Avião Hércules C-130 da FAB se prepara para decolar, com UTI móvel, rumo ao Suriname, de onde resgatará brasileiros atacados/Wilson Dias/ABr
O avião que decolou nesta quarta-feira rumo a Paramaribo, capital do Suriname, vai trazer de volta ao país 33 brasileiros que desejam deixar a região onde "marrons" -- surinameses descendentes de quilombolas-- atacaram garimpeiros na noite de quinta-feira (24). O Hércules C-130 da FAB (Força Aérea Brasileira) vai levar a Belém (PA) alguns brasileiros vítimas do ataque, incluindo feridos, segundo a Embaixada do Brasil em Paramaribo.
De acordo com o Ministério de Relações Exteriores, o avião trará ao Brasil todos aqueles que estiverem interessados em deixar o Suriname. Por enquanto, há cinco pessoas que estão em tratamento hospitalar --incluindo um homem com risco de amputação de um braço devido aos cortes de facão e outro com ferimentos graves na mandíbula.
O avião viaja equipado com uma UTI móvel, médicos, enfermeiros e auxiliares. O trajeto de Brasília a Paramaribo dura em média cinco horas. Já o trajeto do Suriname para Belém leva duas horas e meia, aproximadamente. A expectativa do Ministério das Relações Exteriores é que a aeronave chegue a Belém em torno da meia-noite de hoje. O avião deve decolar de Paramaribo às 18h30, hora local (19h30 no horário de Brasília).
Segundo diplomatas, em geral, os brasileiros resistem em deixar o Suriname mesmo depois do confronto em Albina. Retirados de Albina, por questão de segurança, eles estão abrigados em hotéis de Paramaribo --Confort, Esmeralda, Nobre e Perola-- com despesas pagas pelo governo do Brasil. Outros estão em casas de amigos, na mesma região.
Nesta quarta-feira, a Embaixada do Brasil em Paramaribo divulgou uma lista com nomes de 124 brasileiros que estavam na região de Albina, no dia do crime.
Uma das principais dificuldades do MRE é que a maioria dos cerca de 15 mil dos brasileiros que estão no Suriname é ilegal e não dispõe de documentação.
Conforme testemunhas, quilombolas surinameses atacaram cerca de 200 brasileiros e outros estrangeiros --como chineses e javaneses-- que viviam na região de Albina, na noite de Natal. A maioria das vítimas é ligada ao garimpo ilegal. Os "marrons" estavam revoltados com a morte de um surinamês, atribuída a um brasileiro. Pelo menos 25 ficaram feridos no ataque. Houve também agressões físicas, estupros e depredações.
Nesta terça-feira (29), o MRE confirmou que brasileiras foram estupradas durante o ataque em Albina. O total de mulheres violentadas está entre dez e 20 e inclui estrangeiras, conforme o ministério.
Não há registro oficial de mortes, e o governo brasileiro pede cautela na definição sobre um número de desaparecidos.
O padre José Virgílio da Silva, que dirige a rádio Katólica e deu assistência aos brasileiros vítimas do ataque, afirmou que há pelo menos sete desaparecidos --inclusive brasileiros. De acordo com relatos de brasileiros que moram no Suriname, quilombolas surinameses teriam matado e jogado os corpos das vítimas nos rios e matas da região.
Nesta terça-feira, o MRE esclareceu que não nega a existência de desaparecidos, mas ressaltou que é comum, para aqueles que vivem na região de Albina e trabalham em garimpos no interior do Suriname e da Guiana Francesa, passar "semanas na floresta", sem comunicação. "Por esse motivo, é necessário aguardar antes de considerar 'desaparecido' qualquer desses cidadãos", afirmou o MRE, em comunicado.
Fonte: FOLHA/ GABRIELA GUERREIRO
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