Pirata somali será julgado nos EUA


Abdiwali Muse, que invadiu cargueiro americano na Somália, diz que tem 15 anos

A mãe de Abduwali Abdukhadir Muse, pirata somali capturado pela Marinha dos Estados Unidos, pediu que o presidente americano, Barack Obama, perdoe seu filho e encerre o julgamento ao qual será submetido nos EUA. Muse, que diz ter 15 anos, será julgado como adulto e pode ser condenado à prisão perpétua.

Muse foi capturado por forças norte-americanas durante uma operação de resgate de um capitão, mantido refém durante quatro dias em um bote salva-vidas, após a tentativa fracassada de sequestrar o cargueiro Maersk Alabama, nas águas do golfo de Áden. Na operação, três dos companheiros de Muse foram mortos na operação.

"Meu filho foi influenciado por outras gangues. Ele só entrou para o bando de piratas 15 dias antes de ser capturado. Ele é muito jovem e não sabia que o que estava fazendo era um crime", disse sua mãe, Abdirahman Hassan.

"Estou implorando para que os EUA e o presidente Barack Obama libertem meu filho" afirmou a mãe, dizendo que Muse tem apenas 16 anos.

O pai do garoto alega que ele tem 15 anos, versão defendida pelo advogado de Muse em Nova York. Um magistrado norte-americano concordou com promotores que o garoto já tem 18 anos e decidiu que ele será julgado como adulto.

Mohamed Saed, um ex-colega de classe de Muse, afirmou que o jovem sempre quis se juntar aos piratas. "Ele costumava falar a todo momento sobre resgates pagos, e foi animado pelas grandes fatias de recompensa que os piratas recebem", afirmou Saed.

Promotores dos EUA dizem que Muse "se conduziu como líder dos piratas" e o acusaram de pirataria, conspiração para apoderar-se de um navio à força, conspiração para fazer reféns e outras acusações. Somalis dizem que a sociedade do país é muito hierárquica e que um jovem como Muse não poderia liderar homens mais velhos.

Recompensa

Um dos piratas mortos no ataque norte-americano era Ali Aden Elmi, 34. Sua viúva disse que parou de aceitar o dinheiro do marido quando percebeu qual era a fonte dos recursos.

"Ele tinha muito medo de dizer às pessoas que recebia parcelas dos resgates", afirmou Fadumo Osman. "Parei de aceitar o dinheiro dele e decidi sobreviver separadamente. É um dinheiro sujo e eu não poderia alimentar as minhas crianças com comida que ele comprou com dinheiro ilícito."

A mãe de outro pirata quer o corpo de seu filho de 29 anos de volta e uma indenização pela sua morte.

"Matar nossos filhos não foi a decisão correta. Os EUA têm que pagar o preço pelo que fizeram a nós. Havia um meio mais pacífico de resolver a crise, e isso teria salvo o prisioneiro e nossas crianças", afirmou Mulaho Mohamud.

Ataques

Os ataques de piratas aumentaram rapidamente nos últimos anos. Mais de 130 foram registrados em 2008, incluindo mais de 50 sequestros.

Os piratas normalmente liberam os navios e suas tripulações depois do pagamento de altos resgates pelas empresas de transportes marítimos. Calcula-se que, apenas no ano passado, foram pagos mais de US$ 80 milhões em resgates.

O aumento da frequência dos ataques levou a um maior patrulhamento das águas sem lei do golfo de Áden. Somália e Iêmen, países que margeiam o golfo, não tem condições de impedir a atuação dos criminosos.

O Golfo de Áden é uma das rotas marítimas mais usadas no mundo para o escoamento de mercadorias entre Europa e Ásia pelo Mar Vermelho.

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