Endividamento de países desenvolvidos quase dobra devido à crise

Os países mais ricos vêm experimentando uma explosão de seu endividamento público

Com as medidas de socorro à economia tomadas desde o início da crise financeira, EUA, países da zona do euro e Reino Unido estão vendo subir rapidamente sua dívida pública, pois é dela que sai o financiamento para os pacotes de estímulo fiscal.

Projeção da Standard & Poor's mostra que a dívida pública como proporção do PIB (Produto Interno Bruto) nos EUA deve passar dos atuais 44% para 77% em quatro anos. Em dólares, isso significa que o endividamento deverá sair dos já sem precedentes US$ 6,3 trilhões e chegar a mais de US$ 10 trilhões --valor superior a seis PIBs do Brasil. Na Alemanha a dívida irá de 62% para 72%, e no Reino Unido praticamente dobrará de 49% para 97% do PIB.

A redução no nível de atividade da economia mundial neste primeiro trimestre foi a maior desde o final da Segunda Guerra. Neste segundo trimestre, foi sinalizada alguma recuperação, principalmente entre as economias emergentes. Nos países ricos, a melhora no ritmo da economia é muito mais lenta e acompanhada do endividamento.

Apesar de o mercado financeiro vir ensaiando o fim da atual recessão (desde março, a Bolsa de Nova York já subiu mais de 30%), alguns analistas dizem que é cedo para isso. Segundo o IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês), a economia mundial só deverá dar sinais de melhora real a partir de 2010.

Falta de financiamento ameaça o Brasil



O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, advertiu para riscos sociais

O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, afirmou que a crise econômica atual pode levar a uma "grave crise humana e social", se não forem tomadas as medidas adequadas a tempo. Ele também mencionou que medidas anticrise populistas e protecionistas, as quais ele considera políticas, podem atrasar a recuperação, e a ameaça da falta de financiamento a países emergentes.

"Se não tomarmos medidas, há o risco de que ocorra uma grave crise humana e social, com implicações políticas muito importantes", disse ele, em entrevista publicada na edição deste domingo do jornal espanhol "El País".

Sobre as economia emergentes --entre as quais ele citou nominalmente o Brasil--, Zoellick avaliou que umas estão mais fortes que outras, mas que todas devem sofrer com a falta de financiamento para seus setores produtivos.

"A China pode surpreender a todos, tem obtido bons resultados com seu plano de estímulo. Para países como o México e Brasil, a principal ameaça é a falta de acesso a financiamentos. O setor produtivo [desses países] ainda não está restabelecido", disse Zoellick.

O titular do Banco Mundial alertou que o cenário atual ainda é imprevisível para todos os países do mundo e que é melhor "estar preparado". "O que começou como uma grande crise financeira e se converteu em profunda crise econômica, agora está derivando para uma grande crise de desemprego."

"Se criarmos infraestruturas que ponham essas pessoas para trabalhar, isso pode ser uma forma de unir planos de curto prazo com estratégias de longo prazo", avaliou.

Zoellick disse temer por "zonas de penumbra", como o risco de aumento do protecionismo e problemas de dívida privada em economias emergentes. "E ainda há o que eu chamo de fator X, algo que nunca se vê acontecendo, como a gripe A [a gripe suína, oficialmente chamada de H1N1]", acrescentou.

Retomada

O titular do Banco Mundial não rechaçou a hipótese de uma retomada da economia mundial, como várias autoridades dos países mais desenvolvidos têm sugerido. Mas advertiu que "será uma recuperação de baixa intensidade, durante um tempo prolongado". E acrescentou: "o desemprego vai continuar crescendo".

"A probabilidade de uma grande depressão é baixa, porém nunca nula", afirmou.

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