Vencedora do prêmio Nobel da paz em 2003, Shirin Ebadi diz que sua irmã foi presa para pressioná-la.
TEERÃ - A militante iraniana pelos direitos humanos e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 2003, Shirin Ebadi, disse nesta terça-feira que sua irmã foi presa pelo serviço de inteligência do Irã.
Em uma declaração publicada no site da oposição Rahesabz, Shirin disse que Nooshin Ebadi foi detida na segunda-feira às nove horas da noite, horário local, em sua casa, em Teerã, por quatro agentes da inteligência.
"Não sei onde está detida ou a razão para sua prisão", disse Shirin Ebadi.
A Prêmio Nobel acredita que a irmã, uma acadêmica, foi detida como forma de pressionar Shirin a suspender suas atividades na defesa dos direitos humanos no Irã.
"Nos últimos dois meses, minha irmã foi convocada pelo Ministério da Inteligência várias vezes e ordenada a me convencer a desistir das minhas atividades pelos direitos humanos. Ela também foi ordenada a se mudar de sua casa, que fica perto do meu apartamento, e eles ameaçaram prendê-la."
"Minha irmã não está envolvida em qualquer atividade social, de direitos humanos ou política", ela acrescentou.
Três jornalistas e uma militante pelos direitos das mulheres também foram detidos, assim como várias personalidades importantes da oposição, dizem fontes oposicionistas.
'Besteiras'
Também nesta terça-feira, Teerã rejeitou pedidos da comunidade internacional para que suspenda a repressão de manifestantes de oposição no país.
O Irã vem sendo palco de protestos diários de oposicionistas desde a morte, no dia 19, de um dos principais clérigos dissidentes do Irã, Hoseyn Ali Montazeri, e as forças de segurança do país têm entrado em confronto com os manifestantes.
"A Grã-Bretanha vai receber um soco na boca se não parar com essas besteiras", disse o ministro das Relações Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki, em resposta às críticas do seu equivalente britânico, David Miliband.
O governo iraniano disse que os protestos violentos da oposição realizados no país no domingo, em que pelo menos oito pessoas morreram, foram fomentados pelo ocidente.
Políticos governistas estão exigindo "punição máxima" para os envolvidos.
Protestos são 'farsa' apoiada pelo Ocidente, diz Ahmadinejad
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, classificou nesta terça-feira, 29, de "farsa nauseante" apoiada pelo ocidente as manifestações da oposição no país, que deixaram pelo menos oito mortos no domingo.
"Os iranianos têm visto muitos destes jogos. Americanos e sionistas são a audiência deste espetáculo que eles encomendaram e venderam", disse ele, segundo a agência de notícias estatal IRNA. "Uma farsa nauseante está sendo encenada", completou. O Irã acusa as nações ocidentais de se aliarem à oposição para tentar prejudicar o Estado islâmico.
Ameaça ao Reino Unido
O embaixador britânico em Teerã foi repreendido pelo governo do país, que afirmou que a Grã-Bretanha estaria intrometendo-se em assuntos de Estado. "Se a Grã-Bretanha não parar de falar coisas sem sentido, levará um soco na boca", disse o ministro das Relações Exteriores, Manouchehr Mottaki.
Ontem. o presidente americano, Barack Obama, condenou prisão de ativistas de oposição no país. No mesmo dia, o chanceler britânico, David Miliband, elogiou a "grande coragem" dos manifestantes e classificou de "perturbadores" os relatos de que as forças de segurança iranianas haviam reprimido os protestos violentamente.
Fontes: FOLHA - BBC
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