Trabalho escravo faz BNDES suspender empréstimos à Cosan

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) decidiu suspender todas as operações com a Cosan, gigante do setor sucroalcooleiro, incluída na lista suja do Ministério do Trabalho.

De acordo com o banco, a medida tem caráter preventivo e a concessão de financiamento só ocorrerá após a Cosan sair do cadastro que lista empresas que mantém trabalhadores em situação análoga à de escravos. "A celebração de novos contratos com o BNDES fica condicionada à exclusão da companhia do referido cadastro", informou o banco em nota.

A Cosan havia obtido crédito de R$ 635,7 milhões junto ao BNDES em junho do ano passado. O dinheiro foi direcionado para a construção da usina de produção de álcool combustível em Jataí (GO). Com capacidade para processar até 4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra, a usina está sendo finalizada e encontra-se em fase experimental de operação, e deve passar a produzir em escala comercial ainda neste semestre.

Apesar de aprovado, o dinheiro ainda não foi liberado pelo banco. Segundo o BNDES, as liberações referentes a contratos já firmados dependerão de avaliação sobre as medidas que a Cosan adotará para ser excluída da lista suja do Ministério do Trabalho.

A Cosan foi incluída na lista no último dia 31 de dezembro, após 42 trabalhadores terem sido resgatados da usina Junqueira, em Igarapava, extremo norte de São Paulo. A gigante do setor sucroalcooleiro alega que a empresa José Luiz Bispo Colheita - ME, que prestava serviços na usina, era responsável pelos trabalhadores, e que assim que tomou conhecimento do fato, a exclui da sua lista de fornecedores.

"A Cosan adotou prontamente diversas providências, dentre as quais o pagamento de todas as despesas necessárias à regularização de tais trabalhadores", informou a companhia.

As explicações não foram suficientes, e a inclusão na lista não permite mais recursos. A empresa disse estar surpresa com sua inclusão na lista do Ministério do Trabalho, ato que considerou "abusivo e intempestivo".

O comunicado informa que a Cosan adotará as medidas necessárias para regularizar sua situação. A companhia não quis comentar a suspensão das operações com o BNDES.

Principal empresa do setor sucroalcooleiro, a Cosan concentra sua atuação em São Paulo, onde detém 21 usinas em todo o Estado. Atualmente, constrói outras duas, em Jataí (GO) e Caarapó (MS).

Produtora de açúcar e álcool, a Cosan entrou no mercado de distribuição de combustíveis e lubrificantes em 2008, quando comprou os ativos da Esso por US$ 826 milhões. Foram adquiridos 1.500 postos de combustíveis e quatro unidades de distribuição.

Fonte: FOLHA/CIRILO JUNIOR

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