Dubai diz que moratória é necessária para enfrentar "fardo da dívida"

Moratóri da dívida de Dubai agita os mercados mundiais

Etisalat Tower, em Dubai

O governo de Dubai tentou tranquilizar os mercados nesta quinta-feira afirmando que seu pedido de moratória do pagamento da dívida da estatal de investimentos Dubai World é necessário para "encarar o fardo da dívida".

"Entendemos as preocupações do mercado e dos credores", declarou em comunicado o presidente do Comitê fiscal supremo, xeque Ahmed ben Said al Maktum. "Entretanto, tivemos que intervir devido à necessidade de empreender uma ação decisiva para encarar o fardo da dívida."

Vários mercados internacionais fecharam em baixa nesta quinta-feira, no dia seguinte ao anúncio da intenção de Dubai de pedir aos credores de seu conglomerado Dubai World, o maior e mais endividado, que controla o gigante do setor imobiliário Nakheel, uma moratória de seis meses do pagamento da dívida, até maio de 2010.

O anúncio afetou os mercados na Ásia --onde as obrigações islâmicas, conhecidas como Sukuks, recuaram 15% nesta quinta-feira-- e da Europa, onde as principais Bolsas recuaram com a notícia.

Logo após o anúncio, a agência de classificação de risco Moody's baixou a nota de seis importantes companhias do governo de Dubai --um dos emirados que foram os Emirados Árabes Unidos. 'Um reescalonamento da dívida indicaria que o governo está se preparando para permitir que uma empresa ligada a ele não honre suas obrigações', afirmou a Moody's.

O mesmo fez a agência Standard and Poor's, que reduziu a classificação de cinco companhias do emirado, dizendo que o anúncio de quarta-feira representa o fracasso do governo de Dubai em dar apoio financeiro oportuno a uma companhia do primeiro plano.

Mercados se assustam após Dubai admitir incapacidade de pagar dívidas

Os mercados financeiros em todo o mundo se assustaram hoje com o anúncio de que a joia da economia de Dubai (Emirados Árabes Unidos), a empresa de investimentos estatal Dubai World, admitiu a sua incapacidade para honrar obrigações financeiras ao pedir uma moratória da dívida.

"A Dubai World tem a intenção de pedir aos que estão entre os seis credores e aos credores da Najeel que esperem ao menos até 30 de maio de 2010 para o pagamento de dívidas vencidas", afirmou em um comunicado o Fundo de Apoio Financeiro de Dubai, que vigia os efeitos da crise na economia do emirado.

A Najeel, uma das gigantes do setor imobiliário do emirado, que é controlada pela Dubai World, deve pagar em dezembro quase US$ 3,5 bilhões de dívida sob a forma de obrigações islâmicas.

O anúncio do governo de Dubai foi efetuado após o fechamento do mercado financeiro do emirado por um longo fim de semana com a festa muçulmana Aid al Adha, o que não impediu que o valor das obrigações emitidas pela Najeel em 2009 caísse 27%, segundo o banco de investimentos EFG-Hermes. "A última coisa que queremos é um efeito dominó, com o adiamento dos pagamentos da dívidas de outras empresas", destacou o banco em um comunicado.

A dívida total de Dubai foi calculada em US$ 80 bilhões em 2008, dos quais US$ 70 bilhões correspondentes a companhias públicas. A Dubai World ficou com US$ 59 bilhões deste total.


"O mercado havia se acostumado à ideia da dívida de Dubai e esperava um pagamento da dívida da Najeel em dezembro de 2009", declarou o economista Monica Malik, da EFG-Hermes. "As obrigações de Dubai para 2010-2011 já são importantes." Dubai deve pagar US$ 13 bilhões de dívidas em 2010 e US$ 19,5 bilhões em 2011.

Paradoxalmente, o anúncio de Dubai foi feito após a venda de US$ 5 bilhões em bônus do Tesouro do emirado. Dubai indicou que estes bônus não seriam utilizados para apoiar a Dubai World, que deve ser reestruturada pela empresa britânica Deloitte.

Moratória em dívida de fundo de Dubai derruba Bolsas europeias

As Bolsas europeias fecharam em baixa nesta quinta-feira. Os investidores se assustaram com o anúncio de que a empresa de investimentos estatal Dubai World admitiu sua incapacidade para honrar obrigações financeiras.

A Bolsa de Londres caiu 3,18%, indo para 5.194,13 pontos no índice FTSE 100; a Bolsa de Frankfurt perdeu 3,25% no índice DAX, para 5.614,17 pontos; a Bolsa de Zurique teve baixa de 2,16%, indo para 6.283,38 pontos no índice Swiss Market; a Bolsa de Amsterdã fechou com perda de 3,62%, com 306,72 pontos no índice AEX General; e a Bolsa de Madri teve baixa de 2,55%, com 1.217,58 pontos no índice Madrid General.

Além disso, o feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos já sinalizava um dia fraco --que deve se repetir amanhã, uma vez que não há divulgações de indicadores econômicos americanos.

Na Europa devem ser divulgados amanhã indicadores de confiança dos empresários e dos consumidores na economia da zona do euro, além de um índice de atividade no setor varejista.

Fontes: FOLHA - France Presse

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