G20 falha em estabelecer regras claras para bancos

G-20 tem dificuldade em chegar a um acordo com novas regras bancárias.

Os líderes financeiros do G20 tiveram dificuldades neste sábado para chegar a medidas específicas para enrijecer os pagamentos bancários e as regras para empréstimos que evitem uma repetição do caos financeiro que gerou a pior recessão mundial em décadas.

O cenário econômico global melhor desde o último encontro dos líderes, em abril, fez com que o grupo de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais mudasse o foco da reunião para a questão de como estabelecer um sistema financeiro mais seguro.

Publicamente, a mensagem foi de solidariedade, já que as autoridades concordaram que devem gastar os US$ 5 trilhões comprometidos com o estímulo econômico para assegurar a recuperação, e adiar a retirada das medidas de emergência até que as economias estejam fortes o suficiente para se manterem sozinhas.

Mas nos bastidores, algumas fontes do G20 expressaram frustração, afirmando que não houve muito avanço em conter os pagamentos excessivos a executivos de bancos --particularmente aqueles que trabalham para instituições que receberam bilhões de dólares em ajuda do governo.

'É ofensivo ao povo, cujo dinheiro pago em impostos ajudou de vários formas os bancos a evitarem o colapso e se recuperarem', afirmou o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown.

O comunicado final afirma que o Comitê de Estabilidade Financeira vai examinar como limitar esses pagamentos e apresentará suas propostas na cúpula de líderes do G20, em Pittsburgh, nos dias 24 e 25 deste mês.

Além disso, o G20 concordou com a medida que força os banqueiros a devolverem os bônus se eles forem baseados em ações que, futuramente, provem ser equivocadas.

Os líderes financeiros também concordaram que os bancos devem manter mais capital guardado para evitar uma volta da crise que levou ao colapso de algumas da maiores instituições do mundo. Os detalhes, porém, como o quanto é necessário e como esse valor será calculado, não foram definidos.

Uma fonte afirmou à Reuters que o G20 apoiou a proposta dos Estados Unidos para que os bancos retenham mais capital de qualidade. A ideia é fornecer mais proteção contra o tipo de perdas catastróficas que levaram os bancos à falência nos últimos dois anos.

"Os bancos vão ter restrições mais rígidas na qualidade do capital", disse a fonte. "Isso significa que eles terão que ter mais e melhor capital para agir como uma proteção a choques."

Mudança na ordem global

O comunicado deixa ainda as portas abertas para um acordo, em Pittsburgh, que faça com que as nações emergentes, como China, Índia e Brasil, tenham mais poder de voto na administração do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial, mas não oferece nenhuma fórmula para que isso aconteça.

O texto apenas afirma que a 'voz' desses países na política econômica global deve crescer 'significativamente' e que os ministros esperam 'progressos substanciais' na questão no encontro dos líderes mundiais no fim deste mês.

O Bric --composto por Brasil, Rússia, Índia e China-- anunciou na sexta-feira seus objetivos para aumentar seu poder de decisão nas instituições internacionais.

Também houve acordo sobre a necessidade de continuar apoiando as economias mais frágeis, com programas de gastos públicos e pacotes de estímulo fiscal, e de estabelecer um período de tempo mais amplo para exigir que combatam os altos déficit públicos.

Além disso, e em resposta a uma demanda das nações emergentes, que representam 70% da população mundial, o grupo aprovou "combater todas as formas de protecionismo e chegar a uma conclusão equilibrada e ambiciosa na Rodada de Doha", dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC).

G20

O G20 financeiro --que congrega ministros de Economia e presidentes de bancos centrais das grandes economias desenvolvidas e emergentes-- se reúne todos os anos desde 1999.

O grupo foi criado em 1999, na busca de respostas articuladas para a crise do final dos anos 90, que começou na Ásia e acabou atingindo o mundo todo. A ideia era estabelecer um grupo mais representativo de países para tratar fundamentalmente de estabilidade financeira e políticas para evitar novas crises. Com o passar dos anos, o grupo ampliou sua agenda.

Participam do G20 ministros da Economia e presidentes de bancos centrais de 19 países: os oito países do G8 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália, Japão e Rússia) mais África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, China, Coreia do Sul, Índia, Indonésia, México e Turquia. A União Europeia também integra o grupo, representada pela presidência rotativa do Conselho Europeu e pelo Banco Central Europeu.

Juntos, os países membros representam cerca de 90% do produto nacional bruto mundial, 80% do comércio internacional e cerca de dois terços da população do planeta.

G20 se compromete a manter pacotes, mas não chega a acordo sobre bônus

Fontes: FOLHA - Efe

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