Demissão coletiva na Receita em protesto contra desmandos do Executivo
Mais de 10 funcionários da Receita Federal colocaram os cargos à disposição nesta segunda-feira em protesto às exonerações de dois assessores ligados à ex-secretária Lina Vieira. Entre os funcionários estão cinco superintendentes regionais, coordenadores, além do subsecretário de Fiscalização, Henrique Jorge Freitas da Silva.
Segundo a Folha Online apurou, pediram demissão os superintendentes regionais Altamir Dias de Souza, da Quarta Região Fiscal; Dão Real Pereira dos Santos, da Décima Região Fiscal; Eugênio Celso Gonçalves, da Sexta Região Fiscal; Luís Gonzaga Medeiros Nóbrega, da Terceira Região Fiscal; e Luiz Sérgio Fonseca Soares, da Oitava Região Fiscal.
A reportagem procurou a Receita Federal, que não vai comentar as demissões.
Em carta enviada ao secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, que a Folha Online teve acesso, os funcionários se declaram "impossibilitados" de continuar no órgão. Leia íntegra da carta de exoneração dos funcionários da Receita
"Tendo em vista os últimos acontecimentos relacionados com a alta administração da RFB, --a começar pela forma como ocorreu a exoneração da ex-secretária Lina Maria Vieira, passando pelos depoimentos realizados no Congresso Nacional, e as recentes notícias veiculadas pela mídia nacional, denotando a clara e evidente intenção do Ministério da Fazenda de afastar outros administradores do comando da Receita Federal,-- e considerando que essas medidas revelam, sem dúvida, uma clara ruptura com a orientação e as diretrizes que pautavam a gestão anterior, nós, subsecretário de Fiscalização, superintendentes e coordenadores abaixo relacionados, declaramo-nos impossibilitados de continuar participando da atual administração da RFB", diz a carta.
Hoje, o secretário da Receita exonerou os assessores Alberto Amadei Neto e Iraneth Maria Dias Weiler. As exonerações foram publicadas nesta segunda-feira pelo "Diário Oficial" da União.
Amadei Neto era assessor de Lina e Iraneth, chefe de gabinete da ex-secretária. A Folha apurou que Lina Vieira foi demitida no dia 9 de julho, entre outros motivos, por não ter atendido a uma série de pedidos políticos. Cartaxo assumiu seu lugar.
Em entrevista ao jornal, a ex-secretária afirmou que se encontrou com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) no final do ano passado, quando Dilma lhe pediu para agilizar as investigações sobre familiares do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Dilma negou o encontro e desmentiu Lina.
Na semana passada, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) divulgou nota oficial para informar que não tem como fornecer imagens do circuito interno de vídeo da Casa Civil que poderiam comprovar o encontro.
A Câmara dos Deputados havia encaminhado ofício ao GSI com o pedido da oposição, mas o gabinete negou a solicitação com o argumento de que as imagens não estão no arquivo do Palácio do Planalto.
O GSI também negou o pedido para que a Câmara tenha acesso à planilha com as placas de veículos que estiveram no Palácio do Planto do final do ano passado. Mas confirmou que o nome de Lina Vieira não consta nos registros de autoridades que ingressaram no palácio entre novembro e dezembro do ano passado.
Fonte: FOLHA
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