Mais 20 médicos pedem demissão do pronto socorro de Cuiabá

Caos no setor da saúde em Cuiabá

Vinte pediatras do Pronto Socorro Municipal de Cuiabá entregaram seus cargos nesta terça-feira, ao prefeito da cidade, Wilson Santos, depois de cumpridos 30 dias de aviso prévio. Na última sexta-feira, 23 cirurgiões do box de atendimento entregaram os cargos. O total de médicos que pediram demissão é de 43.



Os médicos que atendem no pronto socorro reivindicam melhorias na estrutura de trabalho, melhores salários e a saída do secretário municipal de Saúde, Luiz Soares. Nesta terça, outros 14 médicos entregaram pedido de demissão ao prefeito e cumprirão o aviso prévio. Além desses, 27 pediatras da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e Infantil do pronto socorro se reúnem nesta noite para decidir se pedirão demissão.

O Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed-MT) informou que a categoria aguardou na noite de segunda-feira, até as 22h, uma contra-proposta por escrito da prefeitura, o que não ocorreu.

Dirceu Torniolo, médico pediatra do pronto atendimento, reclamou das condições de trabalho. Segundo ele, além da falta de medicamentos, equipamentos estragados que não foram consertados.

"Não temos respirador infantil. Caso ocorra uma emergência é necessário o médico pedir para um funcionário procurar dentro do hospital as peças para montar um. A falta de um respirador causa um risco eminente de morte, porque o ser humano precisa respirar. O que fazemos hoje é utilizar uma bomba de oxigênio, no qual tem que fazer um rodízio de quatro a cinco médicos que precisam apertar a bomba, porque ninguém aguenta ficar apertando por mais de 15 minutos", disse Torniolo.

O presidente do Sindimed-MT, Luis Carlos Alvarenga, disse que ainda não foi notificado, mas a categoria irá cumprir a liminar expedida pela Justiça na última sexta-feira, obrigando o atendimento no pronto socorro em 50%.

"Os profissionais que fazem parte do movimento de paralisação e permanecem no seu trabalho irão cumprir os 50%. Agora sobre os demissionários, a responsabilidade agora no atendimento é com o gestor. Os médicos já cumpriram o aviso prévio de 30 dias e a prefeitura já estava ciente do fato. Eles (a prefeitura de Cuiabá) que tem que colocar um profissional para ficar no lugar", disse Alvarenga.

A dona de casa Juliene Maria Campos, 32 anos, moradora da cidade vizinha de Várzea Grande, que levou a filha de 3 anos para ser atendida no pronto atendimento, desaprovou as demissões. "Olha, não acho bom toda essa demissão. Isso vai ficar difícil é para a população, eles precisam entrar num acordo logo. Ainda bem que a cirurgia da minha filha está marcada em outro hospital", afirmou Juliene Campos.

A reportagem procurou a Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá para comentar as recentes demissões, mas não obteve retorno.


Fonte: Terra

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