Mercedes Sosa morre, aos 74 anos, em Buenos Aires

Cantora de 74 anos estava internada em Buenos Aires. Artista teve complicações renais e respiratórias.


A cantora argentina Mercedes Sosa em foto de outubro de 2007. (Foto: AP)

A cantora argentina Mercedes Sosa, de 74 anos, morreu neste domingo (4) em Buenos Aires, segundo o hospital em que ela estava internada.

Ela morreu em consequência de uma doença hepática complicada por problemas respiratórios.

Sosa foi uma das intérpretes mais conhecidas da música regional latino-americana, e a mais famosa artista argentina depois de Carlos Gardel e Astor Piazzolla.



Ela havia sido internada em 18 de setembro, depois de ter sofrido uma complicação renal, mas seu estado piorou nos últimos dias por causa de uma falha cardiorrespiratória.

Assista: Mercedes canta 'Gracias a la vida'



Na sexta-feira (2), um sacerdote a visitou para ministrar o sacramento da extrema unção.

O estado de saúde de Sosa era acompanhado por numerosos artistas, incluindo alguns que a visitaram no hospital, e por fãs, que encheram de mensagens o site oficial da cantora.

'La Negra'

Nascida na cidade de San Miguel de Tucumán em 1935, Sosa teve uma atuação marcante durante a ditadura militar argentina, entre 1976 e 1983 e acabou exilada na Europa.

Apelidada carinhosamente de "La Negra" por causa da cor de sua pele, ela ficou fora de cena por algum tempo anos atrás por um problema de saúde, mas retornou em 2005.

Neste ano, ela lançou um disco em dois volumes denominado "Cantora", em que canta em parceria com artistas como Joan Manuel Serrat, Caetano Veloso e Shakira, razão pela qual estava indicada a três prêmios Grammy Latino.

Veja a discografia da cantora Mercedes Sosa



Mercedes Sosa durante show em Tel Aviv no ano passado; veja outras fotos da cantora

Em mais de 40 anos de carreira, Mercedes Sosa, que morreu hoje, produziu uma extensa discografia. Ela também gravou duetos com artistas brasileiros como Milton Nascimento, Caetano Veloso e Fágner.

Ela também tocou também Jorge Drexler, Fito Páez e Shakira.


Veja a discografia de Mercedes Sosa.

* "Canciones con Fundamento" (1965)

* "Yo no Canto por Cantar" (1966)

* "Hermano" (1966)

* "Para Cantarle a Mi Gente" (1967)

* "Con Sabor a Mercedes Sosa" (1968)

* "Mujeres Argentinas" (1969)

* Navidad con Mercedes Sosa" (1970)

* "El Grito de la Tierra" (1970)

* "Homenaje a Violeta Parra" (1971)

* "Hasta la Victoria" (1972)

* "Cantata Sudamericana" (1972)

* "Traigo un Pueblo en Mi Voz" (1973)

* "Niño de Mañana" (1975)

* "A que Florezca Mi Pueblo" (1975)

* "La Mamancy" (1976)

* "En Dirección del Viento" (1976)

* "O Cio da Terra" (1977)

* "Mercedes Sosa Interpreta a Atahualpa Yupanqui" (1977)

* "Si se Calla el Cantor" (1977)

* "Serenata para la Tierra de Uno" (1979)

* "A Quién Doy" (1980)

* "Gravado ao Vivo no Brasil" (1980)

* "Mercedes Sosa en Argentina" (1982)

* "Mercedes Sosa" (1983)

* "Como un Pájaro Libre" (1983)

* "Recital" (1983)

* "Será Posible el Sur?" (1984)

* "Vengo a Ofrecer Mi Corazón" (1985)

* "Corazón Americano" (1985), com Milton Nascimento e León Gieco

* "Mercedes Sosa '86" (1986)

* "Mercedes Sosa '87" (1987)

* "Gracias a la Vida" (1987)

* "Amigos Míos" (1988)

* "En Vivo en Europa" (1990)

* "De Mí" (1991)

* "30 Años" (1993)

* "Sino" (1993)

* "Gestos de Amor" (1994)

* "Oro" (1995)

* "Escondido en Mi País" (1996)

* "Alta Fidelidad" (1997), com Charly García

* "Al Despertar" (1998)

* "Misa Criolla" (2000)

* "Acústico" (2002)

* "Argentina Quiere Cantar" (2003), com Víctor Heredia e León Gieco

* "Corazón Libre" (2005)


Mercedes Sosa foi a voz da canção de protesto nos anos 70 e 80

A cantora Mercedes Sosa nasceu na cidade argentina de Tucumán, no dia 9 de julho de 1935. Ela morreu hoje, aos 74 anos.

Ela começou a carreira em 1950, aos 15 anos. Ao lado de um grupo de amigas, ela participou de uma competição na rádio local, LV12, de Tucumán, apresentando-se sob o pseudônimo de Gladys Osorio.

Ela ganhou o primeiro prêmio do concurso, um contrato de dois meses para trabalhar na emissora. Por conta de seus grandes e lisos cabelos pretos ganhou o apelido de La Negra.

Na década de 1960, a cantora se envolveu com a música folclórica argentina. Com o marido, Manuel Oscar Matus, gravou seu primeiro disco, "Canciones con Fundamento", em 1965. Neste ano, também gravou a música "Palomita del Valle", no álbum "Romance de la Muerte de Juan Lavalle", de Ernesto Sábato e Eduardo Falú.

Em 1967, passou a ser conhecida nos Estados Unidos e Europa, após se apresentar em Miami, Lisboa, Porto e Roma, entre outras cidades.

Alguns anos depois, gravou com Ariel Ramirez e Felix Luna, a "Cantata Sudamericana" e "Mujeres Argentinas", além de um tributo também à chilena Violeta Parra, no álbum "Homenaje a Violeta Parra".

Militante ativa

Em 1979, um show na cidade de La Plata é interrompido e Mercedes e o público são presos. No mesmo ano, exila-se em Paris e depois se instala em Madri. Ela regressou à Argentina em 1982.

Militante ativa contra a ditadura militar nos anos 70 e 80 --quando se celebrizou como "a voz" da canção de protesto latino-americana--, Sosa apoiou a eleição dos Kirchner recentemente.

Nos últimos anos, antes do agravamento de seu estado de saúde, excursionou por diversos países da América Latina e Europa, se apresentando com grande sucesso. Em 2007, cantou em São Paulo e negou que aquela era sua última vez no Brasil


"De jeito nenhum", disse Sosa à Folha antes do show. "Ainda vou cantar na Europa e quero voltar ao Brasil muitas vezes."

O show realizado há exatos dois anos na Via Funchal, em SP, foi sua despedida por aqui.

Fontes: FOLHA - G1 - Agências

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