Cúpula de Copenhague coloca liberdade em risco, diz presidente tcheco

Segundo o presidente tcheco, o aquecimento global é uma doutrina e não ciência

O presidente da República Tcheca, Vaclav Klaus, participou nesta quarta-feira de um evento em São Paulo e criticou duramente a Cúpula Mundial sobre a Mudança Climática de Copenhague como um ato contra a liberdade nacional. Segundo Klaus, que visitou ainda Manaus (AM), os políticos brasileiros têm falsas esperanças de que ganharão alguma compensação para evitar o desmatamento florestal.

"O clima está bem",  disse Klaus, ignorando as dezenas de estudos científicos que apontam o contrário. "O que está em risco? Clima ou a liberdade?", disse. "Não acho que é necessário colocar em risco a liberdade e a prosperidade dos países [pelo aquecimento global]".

Presidente tcheco, Vaclav Klaus, cumprimenta jornalistas ao chegar em Brasília para conversar com o presidente Lula/Eraldo Peres-24nov.09/AP

"Sou 100% contra a cúpula de Copenhague", completou Klaus. "Não precisamos de regra sobre o que consumir, como viver, para onde viajar. Precisamos de um mercado livre, produção livre. Resumindo, precisamos de liberdade e eu acho que ela estará em risco em Copenhague".

Klaus, que conversou nesta segunda-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o tema, disse que não concorda com o colega brasileiro no tema. Lula afirmou que o Brasil vai reduzir em quase 40% as emissões estimadas para 2020. "Acredito que todos os países, especialmente os mais ricos, devem fazer com que a cúpula de Copenhague produza resultados claros e ambiciosos", disse o presidente brasileiro, que não obteve sucesso em convencer Klaus a participar.

Segundo o presidente tcheco, o aquecimento global é uma doutrina e não ciência já que diz não acreditar em um aumento da temperatura de proporções globais ou causado pela ação do homem. "O aquecimento [global] não é único e sem precedentes. Não é resultado da ação do homem, há muitos outros fatores que o influenciam", afirmou o tcheco, sem dar mais detalhes.

Compensação

Klaus disse que os políticos brasileiros tem falsas esperanças sobre os resultados da cúpula de Copenhague. Ele relatou sua visita ao Amazonas e disse que chegou a questionar o porque da ansiedade do governador Eduardo Braga (PMDB) com o resultado da cúpula.

"Ele estava ansioso por Copenhague. Mas eu disse que trará novos custos, novas proibições impostas ao uso da floresta amazônica", disse Klaus, que afirmou ainda ter ouvido como resposta que ao menos o governo será pago pelos países para preservar a área florestal.

"Como economista, eu digo que o mundo não tem dinheiro para enviar ao Amazonas. Parece um entendimento errado da proposta", afirmou.

Autor do livro "Blue Planet in Green Shackles" ("Planeta Azul em Algemas Verdes", sem tradução em português), Klaus defende que há uma "histeria" do aquecimento global criada pelos próprios políticos que aproveitam o tema da mudança climática como escapismo.

"Para os políticos, esta é uma grande descoberta falar algo que só vai acontecer em cem anos. Para eles, é ótimo prometer algo para 2100. Vira uma forma de escapismo. Eles sempre querem escapar e normalmente conseguem algo para uns três anos, mas agora podem focar em esforços que só vão mostrar resultados em cem anos", afirmou Klaus.

Fontes: FOLHA/MÁRCIA SOMAN MORAES

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