Passageiros 'sobreviventes' falam sobre acidente do Voo 447

Andreia Sadi

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A placa azul no início da fila do check-in da Air France anunciava ontem o mesmo voo (AF 447), no mesmo horário (19 horas), com o mesmo modelo de aeronave (Airbus A330). A pedagoga Janaína Silva, que perdeu dois amigos na tragédia, chorava. Ela contou que havia programado a viagem para domingo, mas mudou para segunda - apesar de completar um mês de casamento nesse dia - porque a passagem custava R$ 1 mil a menos.

O italiano Omar Zagnoli, administrador de sistemas que mora em Vila Velha (ES) com a mulher e os dois filhos brasileiros, também contou que embarcaria no voo de domingo, mas quis fazer uma surpresa para a mulher, aniversariante na segunda-feira. "É difícil falar nesse momento, porque muitos morreram, mas meu primeiro pensamento foi: `me safei'. Foi a melhor surpresa do mundo para ela e para mim também. Acho que posso dizer que nasci de novo", disse ele, devoto de São Francisco.

A nutricionista Fernanda Zefrian estava com o filho, Rafael, no colo. Eram mais dois "sobreviventes" na fila do check-in. Ela também estaria no voo de domingo se sua família não tivesse insistido tanto para que a festa de um ano do garoto ocorresse no Brasil. "É difícil falar. Meu marido está esperando lá (na França). Não sei explicar. Acho que foi a mão de Deus."

Já a angolana Domingas Paim, chefe de cozinha em Londres, se dizia tranquila. "O que tem de acontecer, acontece. Não está nas minhas mãos." Antes de embarcar no mesmo voo, a arquiteta Elizabeth Recagño estava "morta de medo". "Quando cheguei aqui, pensei em desistir. Mas sonhei tanto com essa viagem. Vou tomar uma pastilhinha para dormir". A engenheira Vânia Ferreira parecia segura. "Não tenho medo. Foi uma fatalidade. O transporte aéreo ainda é o meio mais seguro."

Empregada doméstica em Portugal, Neide Viana passou as férias com a família brasileira e volta hoje ao trabalho. "A patroa tinha feito a reserva para o voo de domingo. Mas como eu só tinha que voltar a trabalhar no dia 3, pedi para ficar mais um pouco. Ela concordou. É porque realmente não estava na minha hora", disse ela, que embarcou no voo das 16h20, o AF 443. O francês Gabriel Andrieu foi no mesmo voo. "Sempre tomo calmante. Hoje, a dose é mais forte."

O número de passageiros nos dois voos da Air France que partiram do Aeroporto Internacional do Rio não foi informado. Apenas uma média da ocupação (80%) das aeronaves ontem e anteontem foi fornecida pela empresa. Segundo a Air France, a venda de passagens foi "normal" e não houve desistências.

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