Meta chinesa de redução de emissões é bem recebida

País anunciou redução voluntária entre 40% e 45% na emissão de CO2.
Corte anunciado pelos Estados Uniodos também foi saudado.

O anúncio da meta do governo chinês de redução voluntária entre 40% e 45% na emissão de dióxido de carbono (CO2) por unidade de PIB em 2020, comparando os níveis de 2005 foi bem recebido pela comunidade internacional. O compromisso foi assumido nesta quinta-feira (26) como preparação para a Conferência do Clima em Copenhague, em dezembro.

A organização ambientalista WWF comemorou o anuncio e a confrimação de presença do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, na cúpula sobre o clima. "O anúncio de que Wen Jiabao irá à cúpula de Copenhague no próximo mês é uma grande contribuição para que se alcance um acordo ambicioso", destacou, em comunicado, o principal responsável de temas climáticos da WWF China, Hou Yanli.

Já a organização ambientalista Greenpeace deu as boas-vindas ao anúncio de que a China reduzirá sua intensidade de carbono (emissão de CO2 por unidade de PIB) entre 40% e 45%, mas afirmou que o país "precisa de medidas mais fortes para fazer frente à mudança climática".

"É um anúncio muito significativo e ocorre em um momento muito importante, mas a China poderia fazer mais", afirmou em comunicado Yang Ailun, responsável do departamento de clima da delegação do Greenpeace no país asiático.

Segundo Yang, a China precisa dar passos mais contundentes, "dada a urgência e a magnitude da crise" colocada pela mudança climática.

Dinamarca

Em Copenhague, o primeiro-ministro dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen, disse hoje, em comunicado, que a confirmação de que o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, liderará a delegação da China na cúpula sobre o clima em Copenhague mostra a vontade deste país de conseguir um acordo na capital dinamarquesa.

"A China foi um colaborador muito ativo e construtivo nas negociações internacionais prévias à conferência, e acaba de apresentar uma série de medidas concretas para reduzir as emissões do país. Interpreto isso como uma clara demonstração de sua vontade de alcançar um acordo climático ambicioso", disse Rasmussen.

O secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática, Yvo de Boer, também saudou o anúncio de redução de emissões de dióxido de carbono (CO2) dos Estados Unidos, e afirmou que suas propostas podem eliminar os últimos obstáculos para um acordo em Copenhague.

A Casa Branca comunicou na quarta-feira (25) que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, oferecerá durante a próxima cúpula sobre mudança climática em Copenhague reduzir as emissões poluentes de seu país em 17%, frente aos níveis de 2005.

"O compromisso dos EUA com objetivos específicos de redução, a médio prazo, e o compromisso da China com uma ação específica de eficiência energética podem desbloquear as duas últimas portas para alcançar um acordo amplo", afirmou De Boer, em comunicado enviado pela sede da ONU em Bonn (Alemanha).

De Boer afirmou, no entanto, que continua sendo necessária a "ambição e a liderança" para que a cúpula que será realizada de 7 a 18 de dezembro na capital dinamarquesa permita um acordo internacional de redução de emissões poluentes.

Esse novo texto deve substituir o Protocolo de Kioto após este expirar, em 2012.

"Em particular, esperamos ainda clareza por parte dos países industrializados sobre o financiamento em grande escala para que os países em vias de desenvolvimento possam adotar ações climáticas imediatas e a longo prazo", disse.

Anúncio chinês de corte de CO2 é surpreendente, diz criador do termo Bric

A decisão da China de anunciar metas de contenção de emissões de gases-estufa é surpreendente e pode significar que o país vai começar a aceitar uma diminuição no crescimento do seu PIB em nome de uma maior preocupação com a qualidade do desenvolvimento. A avaliação é de Jim O’Neill, criador do termo Bric e diretor de pesquisa do grupo Goldman Sachs, em entrevista ao G1.


O economista britânico Jim O'Neill (no centro), criador do acrônimo BRIC, em foto de arquivo (Foto: AFP)

O acrônimo imaginado por O’Neill reúne Brasil, Rússia, Índia e China, as quatro principais nações emergentes do mundo. O país asiático declarou nesta quinta-feira (26) que vai, “voluntariamente”, reduzir entre 40% e 45% sua emissão de dióxido de carbono (CO2) por unidade de PIB até 2020, na comparação com os níveis de 2005.

Dúvida agora é qual será a reação da Índia

“Passei o dia inteiro analisando o anúncio da China e acho que é uma decisão surpreendente”, afirmou o economista. “Se acreditarmos no que eles estão dizendo, pode mudar o padrão da demanda de longo prazo de petróleo e combustíveis fósseis.”

Em sua avaliação, a dúvida “que fica no ar agora” é qual será a reação da Índia. “Em nossa projeção de longo prazo sobre os BRIC, entre 40% e 50% da demanda de energia do mundo nos próximos 40 anos vêm da Índia e da China.”

Ainda segundo O’Neill, a adoção de energia renovável pela China em larga escala, se confirmada, pode ser um grande estímulo para a economia brasileira, “dada a força do país em energia renovável”.

Fonte: G1/ Daniel Buarque

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