Friboi demite 172 funcionários em Campo Grande

Número representa 15% do efetivo da unidade; frigorífico alega plano para 'modernização e melhorias'

SÃO PAULO - O frigorífico Friboi demitiu 172 funcionários em sua unidade de Campo Grande (MS) na última terça-feira, 7, o que representa aproximadamente 15% do quadro total de empregados da unidade em junho, que era de 1.109.

Segundo nota encaminhada pela assessoria de imprensa da companhia, as mudanças estão ligadas a um movimento contínuo de melhorias em eficiência e modernização de seus parques fabris. O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação de Campo Grande, no entanto, atribui as demissões à falta de bois para abate na região, circunstância que, conforme o órgão, tem reduzido o ritmo de atividade dos frigoríficos na cidade.

A unidade da JBS em Campo Grande tem capacidade para abater 2,5 mil cabeças de bovinos por dia e, segundo o sindicato, atualmente está abatendo entre 800 e 1 mil cabeças. Esta semana, o Friboi anunciou o arrendamento, com opção de compra, de cinco unidades de abate e desossa em Mato Grosso. Com a incorporação das unidades, que estavam paralisadas desde que o frigorífico Quatro Marcos entrou em recuperação judicial, o Friboi ampliou sua capacidade de abate em 5.150 animais/dia e deve contratar mais de 3 mil empregados.

"Se eles estão indo para outras regiões do País e reduzindo o ritmo de produção em Campo Grande, é porque faltam bois aqui", disse Rinaldo Salomão, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação de Campo Grande. O Friboi negou, por meio de sua assessoria, que está desacelerando o nível de atividade em Campo Grande.

Para Salomão, a escassez de matéria-prima é confirmada por demissões também no Bertin. Segundo ele, cerca de 150 trabalhadores foram dispensados esta semana na unidade da companhia em Campo Grande, informação que foi negada pela empresa. "Não há essa quantidade de demissões no Bertin. O que a empresa tem feito é reposição de vagas. Hoje, por exemplo, foram abertas 13 vagas para desossador", informou a companhia, por meio de sua assessoria de imprensa, em e-mail encaminhado à reportagem. "Eu olhei avisos prévios nas mãos de empregados do Bertin na segunda-feira. Se isso não for demissão, o que é então?", rebateu o sindicalista.

Segundo ele, a unidade do Bertin em Campo Grande, que tem capacidade para abater até quatro mil bois por dia, estaria abatendo entre 1,2 mil e 1,5 mil cabeças/dia. De acordo com o Bertin, a unidade, projetada para ser o maior complexo industrial de transformação de carne da América Latina, abate cerca de 2 mil cabeças/dia e conta com 2,2 mil colaboradores atualmente.

O setor de frigoríficos já trabalha com um nível elevado de ociosidade há meses. Além da queda na demanda externa, o setor passa por um ciclo de baixa na oferta de matéria-prima, devido ao abate de matrizes promovido entre 2005 e 2007. A redução na oferta do boi gordo provocada por esse movimento ainda não foi revertida, porque implica investimentos que a baixa rentabilidade da atividade não tem permitido. Nos meses mais agudos da crise, estima-se que o nível de ociosidade dessa indústria tenha atingido 50% da capacidade instalada, porcentual que está sendo reduzido e já estaria abaixo de 30%, em média.

Fonte: AE/Tatiana Freitas

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