Rei Abdullah recebe Obama em Riad
O presidente dos EUA, Barack Obama, chegou nesta quarta-feira, 3, à Arábia Saudita para conversas com o rei Abdullah, na véspera de um aguardado discurso que fará no Cairo na esperança de melhorar a imagem do seu país no mundo islâmico. Obama e o rei devem conversar a respeito do conflito árabe-israelense, das aberturas diplomáticas dos EUA para o Irã e do preço do petróleo.
Obama, que é filho de um muçulmano e passou parte da infância em um país islâmico, a Indonésia, tenta reparar os danos à imagem dos EUA provocados pelas políticas de seu antecessor, George W. Bush, especialmente devido às guerras no Iraque e Afeganistão e aos abusos contra presos na chamada "guerra ao terrorismo". Bush, teve uma relação difícil com essa parcela de 1,5 bilhão de pessoas pelo mundo.
Obama disse acreditar que a colaboração entre o governo americano e a Arábia Saudita "produzirá resultados". Segundo o presidente, "era muito importante vir a este lugar, onde começou o Islã, e discutir com ele muitos dos assuntos que enfrentamos no Oriente Médio". "Tenho confiança em que, colaborando, EUA e Arábia Saudita podem conseguir progressos em uma série de assuntos e interesses mútuos", afirmou.
Já o rei Abdullah ressaltou os laços "históricos e estratégicos" entre EUA e Arábia Saudita, que se remontam, segundo lembrou, ao mandato de Franklin Roosevelt e ao rei Abdulaziz, nos anos 30. O soberano também elogiou o presidente americano, ao qual considerou como "um homem distinto que merece estar nesta posição".
Os EUA esperam que os sauditas se envolvam nas negociações de paz entre Israel e os palestinos. Os sauditas, por sua vez, mostram-se temerosos com a atitude de Washington frente a Teerã e temem que os iranianos desenvolvam armas nucleares. Washington e Riad também possuem temas bilaterais a serem negociados. Com a crise americana, os sauditas, principais exportadores de petróleo do mundo, viram a renda da monarquia cair. O comércio entre os dois países é de US$ 67,3 bilhões. Não se sabe se Obama tocará na questão dos direitos humanos.
No Egito, Obama, além de fazer o esperado discurso, também pode pressionar Mubarak a abrir mais o regime. O líder egípcio reprime opositores laicos e religiosos e tenta emplacar seu filho Gamal como sucessor. O Egito, apenas atrás de Israel, é o país que recebe maior ajuda militar dos EUA. Depois da passagem pelo Oriente Médio, Obama segue viagem para a Europa.
Logo após o desembarque de Obama, a TV Al Jazira divulgou uma gravação do líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, em que ele diz que Obama havia plantado as sementes "da vingança e do ódio" contra os EUA no mundo islâmico. Bin Laden disse que o novo presidente segue os passos do seu antecessor George W. Bush, e alertou os norte-americanos a se prepararem para as consequências das políticas da Casa Branca.
O governo saudita reagiu à mensagem, qualificando-a como "um ato de desespero", nas palavras do funcionário do Ministério do Interior Nial al-Jubeir. "Eles continuam fazendo seus comunicados, enquanto se escondem em uma caverna."
Na véspera, o número dois da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, atacou Obama antes da visita. Para ele, as "mensagens sangrentas" do norte-americano continuam a chegar aos muçulmanos. O líder extremista disse que os muçulmanos não serão enganados pelas "campanhas de relações públicas" ou por visitas que são uma "farsa", nem por "palavras elegantes".
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