Parque da Aclimação festeja 70 anos com atrações variadas

Estão previstos bolo, aulas de ginástica e palestras; local pertenceu a um médico e abrigou até minizoológico

Hoje é dia de festa no Parque da Aclimação, na zona sul de São Paulo, que comemora 70 anos de fundação com uma programação bem agitada, gratuita e aberta aos frequentadores, a partir das 9 horas. Estão previstas aulas de ginásticas, dança, palestras sobre mudanças climáticas e um bolo de aniversário. "Eu me lembro quando ainda era um grande jardim, sem grades, com bichos grandes, como onças, que ficavam em jaulas no mesmo lugar em que depois foi construído o lago", conta Margarida Garcia, de 91 anos, que há 60 mora num sobrado a menos de 100 metros dali.

O parque já passou por várias fases. Quando ainda era propriedade do médico Carlos Botelho, foi usado como uma espécie de "engordadouro" de animais que chegavam de longe. Depois virou um minizoológico. "O jardim chegava na porta de casa", diz Margarida. "As ruas eram de terra e não passava carro." Hoje, rodeado por prédios, e localizado muito próximo do centro da cidade, o Parque da Aclimação tem características muito especiais.



"Quando entro aqui, tenho a sensação de estar fora de São Paulo. O lago me transporta para uma paisagem que não faz parte do meu cotidiano", diz Renato Schoemberger, de 35 anos, frequentador do local há 8. Renato usa o espaço como se fosse uma praça do interior - ora aparece para passear com o cachorro, Balero, um cocker, ora com a mãe e o sobrinho. "A família inteira vem."

Dos 58 parques municipais de São Paulo, o da Aclimação está entre os menores. Tem apenas 112.200 m² de área, um décimo da do Parque do Ibirapuera. E tudo ali - as corridas, caminhadas, exercícios abdominais, paqueras e fofocas - acontece em volta do grande lago. Parece mesmo uma grande praça do interior, onde todos se conhecem, nem que seja de vista.

Muitos nem sabem o nome de Aline Prado, uma designer, de 22 anos, que vai todos os dias com seu golden ao parque para ensiná-lo a correr. Mas as crianças já esperam o cachorro, Troy, de 7 meses.

A professora de ioga Luciana Gonçalves, de 33 anos, vai ao parque pelo menos três vezes por semana. Senta-se à beira do lago para meditar, ler e não raro praticar ioga. "Aqui as pessoas ficam com o espírito mais desarmado. Estão relaxadas, de shorts e tênis, prontas para fazer novos amigos ou jogar conversa fora."

Para Luciana, o parque é ainda um dos poucos lugares onde ela pode observar a passagem da estações do ano na natureza. "A vegetação aqui muda radicalmente. Não tem como não observar, por exemplo, que agora as árvores estão começando a florescer." E como o paulistano não está muito acostumado a conviver com verde e com o barulho da natureza, Luciana leva tampão de ouvido para se concentrar mais na leitura. "Os pássaros fazem muito barulho", diz.

PATOS E CISNES

Já houve mais aves na região. Em fevereiro, uma grande chuva aumentou tanto o volume de água do lago que a parte inferior do vertedouro se rompeu, e a água desapareceu. A ruptura provocou seu esvaziamento. Ficou só o lodo. As 48 aves (2 cisnes, 22 patos, 21 gansos e 3 marrecos) foram transferidos provisoriamente para o Parque do Ibirapuera. Ainda não voltaram.

O lago está cheio de água novamente, mas a Sabesp não realizou ainda as obras de limpeza. Até agora só foi feita a batimetria, que verifica a qualidade e a composição do lodo a ser retirado. De 2005 a 2008, foram mais de R$ 4 milhões aplicados em reformas nesse parque, grande parte na melhoria das condições das águas. Mas ele continua sujo. Os frequentadores reclamam. "Quase não são divulgadas as informações sobre o parque", diz Schoemberger. Foi assim quando o lago sumiu. Sé entendi o que havia acontecido no noticiário da TV."

Fonte: O ESTADO/Valéria França

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