A PF (Polícia Federal) em São Paulo ouve na tarde desta segunda-feira o depoimento de Felipe Pradella, um dos principais suspeitos de envolvimento no vazamento da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), na semana passada.
Pradella, que estava desaparecido desde que o caso veio à tona, se apresentou à PF no final da manhã de hoje. Ele ainda era ouvido por volta das 14h30. A PF ainda não deu informações sobre o depoimento.
Funcionário contratado temporariamente pela Cetro, uma das três empresas que compõem o consórcio Connasel --responsável pela elaboração e aplicação do Enem--, Pradella foi admitido para atuar na Plural, gráfica contratada pelo consórcio para imprimir as provas.
A expectativa é que o suspeito seja indiciado. Desde sábado (3), quando prestaram depoimento em São Paulo, o empresário Luciano Rodrigues e o DJ Gregory Camillo de Oliveira Craid passaram a ser investigados por três crimes: violação de sigilo funcional (seis meses a 2 anos de prisão), corrupção passiva (2 a 12 anos) e estelionato (1 a 5 anos).
De acordo com as investigações, Pradella obteve a prova na gráfica e, com o DJ Gregory Camillo de Oliveira Craid --também investigado--, tentou vendê-la a veículos de comunicação por preços que chegaram a R$ 1 milhão. Um amigo do DJ, o empresário Luciano Rodrigues, dono de uma pizzaria nos Jardins, em São Paulo, foi quem fez o contato com o jornal "O Estado de S.Paulo", que denunciou o vazamento.
Apesar de Pradella ter sido contratado pelo consórcio, a empresa nega falhas na segurança e deve entregar hoje um relatório com respostas a vários questionamentos feitos pelo MEC aos procedimentos adotados para o Enem.
Caso haja embasamento jurídico para a rescisão do contrato, o MEC buscará, primeiro, conversar com empresas e entidades para checar se elas têm condições de assumir a aplicação do Enem. Na lista estão a Cespe/UnB, a Cesgranrio e a Fundação Carlos Chagas.
Prova
O ministro Fernando Haddad (Educação) disse ontem que deve anunciar até quarta-feira a nova data de realização do Enem. Haddad descartou, porém, a possibilidade de a prova ser realizada até a primeira quinzena de novembro. 'Isso é impossível', disse.
O ministro se reúne nesta segunda-feira com reitores e representantes estaduais para discutir qual a melhor data para a realização do exame. "A data vai depender da reunião com os reitores, marcada para amanhã, e das universidades. Aí poderemos fazer o fechamento do quadro e a divulgação do calendário e das medidas a serem tomadas", afirmou.
Além do encontro de Haddad com Tarso e com os reitores, representantes do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) se reúnem hoje com representantes do consórcio Connasel para decidir se o governo poderá romper o contrato com os responsáveis pela aplicação e logística do exame.
A área jurídica do Ministério da Educação está avaliando se há possibilidade de rompimento do contrato, uma vez que não houve outras empresas participantes da licitação que escolheu o Connasel para o Enem.
Fonte: FOLHA
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