Obama discursa na Cúpula das Américas; em sua estreia em reuniões latino-americanas, ele prometeu "aliança entre iguais"
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu nesta sexta-feira, em Trinidad e Tobago, em seu discurso na abertura da Cúpula das Américas, que manterá uma "uma aliança de iguais"com a América Latina. Ele também afirmou que está aberto ao diálogo com Cuba sobre uma ampla lista de assuntos, mas destacou que não quer "falar por falar".
No discurso, Obama ofereceu uma nova relação com o continente e reconheceu: "Apesar de os EUA terem feito muito em favor da paz e da prosperidade no continente, às vezes também temos nos desentendido ou tentamos ditar nossas condições. Prometo que eu busco uma aliança de iguais".
"Não há um parceiro maior e outro menor em nossas relações; simplesmente há uma implicação baseada em nosso respeito mútuo, nossos interesses comuns e nossos valores compartilhados. Estou aqui para lançar um novo capítulo de aproximação que continuará durante meu mandato", disse.
O presidente americano uma colaboração inédita no continente para buscar uma nova prosperidade econômica e lutar contra a crise atual. Neste sentido, prometeu "colaborar para garantir que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) adote os passos necessários para aumentar o nível atual de crédito e para estudar cuidadosamente as necessidades de recapitalização no futuro".
Obama expressou também compromisso com a luta contra a desigualdade e "a criação de prosperidade a partir de baixo". O presidente americano anunciou um novo Fundo de Crescimento para o Microfinanciamento destinado ao continente, e garantiu que contribuirá para restabelecer os empréstimos às companhias.
Energia
Ele destacou ainda o interesse em uma nova cooperação no âmbito da energia e na luta contra a mudança climática. "Proponho a criação de uma nova Aliança das Américas para a Energia e o Clima que possa forjar um progresso em direção a um futuro mais seguro e sustentável", afirma.
Essa aliança, disse, "defenderá a visão e a determinação de países como Brasil e México para promover a energia renovável e reduzir as emissões de gases estufa", e permitirá que cada nação possa promover a eficácia no uso de energia, compartilhar tecnologia e melhorar sua infraestrutura.
Sobre o terceiro grande assunto previsto na agenda da reunião, a segurança da população, Obama disse que buscará "medidas taxativas" para reduzir o consumo de drogas e "para deter o fluxo de armas e de financiamento ao outro lado da fronteira sul". A promessa já havia sido feita nesta quinta-feira presidente mexicano, Felipe Calderón, durante a reunião que ambos mantiveram no México.
Obama reiterou também que pedirá ao Congresso americano que ratifique a Convenção Interamericana Contra a Fabricação e o Tráfico Ilícito de Armas de Fogo (Cifta), assinada pelo presidente Bill Clinton em 1997, mas que ainda não foi respaldada pelo Senado.
Construir uma nova aliança "levará tempo", disse Obama. "Mas prometo que os Estados Unidos serão um amigo e parceiro, porque nosso futuro está entrelaçado com o futuro dos povos das Américas e estamos comprometidos a forjá-lo através de uma aproximação firme, sustentável e bem-sucedida".
Cuba
Sobre o tema que dominou os bastidores da preparação do encontro, a relação dos EUA com Cuba e a exclusão da ilha do sistema pan-americano, Obama defendeu um diálogo "amplo e objetivo". O governo de Cuba, desligado da Organização dos Estados Americanos (OEA) desde 1962, não foi convidado para a cúpula. O encontro, apesar de não ser realizado pela OEA, segue várias de suas recomendações.
"Nos últimos dois anos, tenho dito e repito hoje que estou preparado para que minha administração se comprometa com o governo cubano em uma ampla lista de temas, desde direitos humanos, liberdade de expressão e reforma democrática até drogas, migração e assuntos econômicos", disse o presidente americano. "Mas serei claro: não estou interessado em falar por falar, mas acredito que podemos conduzir as relações entre Cuba e Estados Unidos a uma nova direção".
Na abertura da cúpula, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, pediu aos Estados Unidos a suspensão do embargo a Cuba mantido desde 1962, que qualificou de "anacronismo", e disse que não pode perder esta oportunidade histórica de construir "uma nova relação entre as Américas".
O embargo econômico dos EUA a Cuba teve início em fevereiro de 1962, em retaliação às expropriações contra empresas e cidadãos americanos que Fidel Castro determinou no ano anterior, ao declarar a natureza socialista da revolução cubana. Desde 1961, os dois países não mantêm relações diplomáticas.
Nesta quinta-feira, em visita ao México, Obama afirmou que recente supensão das restrições a viagens e remessas a Cuba por parte dos EUA representa "uma demonstração de boa vontade" à qual espera que o governo cubano responda. Ele reconheceu que a mudança em Cuba não ocorrerá de repente e disse que "uma relação congelada durante 50 anos não derrete da noite para o dia".
Também nesta quinta-feira, o presidente de Cuba, Raúl Castro, manifestou a disposição por um diálogo aberto com os Estados Unidos, mas apenas em "igualdade de condições e sem a menor sombra sobre a soberania" cubana.
"Já mandamos dizer ao governo americano, inclusive em público, que estamos abertos a discutir tudo, direitos humanos, liberdade de imprensa, presos políticos, (...) mas isto deve ser em igualdade de condições, sem a menor sombra sobre nossa soberania e sem a mínima violação do direito a autodeterminação do povo cubano", disse Castro em Cumaná (leste da Venezuela), durante a reunião Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA).
Chávez presenteia Obama com livro e acena paz em cúpula
Chávez presenteia Obama com livro frequentemente citado pelo líder venezuelano
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, presenteou neste sábado o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com um livro em um sinal de "paz" com o governo americano no segundo dia da reunião da 5ª Cúpula das Américas, em Puerto España. A obra, "As veias abertas da América Latina", trata da retirada dos recursos naturais que no continente sofreu entre o século 15 e o final do século 20.
Antes da abertura nesta sexta-feira, Obama apertou as mãos de Chávez, do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e do presidente da Bolívia, Evo Morales. O líder boliviano foi o primeiro a ser saudado pelo americano. Enquanto os dois esperavam a interpretação do hino nacional de Trinidad e Tobago, o país anfitrião do evento, Obama se aproximou de Morales e apertou a mão do presidente da Bolívia.
Os tradicionais adversários dos Estados Unidos durante a Presidência de George W. Bush (2001-2008) comemoraram e tornaram público o gesto de Obama, de quem os líderes latino-americanos, em geral, esperam uma mudança das relações com a região.
Amizade
No salão do hotel Hyatt Regency, de Port of Spain, Chávez se viu frente a frente com Obama, a quem manifestou desejo de começar uma "amizade". "Com esta mesma mão, há oito anos, eu cumprimentei Bush. Quero ser seu amigo", afirmou ao novo líder americano, ao apertar com força a mão de Obama, de acordo com um comunicado divulgado pelo governo de Caracas.
Chávez se referia ao fato de ter cumprimentado Bush durante a 3ª Cúpula das Américas, realizada em Québec, mas, há quatro anos, os dois dirigentes se encontraram na reunião de Mar de prata e se evitaram.
Obama repetiu o gesto com o presidente da Nicarágua, a quem apertou a mão na mesma sala, onde todos os presidentes tiveram um rápido encontro antes da abertura da cúpula. O anúncio foi feito por Ortega durante discurso perante os líderes, quando discursou em nome dos países centro-americanos.
Ortega lembrou que, no passado, teve a oportunidade de se reunir com os chefes de Estado Jimmy Carter, Ronald Reagan e George H.W. Bush, pai do antecessor de Obama. Nesse sentido, o líder da Nicarágua disse ter esperança de que as relações de Estados Unidos com a América Latina mudem.
Após cumprimentas os adversários, Obama também saudou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a líder chilena, Michelle Bachelet.
Mais cedo, tinha conversado rapidamente com o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, e com o governante colombiano, Álvaro Uribe, enquanto que com dirigentes caribenhos discutiu assuntos econômicos, informou um alto funcionário da Casa Branca.
Obama cumprimenta Chávez, Evo e Ortega
O presidente americano estende a mão a dois de seus críticos, Hugo Chávez, da Venezuela (esq), e Evo Morales, da Bolívia
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apertou as mãos dos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, Nicarágua, Daniel Ortega, e Bolívia, Evo Morales, antes da abertura da 5ª Cúpula das Américas nesta sexta-feira. Os três dirigentes esquerdistas são os principais críticos da política externa americana na América Latina e se opõem à proposta de declaração final do encontro por não tratar do retorno de Cuba ao sistema pan-americano de nações.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apertou as mãos dos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, Nicarágua, Daniel Ortega, e Bolívia, Evo Morales, antes da abertura da 5ª Cúpula das Américas nesta sexta-feira. Os três dirigentes esquerdistas são os principais críticos da política externa americana na América Latina e se opõem à proposta de declaração final do encontro por não tratar do retorno de Cuba ao sistema pan-americano de nações.
Com Efe e France Presse
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