O governo interino de Honduras alertou nesta sexta-feira o presidente deposto, Manuel zelaya, para que não viaje ao país, mas indicou que o tom pode ser mais conciliatório em conversas com o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza.
Insulza chega nesta sexta-feira a Honduras para conversar com os líderes do governo interino que assumiu após a deposição de Zelaya no domingo passado (28), em um golpe arquitetado pela Justiça e pelo Congresso. Zelaya queria realizar uma consulta popular sobre um, referendo para mudar a Constituição para aprovar a reeleição o que, alega o governo interino, é proibido.
Roberto Micheletti, o novo presidente do país, afirmou que recebia bem a chance de conversar com Insulza, que deve chegar ao país com um ultimato para a restituição da Presidência de Zelaya --caso contrário, o país centro-americano será expulso da OEA.
Zelaya agradeceu o apoio unânime da comunidade internacional e pretende voltar ao país neste sábado, quando acaba o prazo de 72 horas para sua restituição, segundo o ultimato da organização.
Insulza estava cauteloso, contudo, com as consequências de sua visita ao país. "Eu não posso dizer que estou confiante", disse, na noite desta quinta-feira, a repórteres. "Eu farei tudo que puder, mas eu acho muito difícil mudar as coisas em apenas alguns dias", disse.
A OEA, que reúne a maioria dos países do continente,, é uma organização mais simbólica que promove a paz e justiça, mas tem poder limitados.
A nova administração hondurenha rejeitou até o momento qualquer tentativa de trazer Zelaya de volta ao país e ao poder.
"Pela paz e tranquilidade do país, eu preferiria que ele [Zelaya] não venha", disse Micheletti a uma rádio hondurenha, nesta quinta-feira. "Eu não quero nem uma gota de sangue derramada neste país", disse, acrescentando que o venezuelano Hugo Chávez está apoiando as medidas de Zelaya.
País dividido
A crise dividiu o povo hondurenho entre os apoiadores do golpe e aqueles que pedem a volta de Zelaya, conhecido como Mel, ao país. Os dois lados têm ocupado as ruas de Tegucigalpa com protestos, barricadas e marchas.
O governo prendeu dezenas de apoiadores de Zelaya.
Pesquisas mostram que a popularidade de Zelaya caiu 30% nos últimos meses. O Exército, Corte e o Congresso se uniram na oposição a seu pedido por uma reforma na Constituição que permitira a reeleição.
Zelaya foi derrubado do poder neste domingo (28) em um golpe orquestrado pela Justiça e pelo Congresso e executado por militares, que o expulsaram para a Costa Rica. O golpe foi realizado horas antes do início de uma consulta popular sobre uma reforma na Constituição que tinha sido declarada ilegal pelo Parlamento e pela Corte Suprema.
"Fui retirado da minha casa de forma brutal, sequestrado por soldados encapuzados que me apontavam rifles", contou o presidente deposto, após chegar ao exílio na Nicarágua.
"Diziam: "se não soltar o celular, atiramos". Todos apontando para minha cara e o meu peito. [...] Em forma muito audaz eu lhes disse: 'se vocês vêm com ordem de disparar, disparem, não tenho problema de receber, dos soldados da minha pátria, uma ofensa a mais ao povo, porque o que estão fazendo é ofender o povo"."
De acordo com os parlamentares hondurenhos, a deposição de Zelaya foi aprovada por suas "repetidas violações da Constituição e da lei' e por 'seu desrespeito às ordens e decisões das instituições". Segundo os seus críticos, com a consulta, Zelaya pretendia instaurar a reeleição presidencial no país. As próximas eleições gerais serão em 29 de novembro.
Depois da saída de Zelaya do país, no Congresso de Honduras, um funcionário leu uma carta com a suposta renúncia, o que ele nega. Zelaya diz ter sido alvo de "complô da elite voraz"; e seu sucessor, Micheletti, diz que o golpe foi um "processo absolutamente legal".
Comentário do editor do BGN
Por que o Secretário Geral da OEA, a serviço dos governos populistas da América Latina, não aproveita a viagem a Honduras e dá uma passadinha em Cuba, para solicitar o retorno da democracia e a soltura dos presos politicos em suas masmorras?
Fontes: Folha - Reuters
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