Governista Jacob Zuma vota em eleição na qual é favorito
Os eleitores chegaram antes do amanhecer nos quase 20 mil centros eleitorais distribuídos por todo o país. Mesmo com a manhã fria de outono, os eleitores fizeram questão de declarar o voto --que deve favorecer, segundo as pesquisas, o CNA, que tem a hegemonia política do país há 15 anos. A eleição deve ser encerrada às 21h (16h no horário de Brasília).
"É tudo sobre esperança", disse Ngwako Makgaba, assistente social que trabalha com pacientes de Aids. "Em 1999 e 3004, eu senti como se fosse uma formalidade. Mas, desta vez, eu acho que é sobre mudança".
Makgaba diz ainda que a eleição de Barack Obama nos Estados Unidos, o primeiro presidente americano negro, também motivou jovens a votar. "O fato da América ter elegido seu primeiro presidente negro dos EUA anima as pessoas aqui. Isso motivou os jovens a acreditar que podemos fazer as mudanças também".
A maioria dos eleitores na África do Sul é negra e pobre o que, segundo analistas, deve favorecer o CNA com sua plataforma de combate à pobreza e mudanças radicais no país.
"Nós estamos lutando aqui, nós estamos com fome e precisamos de uma vida melhor", diz Francinah Mohale, desempregada de Diepsloot. "O governo tem que criar empregos, construir mais escolas e dar uma vida melhor para todos".
Pesquisas de intenção de voto, conduzidas pela Ipsos Markinor, apontam que o CNA terá cerca de 65% dos votos para presidente, mas não alcança os dois terços necessários para ter a maioria no Parlamento --e, assim, garantir fácil governabilidade.
O desafio para a eleição legislativa está em vencer a Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês) e o dissidente Congresso do Povo (cope, na sigla em inglês) que apelam diretamente à classe média negra e branca.
Na atual Assembleia Nacional, o CNA conta com 279 deputados (69,75%), enquanto a Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês) tem 50 cadeiras (12,50%), o Partido Inkhata da Liberdade (IFP, em inglês) possui 28 (7%) e os demais da oposição somam 43.
Controverso
O favorito Zuma era acusado, até o último dia 6, de corrupção, fraude, extorsão e lavagem de dinheiro.
Criticado pela oposição, Zuma foi protagonista de quase dez anos de polêmicas nos tribunais. Contudo, a Procuradoria Geral sul-africana retirou as acusações e permitiu que o candidato chegasse às urnas livre de problemas com a Justiça. O tribunal considerou que houve manipulação no processo aberto contra Zuma.
O candidato foi envolvido ainda em outro escândalo em 2006 ao dizer que, como o caso envolveria uma mulher portadora de HIV, tinha tomado banho imediatamente "para evitar o contágio".
Normalidade
"Tudo anda em paz, com tranquilidade e harmonia", disse aos jornalistas Brigalia Bam, presidente da Comissão Eleitoral Independente (CEI). Ela destacou o grande comparecimento na metade da jornada eleitoral.
Bam ressaltou que não havia informações de "violência, ameaças ou intimidações" em nenhum dos 19.726 centros de votação do país, mas admitiu que houve "algumas irregularidades" em várias Províncias.
A responsável eleitoral admitiu que poderia haver escassez de urnas e de cédulas em alguns colégios, mas garantiu que o fornecimento seria a tempo.
Pansy Tlakula, responsável executivo da CEI, explicou algumas outras irregularidades, relacionadas à perda de material eleitoral ou ao surgimento de algumas cédulas marcadas, e ressaltou que, de qualquer forma, "são como uma gota no oceano".
O principal partido opositor, a Aliança Democrática (DA, em inglês), divulgou um comunicado indicando que, em três Províncias, havia falta de cédulas e outro material eleitoral, e ressaltava que a CEI havia "respondido com lentidão diante desta situação".
Segundo as autoridades eleitorais, espera-se uma participação de cerca de 80% dos 23 milhões de eleitores convocados para estas eleições.
Os correspondentes da TV Globo na África, Renato Ribeiro e Edu Bernardes, mostram com exclusividade para o JN Especial o local de apuração dos votos das eleições na África do Sul. É uma espécie de Tribunal Superior Eleitoral na capital Pretória, onde a imprensa mundial está reunida à espera do resultado, que deve consagrar Jacob Zuma como o novo presidente do país.
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