureza de 20%, para uso em um reator de pesquisas médicas. Até então, o país enriquecia urânio apenas até 3,5%. Para a fabricação de armas nucleares, é preciso uma pureza de cerca de 90%.

O relatório, que será avaliado em um encontro entre os próximos dias 1º e 5 de março pelos 35 países que formam a direção da AIEA, apontou que, com o passar do tempo, fica mais difícil obter informações sobre o programa nuclear iraniano, e que, portanto, é essencial que Teerã coopere rapidamente com os investigadores da agência.


Fontes: FOLHA - Agências

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