Funeral de aiatolá dissidente vira protesto e acaba em violência no Irã

De acordo com sites de notícias locais, houve confrontos entre os civis que participavam do funeral e policiais.

Opositores do aiatolá dissidente reformista Hossein Ali Montazeri interromperam seu funeral em Qom nesta segunda-feira, causando tumulto em meio a manifestações que atraíram milhares de pessoas, e durante as quais tiros foram disparados, informou a imprensa local. Uma multidão foi às ruas da cidade sagrada para atender ao funeral.

"Cerca de 2.000 oponentes de Montazeri chegaram à mesquita em Azam e interromperam o serviço", informou o site Ayande. Como resultado, o funeral terminou antes do previsto, de acordo com o site, que disse ainda que forças de segurança "não tomaram as medidas necessárias para impedir que os homens entrassem na mesquita e sabotassem o evento".


Imagem aéra mostra multidão que foi às ruas da cidade sagrada de Qom para o funeral de aiatolá dissidente

De acordo com sites de notícias locais, houve confrontos entre os civis que participavam do funeral e policiais. Tiros de advertência teriam sido ouvidos durante o enterro do aiatolá.

O carro do líder da oposição, Mirhossein Mousavi, também foi atacado por um grupo de homens em motocicletas quando ele retornava a Teerã após o funeral em Qom, que fica a 125 quilômetros da capital iraniana. Um integrante de sua comitiva ficou ferido na ação.

Segundo o site reformista Kaleme, a janela traseira do carro de Mousavi foi quebrada no ataque. "Na volta de Qom a Teerã, por volta do meio-dia (...), um grupo de homens em motocicletas atacou o veículo que transportava Mousavi, ferindo um membro de sua equipe".

"Os agressores quebraram a janela de trás do carro e um de seus homens também se feriu", informou ainda o Kaleme.

Anteriormente, o site reformista Norooz havia dito que as forças de segurança entraram em confronto com manifestantes que atiravam pedras, perto da casa de Montazeri.

As informações não puderam ser confirmados de forma independente porque a mídia estrangeira foi proibida de cobrir diretamente o funeral, e foi orientada a não viajar para Qom.

Oposição

"Ditador" é o termo com o qual os manifestantes se referiram a Ahmadinejad desde sua controversa reeleição, em 12 de junho.

Ele foi reeleito com cerca de 63% dos votos contra 34% do candidato da oposição, Mousavi.

A votação foi seguida por semanas de fortes protestos da oposição por fraude. Os protestos, enfrentados com violência pela polícia e a milícia Basij, ligada à Guarda Revolucionária, deixaram ao menos 20 mortos, dezenas de feridos e cerca de 2.000 presos.

A oposição chegou a denunciar abusos nos presídios contra os opositores, mas a acusação foi rejeitada por Teerã.

O Conselho dos Guardiães, órgão responsável por ratificar o resultado do pleito, aceitou fazer uma recontagem parcial dos votos para acalmar a oposição, mas confirmou a reeleição de Ahmadinejad depois de afirmar que a fraude em cerca de 3 milhões de votos "não era suficiente para mudar o resultado das urnas".

Ali Khamenei, líder supremo do Irã, endossou a vitória de Ahmadinejad.

Morte

Montazeri, que morreu na noite de sábado aos 87 anos, vítima de ataque cardíaco, era considerado o patrono espiritual do movimento oposicionista que se consolidou depois da polêmica eleição presidencial de junho.

Teólogo respeitado, foi um dos líderes da revolução islâmica de 1979 e um dos idealizadores da Constituição da República Islâmica. Considerado o membro da corrente mais liberal e progressista do clero, manifestou oposição ao endurecimento progressivo do regime contra os opositores.

A morte do clérigo ocorreu em um momento tenso, no qual o governo tenta impedir que a celebração xiita da Ashura, no próximo domingo (27), seja usada pelos manifestantes para amplificar seus protestos.

Ashura é neto do profeta Maomé e morreu em uma batalha no século 7, fato que selou o cisma entre sunitas e xiitas.

A Ashura, ocasião importante do calendário xiita, também coincidirá com o sétimo dia de luto por Montazeri, de modo que será difícil para as autoridades tirar as pessoas das ruas.


Multidão protesta e confronta polícia no enterro de aiatolá reformista no Irã

Uma grande multidão acompanhou nesta segunda-feira o enterro do aiatolá reformista dissidente Hossein Ali Montazeri na cidade sagrada de Qom, cem quilômetros ao sul da capital do Irã, Teerã. A cerimônia foi marcada por protestos da oposição e confrontos com a polícia.

Os incidentes aconteceram quando policiais tentaram dispersar as pessoas que gritavam frases hostis ao governo. Os opositores lançaram pedras nos agentes, segundo o site da oposição Kaleme.org.


"A polícia agrediu pessoas que estavam gritando frases diante da casa do aiatolá, e as pessoas jogaram pedras nos oficiais", afirma uma nota do portal.


Apoiadores da oposição no Irã protestam contra o governo no funeral do aiatolá dissidente Ali Montazeri/Reuters

A imprensa estrangeira não foi autorizada a cobrir o funeral de Montazeri, que morreu no último sábado (19), aos 87 anos. Ele chegou a ser o sucessor designado do aiatolá Khomeini, fundador em 1979 da República Islâmica e Guia Supremo do país, antes de se tornar uma das principais figuras da oposição.

Teólogo respeitado, foi um dos líderes da revolução islâmica de 1979 e um dos idealizadores da Constituição da República Islâmica. Considerado o membro da corrente mais liberal e progressista do clero, manifestou oposição ao endurecimento progressivo do regime contra os opositores.

Dezenas de milhares de partidários do aiatolá e de opositores acompanharam o corpo até o mausoléu de Masoumeh, importante santuário do islã xiita iraniano, onde ele foi sepultado.

Os incidentes aconteceram ao fim do funeral, que se tornou um ato de protesto político, segundo os sites da oposição.

Há semanas, os opositores retomaram os distúrbios políticos que marcaram a contestada reeleição de Ahmadinejad. As forças de segurança alertam que não terão "misericórdia" com os opositores, ameaça que parece não diminuir os protestos.

O governo tenta ainda evitar a organização da oposição, ao desligar o serviço de celular e deixar a internet --já censurada-- lenta ou completamente parada. A oposição conta principalmente com mensagens de texto e site de relacionamento para se comunicar.

Modelo

Os líderes da oposição, Mir Hossein Mousavi e Mehdi Karoubi, presentes na cerimônia, convocaram um dia de "luto público" e pediram a participação popular no funeral.

Mousavi pediu ainda para os iranianos seguirem o modelo de Montazeri, uma das figuras mais importantes da dissidência.

"A existência de pessoas como o aiatolá Montazeri é uma prova para a juventude, para que possa crer que existem clérigos conscientes que respondem a suas necessidades, com uma visão mais profunda da realidade", disse Mousavi em uma carta de pêsames ao filho do dissidente.

"Montazeri não está morto, quem está morto é o governo", gritava a multidão, que usava lenços e outras peças verdes, em sinal de adesão à oposição ao presidente Mahmoud Ahmadinejad.

Os participantes gritaram ainda várias frases hostil ao "ditador", como os manifestantes chamam Ahmadinejad desde sua questionada reeleição em 12 de junho.

O ultraconservador Ahmadinejad foi reeleito com cerca de 63% dos votos contra 34% do principal candidato da oposição, Mousavi.

A votação foi seguida por semanas de fortes protestos da oposição por fraude. Os protestos, enfrentados com violência pela polícia e a milícia Basij, ligada à Guarda Revolucionária, deixaram ao menos 20 mortos, dezenas de feridos e cerca de 2.000 presos.

A oposição chegou a denunciar abusos nos presídios contra os opositores, mas a acusação foi rejeitada por Teerã

O Conselho dos Guardiães do Irã, órgão responsável por ratificar o resultado do pleito, aceitou fazer uma recontagem parcial dos votos para acalmar a oposição, mas confirmou a reeleição de Ahmadinejad depois de afirmar que a fraude em cerca de 3 milhões de votos não era suficiente para mudar o resultado das urnas. Khamenei endossou a vitória de Ahmadinejad.



Fontes: FOLHA - Agências

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