Representantes de países sul-americanos estão reunidos em Quito.
Presidente colombiano não compareceu ao encontro.
A governante do Chile, Michelle Bachelet, inaugurou nesta segunda-feira (10), em Quito, a 3ª Reunião Ordinária de Chefes de Estado e de Governo da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), na qual passou a Presidência do órgão ao Equador.
Na reunião, Bachelet disse que, ao se iniciar a comemoração do bicentenário de independência do Equador, é um momento para "refletir sobre o andamento da integração regional".
Bachelet voltou a condenar os golpes de Estado e destacou a atuação da Unasul nas ações para superar a recente crise política na Bolívia, assim como os pronunciamentos sobre o caso de Honduras, quando Manuel Zelaya foi deposto, e reiterou a necessidade deste ser restituído no cargo.
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirmou durante o encontro que "cumpre sua obrigação em alertar que os ventos de guerra voltam a soprar". Ele se referia à polêmica questão das bases militares americanas na Colômbia.
No domingo, Chávez acusou o Exército colombiano de entrar em território venezuelano, dizendo que a incursão era uma "provocação" do presidente colombiano, Álvaro Uribe.
Cuba
O líder cubano Fidel Castro também mencionou a possibilidade de uma guerra na região, afirmando que o governo da Colômbia cometerá uma deslealdade se autorizar os Estados Unidos a usar suas bases militares, advetindo que esse acordo poderá desatar numa guerra fraticida com a Venezuela e uma tragédia latino-americana.
"A história não perdoará quem cometer essa deslealdade contra seus povos, nem os que utilizarem como pretexto o exercício da soberania para permitir a presença de tropas ianques", afirma Fidel em mais um artigo publicado na imprensa cubana.
O ex-presidente cubano afirma que se os Estados Unidos utilizarem as sete bases colombianas "para provocar um conflito armado entre dois povos irmãos (Colômbia e Venezuela), será uma grande tragédia."
"As forças ianques poderão promover uma guerra suja como fizeram na Nicarágua, inclusive empregando soldados de outras nacionalidades treinados por eles."
"Mas dificilmente o povo combativo, valente e patriótico da Colômbia se deixará arrastar para uma guerra contra um povo irmão como da Venezuela", afirma o líder comunista.
Ausência colombiana expõe divisão em cúpula para celebrar união sul-americana
Uma ausência marcante faz com que o encontro que deveria celebrar a união dos países da América do Sul se transforme em uma demonstração das diferenças e da divisão entres as nações que formam o bloco continental. A agenda oficial da III Reunião Ordinária do Conselho de Chefes de Estado e de Governo da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), em Quito, no Equador, planejou para as 10h (meio-dia em Brasília) a fotografia oficial dos presidentes, mas por conta das recentes trocas de acusações e de suspeitas levantadas até pelo Brasil, o presidente colombiano, Alvaro Uribe, não aparecerá na imagem.
Mesmo sem estar presente, a Colômbia será protagonista do encontro por causa do acordo com Washington para aumentar a presença militar dos EUA na região. A aliança aprofunda as críticas dos opositores de Washington e dos que defendem a soberania de Bogotá para tomar decisões, mas querem mais transparência.
Como mostra da divisão, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, desafiou Uribe a que comparecesse ao encontro de Quito e explicasse o acordo que permitirá aos Estados Unidos usar suas bases militares. Bogotá, que já havia antecipado a ausência de Uribe, não respondeu a Chávez.
Uribe passou a última semana visitando países vizinhos para explicar o acordo com os Estados Unidos. Brasil, Chile, Peru e Paraguai defenderam que a Colômbia mantenha sua soberania ao emprestar suas bases a tropas norte-americanas. O Brasil chegou a pedir um pouco mais de transparência. Do lado contrário, Equador, Bolívia e Venezuela repudiaram o pacto e devem conseguir o apoio de Cuba, cujo presidente, Raúl Castro, é esperado em Quito para avalizar a posição dos mais duros críticos de Washington na região.
Visita de Uribe visa isolar países 'radicais', diz historiador americano
O plano de viagem do presidente colombiano, Álvaro Uribe, pela América Latina quer acalmar os vizinhos em relação ao projeto norte-americano de ampliação de bases militares no país, mas deixa de lado alguns dos principais interessados na questão, avaliou o historiador norte-americano Nikolas Kozloff em entrevista ao G1.
Enquanto busca se aproximar de países como o Brasil e o Chile, da chamada “esquerda responsável”, Uribe parece querer afastar ainda mais das nações vistas pelos Estados Unidos como radicais, “tentando isolar Venezuela, Equador e mesmo a Bolívia”, explicou Kozloff, doutor em história da América Latina pela Universidade de Oxford e autor de “Revolution”, livro em que trata da recente onda esquerdista na região.
“A Colômbia está dando continuidade ao projeto norte-americano de isolar os países da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), uma estratégia de separá-los do Brasil e de outros moderados da região, tornando-os mais fracos. O governo de George W. Bush falava abertamente a respeito e, por mais que não esteja tratando diretamente sobre o assunto, Barack Obama parece dar continuidade a isso”, disse.
A Colômbia deve prorrogar neste mês seu acordo militar com os Estados Unidos, mas a reação regional mostrou a Uribe que o país também corre o risco de se ver isolado dos vizinhos na luta contra os grupos guerrilheiros e o narcotráfico.
"A Colômbia está ficando isolada dos seus vizinhos", disse o analista de segurança Armando Borrero à agência Reuters. "Isso tem um efeito de bola de neve, o que torna o governo mais próximo de Washington", acrescentou.
Segundo Kozloff, a presença militar dos Estados Unidos reforça a divisão entre os países da América Latina. “Formam-se dois blocos: os países da Alba e o dos moderados, e a Colômbia quer isolar os da Alba”, disse.
Fone: G1- Agências
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