A reunião da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), em Bariloche, na Argentina, não foi suficiente para aliviar a tensão entre os líderes da região, mesmo após sete horas de discussões intensas sobre o acordo militar entre Colômbia e Estados Unidos.
Fontes do governo brasileiro afirmam que o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, pretendia que a reunião terminasse em um "clima de paz", mas os discursos foram marcados por tensão, principalmente entre os presidentes da Colômbia, Álvaro Uribe, da Venezuela, Hugo Chávez, do Equador, Rafael Correa, e da Bolívia, Evo Morales.
Os líderes pediram a Uribe a apresentação do documento do acordo aos integrantes do Conselho de Segurança da Unasul e o acesso de membros do Conselho às bases colombianas que serão usadas pelos americanos.
Uribe, no entanto, não respondeu aos pedidos e disse que o acordo com os Estados Unidos não significará perda de "soberania" colombiana.
"Esse acordo é importante para a Colômbia e com ele não perderemos um milímetro de nossa soberania. E foram os Estados Unidos que nos ajudaram no combate aos narcotraficantes e terroristas com o Plano Colômbia, a partir do ano 2000", disse o presidente colombiano.
Uribe disse ainda que não são bases americanas, mas colombianas que contarão com militares dos Estados Unidos.
"Mas por mais que eu diga que não são bases americanas vão continuar com esse discurso", disse.
Uribe indicou que o acordo já é um caso consumado e pediu ações conjuntas no combate ao narcotráfico e ao tráfico de armas.
"Lamento que alguns líderes falem destes 'narcoterroristas' como aliados políticos. E queria pedir que integrantes das Farc não encontrem abrigo em outras regiões", afirmou.
Críticas
O presidente do Equador disse que Uribe deveria "parar de transferir" problemas da Colômbia para outros países.
"Os problemas são da Colômbia e devem ser resolvidos pela Colômbia", disse Correa.
Chávez também se manifestou sobre o acordo e sugeriu que a Unasul discuta a paz, "mas a paz na Colômbia".
Morales voltou a pedir que seja realizado um referendo regional para que os eleitores dos países da América do Sul decidam sobre o acordo entre Colômbia e Estados Unidos.
Correa destacou ainda que a Colômbia é o país da região que, proporcionalmente, mais investe no setor militar, mas que também seria o líder na produção de drogas. Uribe negou as acusações do líder equatoriano.
"Presidente Correa, estes dados que o senhor apresentou não correspondem aos fatos", disse Uribe.
Transmissão
Todo o debate entre os líderes da Unasul foi transmitido ao vivo pelas principais emissoras de televisão da Argentina, como C5N. Além disso, as discussões também foram transmitidas em telões da sala de imprensa do local da reunião.
Lula lamentou a transmissão ao vivo do encontro. "Eu na verdade não gostaria que esta reunião tivesse sido transmitida ao vivo. Porque quando são transmitidas ao vivo as pessoas não falam o que pensam o que sentem".
Cinco horas após o início dos debates, e ainda sem consenso ou conclusão, Lula voltou a criticar a abertura da reunião.
"Eu disse desde o começo que uma reunião desse tipo, aberta à imprensa, não ia funcionar porque os presidentes tendem a falar para seu público interno. E se todos tivessem falado (o que pensam) desde a primeira intervenção, não estaríamos aqui discutindo até agora", afirmou o presidente.
A reunião terminou com um documento indicando que os assuntos de Defesa serão discutidos na próxima reunião do Conselho de Defesa, na primeira quinzena de setembro.
O texto final afirma que a América do Sul deve ser uma "área de paz" e que "forças estrangeiras" não devem interferir na soberania dos países da região. O documento diz ainda que as nações sul-americanas devem combater o terrorismo e o narcotráfico.
O encontro terminou com uma foto de todos os presidentes. Mas Uribe permaneceu na sala do encontro enquanto todos já estavam prontos para a foto. A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, anfitriã da reunião, foi buscá-lo e todos acabaram aparecendo na imagem.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que a reunião em Bariloche foi "um avanço" e que o objetivo do encontro não era "resolver o problema entre Venezuela e da Colômbia".
Quando questionado sobre a razão pela qual o acordo militar entre Estados Unidos e Colômbia não estava citado no documento final, Amorim respondeu: "Pra bom entendedor, poucas palavras bastam".
Uribe corrige Lula e diz que EUA nunca tiveram bases na Colômbia
O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, corrigiu o colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, ao se pronunciar pela segunda vez na reunião da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) que acontece em Bariloche (Argentina) e que tem como foco o acordo militar que aumenta a presença militar dos Estados Unidos na Colômbia e que provocou preocupação nos vizinhos.
Uma vez assinado, o acordo permitirá aos EUA manter 1.400 pessoas, entre militares e civis, em até sete bases na Colômbia, pelos próximos dez anos. Os aliados dizem que o acordo não é novo, e sim apenas uma extensão do acordo de combate ao narcotráfico e às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) chamado de Plano Colômbia.
Mais cedo, em discurso, Lula questionou a estratégia por trás da versão de que a presença dos EUA auxilia no combate ao narcotráfico porque "as bases americanas estão na Colômbia desde 1952 e ainda não há soluções ao problema". Segundo Lula, diante disso, seria preciso "pensar em outra coisa que pudéssemos fazer em conjunto para resolver os problemas".
No sentido da união de forças no combate ao narcotráfico, Lula propôs que essa questão seja por um conselho específico da Unasul que já foi criado, "mas que ainda não saiu do papel"; e sugeriu que o Conselho Sul-Americano de Defesa, igualmente vinculado ao bloco, realize uma investigação sobre o comércio ilegal de entorpecentes em todas as fronteiras.
Embora tenha admitido que diversos governos da região são obrigados a lidar com a questão, Lula ressaltou que os maiores consumidores de substâncias ilícitas "não estão aqui" e exortou "os países ricos" a combaterem o problema dentro de suas próprias fronteiras.
Em resposta, Uribe disse que "nunca existiram bases" dos EUA na Colômbia e ressaltou crer que a sucessão de acordos militares entre Bogotá e Washington está dando bons resultados.
O colombiano também replicou o presidente do Equador, Rafael Correa, que havia pedido que o país parasse de "culpar" seus vizinhos por seus problemas. "O problema é nosso, mas nós pedimos ajuda, presidente Correa", disse.
No discurso que provocou a reação de Uribe, Lula afirmou ainda que devem haver garantias jurídicas de que as operações americanas na Colômbia não violarão os territórios dos outros países ou poderão cometer alguns abusos. "Não está [no texto do acordo], mas também não é proibido, o que não é proibido é permitido, temos que ter cuidado com isso. Ter cuidado e tomar sopa não fazem mal a ninguém", brincou o governante.
Por fim, em tom conciliatório, Lula recomendou para os demais presidentes presentes que pensem na elaboração de uma "estratégia de paz" à América do Sul e de um "novo padrão" de relacionamento entre vizinhos. Citando Chávez e Uribe Lula pediu "moderação" nas falas reiterando que, muitas vezes, uma palavra mal colocada pode desencadear "um problema que levará meses para ser solucionado".
Fontes: FOLHA - BBC/MARCIA CARMO - ANSA
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