O assessor do presidente deposto Manuel Zelaya para projetos especiais, Moisés Starkman, afirmou em entrevista à Folha que Zelaya não tinha apoio para mudar a Constituição e que a influência do governo do venezuelano Hugo Chávez prejudica o país.
"Isso [influência de Chávez] é muito difícil de medir, mas é evidente que havia uma aproximação cada vez maior em direção ao governo venezuelano", diz Starkman, acrescentando que "o que começou como uma aproximação comercial, com a Alba, foi adquirindo outro tipo de relação".
O assessor diz ainda que Chávez vem dando várias "declarações infelizes", o que gerou um temor de que Honduras quer adotar a forma de governo venezuelana --que, a pouco tempo, aprovou a reeleição ilimitada.
"Mas nós, em Honduras, queremos uma forma de governo própria. Pessoalmente, acho importante que em Honduras haja um sistema de pesos e contrapesos. Não gostaria que, em Honduras, haja um presidente que faça o que quiser e quando quiser", disse.
Golpe
Zelaya foi derrubado do poder neste domingo (28) em um golpe orquestrado pela Justiça e pelo Congresso e executado por militares, que o expulsaram para a Costa Rica. O golpe foi realizado horas antes do início de uma consulta popular sobre uma reforma na Constituição que tinha sido declarada ilegal pelo Parlamento e pela Corte Suprema.
"Fui retirado da minha casa de forma brutal, sequestrado por soldados encapuzados que me apontavam rifles", contou o presidente deposto, após chegar ao exílio na Nicarágua.
"Diziam: "se não soltar o celular, atiramos". Todos apontando para minha cara e o meu peito. [...] Em forma muito audaz eu lhes disse: 'se vocês vêm com ordem de disparar, disparem, não tenho problema de receber, dos soldados da minha pátria, uma ofensa a mais ao povo, porque o que estão fazendo é ofender o povo"."
De acordo com os parlamentares hondurenhos, a deposição de Zelaya foi aprovada por suas "repetidas violações da Constituição e da lei" e por "seu desrespeito às ordens e decisões das instituições". Segundo os seus críticos, com a consulta, Zelaya pretendia instaurar a reeleição presidencial no país. As próximas eleições gerais serão em 29 de novembro.
Depois da saída de Zelaya do país, no Congresso de Honduras, um funcionário leu uma carta com a suposta renúncia, o que ele nega. Zelaya diz ter sido alvo de "complô da elite voraz"; e seu sucessor, Micheletti, diz que o golpe foi um "processo absolutamente legal".
Fonte: FOLHA
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