OMS declara gripe suína como 'emergência internacional'
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GENEBRA - A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o surto de gripe suína na América do Norte é um caso de "emergência na saúde pública internacional", significando que os países em todo o mundo deverão acentuar a vigilância e o alerta sobre a doença que supostamente teria matado 68 pessoas no México e contaminado 1 mil. A OMS teme que o surto se espalhe para outros países, transformando-se em uma pandemia, e pediu resposta coordenada para conter a gripe suína.
Nos Estados Unidos, o Departamento de Saúde do Kansas confirmou dois casos de gripe suína no Estado, enquanto autoridades da Cidade de Nova York anunciaram que possivelmente oito estudantes estariam contaminados. Pelo menos oito casos, não fatais, foram também reportados na Califórnia e no Texas. O governo mexicano divulgou um decreto especial concedendo poderes do Departamento de Saúde para isolar pacientes e inspecionar residências, pessoas que chegam ao país e bagagens a fim de evitar um alastramento da doença
A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, tomou a decisão de decretar situação de emergência após convocação de um comitê de crise pela primeira vez desde que o grupo foi criado, há dois anos. Chan havia dito mais cedo que o surto da gripe suína tem potencial de se tornar uma pandemia. Mas a OMS evitou elevar o nível de alerta para pandêmico, citando haver necessidade de obter mais informações sobre a doença
Chan também informou que "seria prudente que as autoridades de saúde dos países fiquem alerta para surtos de doenças semelhantes a gripe ou pneumonia, especialmente em períodos fora do normal". Segundo ela, "outro importante sinal é excesso de casos de gripe severa ou fatal em grupos além de crianças ou idosos, que normalmente são os mais atingidos".
Mais de mil pessoas ficaram doentes no México. Em algumas delas foi confirmada a contaminação por um tipo de vírus da gripe suína chamado A/H1N1. Essa variante particular do vírus não tinha sido vista anteriormente em suínos ou humanos, embora tenha havido casos de contaminação pelo H1N1. "Esta é uma grande preocupação para nós da OMS", disse Hartl.
A atual vacina sazonal para gripe não oferece proteção para essa nova doença, mas o antiviral Tamiflu parece ser efetivo contra o H1N1. "México e EUA têm grandes estoques de Tamiflu", afirmou o porta-voz da organização. Segundo o porta-voz da OMS, Aphaluck Bhatiasevi, testes iniciais mostraram que o medicamento antiviral Tamiflu, fabricado pela companhia farmacêutica Roche Holding, sediada na Basileia, parece ser efetivo contra o vírus que causa a gripe suína.
"A informação que temos até agora é de que o vírus reage ao Tamiflu", disse o porta-voz da OMS, Aphaluck Bhatiasevi, à agência Dow Jones. A OMS espera obter informações conclusivas sobre o potencial do medicamento no combate à doença nos próximos dias. A OMS, que mantém conversações com a Roche sobre fornecimento de estoques de emergência do medicamento, tem capacidade de mobilizar cerca de 300 milhões de tratamentos em adultos, assim como um número de tratamentos em crianças, disse Bhatiasevi. Antes do encontro de emergência deste sábado, a OMS pediu aos países que implementem medidas ativas de vigilância. A Roche confirmou que pode distribuir vários milhões de doses do Tamiflu, caso o tratamento se mostre realmente eficiente.
O governo francês convocou um grupo de crise para atuar na situação, prevendo o aparecimento de casos suspeitos nos próximos dias em consequência do elevado número de voos para o país. A Escola Francesa no México já foi fechada e os cidadãos franceses que vivem no México instruídos sobre como evitar serem contaminados.
As autoridades chilenas ordenaram um alerta sanitário que inclui inspeção nos aeroportos de passageiros provenientes do México. No Peru, as autoridades também disseram que irão monitorar passageiros provenientes do México, dos Estados Unidos e pessoas com sintomas de gripe serão avaliadas por equipes de saúde. O Ministério da Saúde brasileiro igualmente anunciou medidas de supervisão da saúde em todos os pontos de entrada no país. Alguns países asiáticos já reforçaram a fiscalização de passageiros provenientes do México.
Medidas no Brasil
O Ministério da Saúde comunicou neste sábado a criação de um Gabinete Permanente de Emergência, formado por representantes do próprio Ministério, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Agricultura. O grupo ficou responsável por acompanhar a evolução da gripe suína identificada no México e nos Estados Unidos, que já matou dezenas de pessoas no México. Segundo o comunicado, o gabinete deverá se reunir diariamente em Brasília.
O governo brasileiro afirmou no texto que "não há evidências da circulação do vírus da influenza suína em humanos no Brasil", e que pretende intensificar a fiscalização nos aeroportos. Além disso, o Ministério da Saúde orientou viajantes que estiveram no México e nos Estados Unidos recentemente para que fiquem atentos a possíveis sintomas da doença. "Os viajantes procedentes desses dois países e que apresentarem os sintomas devem procurar o posto da Anvisa no aeroporto de desembarque no Brasil", diz o comunicado. Os sintomas, segundo o ministério, são a ocorrência de febre acima de 39 graus acompanhada de problemas como tosse e/ou dores de cabeça, nos músculos e nas articulações.
Entre outras ações adotadas pelo governo brasileiro estão a distribuição para passageiros de voos para os dois países de materiais educativos com informações sobre sintomas, medidas de proteção e higiene; e orientações para procurar assistência médica. A tripulação das aeronaves também deve ser orientada a informar os passageiros, ainda durante o voo, sobre os sintomas que definem os casos suspeitos.
Apesar dos cuidados, o Ministério da Saúde fez questão de tranquilizar a população brasileira. "Reforça-se que não há recomendação para a população do Brasil usar máscaras cirúrgicas, a exemplo do que vem ocorrendo no México", diz um dos itens do comunicado. Em outro, o governo reforça que "o consumo de produtos de origem suína não representa risco à saúde das pessoas".
França, Nova Zelândia e Israel têm suspeita de gripe suína
Na França, as autoridades examinam dois casos suspeitos de gripe suína em pessoas recém-chegadas do México. Já na Nova Zelândia, um grupo de dez estudantes neozelandeses pode ter contraído a gripe suína durante uma viagem ao México, enquanto em Israel um homem foi internado após ter voltado do México com sintomas de gripe.
O diretor-geral do Ministério da Saúde, Didier Houssin, disse ao jornal Le Parisien que há "suspeitas, não confirmadas, sobre duas pessoas procedentes do México".
Segundo Houssin, que não deu detalhes dos dois possíveis casos de gripe suína, "não vão faltar outros casos" no país, dados os elevados deslocamentos entre França e México. No entanto, as autoridades francesas já criaram um centro de crise no Ministério da Saúde para acompanhar a evolução da situação no México e as possíveis consequências em território francês.
Já na Nova Zelândia, o ministro da Saúde, Tony Ryall, disse à imprensa local que ainda não há nenhum caso confirmado. Mas os exames preliminares aos quais os estudantes foram submetidos detectaram a presença de um vírus da gripe que contém a cepa de origem animal H1N1.
O ministro também declarou que nenhum dos dez estudantes está gravemente doente e que, aparentemente, todos estão se recuperando. Ainda segundo Ryall, nas próximas horas serão divulgados os resultados de exames mais detalhados.
Os dez suspeitos de estarem com gripe suína fazem parte do grupo de 25 universitários e três professores que ontem foram colocados em quarentena assim que chegaram à Nova Zelândia.
Em Israel, autoridades sanitárias ordenaram aos centros médicos que qualquer pessoa com suspeita de gripe suína seja colocada em quarentena até que os exames desmintam a doença. O Ministério de Assuntos Exteriores de Israel também publicou hoje uma série de recomendações higiênicas aos israelenses que se encontram no México, onde a gripe suína já matou dezenas de pessoas.
México
O Governo do México está tomando medidas para tentar conter a epidemia de gripe suína, que já deixou 20 mortos. O Mistério da Saúde admite, porém, que o número pode chegar a 81. Os colégios da capital do país e do Estado do México ficarão fechados até o dia 6 de maio. Há uma preocupação especial com a Cidade do México - que tem uma população de aproximadamente 20 milhões de habitantes.
Eventos esportivos e artísticos foram cancelados neste domingo, para evitar a possibilidade de o vírus se espalhar em grandes concentrações de pessoas. O Arcebispado da Cidade do México também anunciou a suspensão de todas as missas na capital.
Soldados e equipes de profissionais da saúde estão patrulhando aeroportos e estações de ônibus, em busca de pessoas que tenham os sintomas da gripe - entre eles enjoo, náuseas, febre, dores no corpo e diarreia. Autoridades de saúde dos EUA estão vigiando de perto os casos de gripe suína detectados em três Estados americanos e acompanhando as pessoas que recentemente estiveram no país vizinho.
EUA
A Casa Branca marcou para as 13h30 (de Brasília) deste domingo, 26, uma entrevista coletiva para discutir a gripe suína e a resposta da administração do presidente Barack Obama. As autoridades do governo que vão discutir a situação inclui a secretário de Segurança Doméstica, Janet Napolitano, e o diretor representante do Centro Para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), Richard Besser.
Até agora, pelo menos 11 casos de gripe suína foram confirmados nos estados da Califórnia, Texas e Kansas. Os pacientes têm idades de 9 anos a mais de 50 anos. Pelo menos duas pessoas foram hospitalizadas.
Um mortal cepa de gripe suína no México já matou cerca de 81 pessoas e provavelmente infectou 1.324 pessoas desde 13 de abril. O Conselho de Segurança Doméstica do presidente Obama está monitorando o surto, junto com o Departamento de Estado e o CDC.
Espanha investiga 3 casos de possível gripe suína
MADRI - Três espanhóis que regressaram recentemente do México e que apresentavam sintomas de gripe estão sendo submetidos a exames em Almansa, Bilbao e Valência, para determinar se estão infectados por gripe suína, que pode ter causado até 81 mortes no México.
A informação foi dada neste domingo pela ministra espanhola de Saúde, Trinidad Jiménez.
O primeiro caso de que se teve conhecimento foi durante a noite de sábado, e os outros dois na madrugada e na manhã de domingo. Nenhum mostra gravidade, segundo a ministra.
"Eles estão sendo atendidos, examinados", disse. De acordo com a ministra, é preciso esperar 48 horas para ver os resultados.
Ela acrescentou que foram pedidas à autoridade aeroportuária informações sobre os passageiros que compartilharam o voo com as três pessoas examinadas.
"Neste momento não temos uma situação de emergência, mas estamos trabalhando para nos antecipar", afirmou a ministra. "Não é necessário alarmar a população."
Nova cepa de gripe é mistura genética
Uma gripe suína letal nunca vista antes apareceu no México, matando ao menos 16 pessoas e suscitando temores de uma possível pandemia. Autoridades da Organização Mundial de Saúde afirmaram que a gripe matou cerca de 60 mexicanos.
Abaixo, alguns dados sobre esse vírus e sobre os vírus da gripe em geral:
* A OMS confirmou ao menos alguns dos casos de uma cepa nunca vista antes do vírus influenza A, de designação H1N1.
* Embora seja chamada de gripe suína, essa nova cepa não tem infectado porcos e nunca foi vista em porcos. A ameaça é a transmissão de pessoa a pessoa.
* Ela é geneticamente diferente do vírus da influenza sazonal H1N1, totalmente humano, que tem circulado pelo mundo ao longo dos últimos anos. O novo vírus da gripe contém material genético típico de vírus humanos, aviários e suínos, incluindo elementos de vírus suínos europeus e asiáticos.
* A OMS está preocupada, mas diz que é muito cedo para modificar o aviso do nível de ameaça para pandemia - uma epidemia global de uma gripe nova e perigosa.
* Quando uma nova cepa de gripe começa infectar pessoas e quando ela adquire a capacidade de passar de pessoa a pessoa, ela pode iniciar uma pandemia. A última pandemia foi registrada em 1968 e matou cerca de 1 milhão de pessoas.
* Nos Estados Unidos oito pessoas foram diagnosticadas com a nova cepa. Todas se recuperaram, mas os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA esperam o registro de mais casos.
* Os vírus da gripe sofrem mutação constantemente. É por isso que a vacina da gripe é modificada todos os anos e podem ter o material genético trocado num processo chamado de reagrupamento. A maioria dos animais pode pegar uma gripe, mas os vírus raramente são transmitidos entre espécies diferentes.
* Entre dezembro de 2005 e fevereiro de 2009, foram confirmados 12 casos de infecção humana com a influenza suína. Com a exceção de uma pessoa, todas as outras tiveram contato com porcos. Nesses casos não houve evidência de transmissão entre humanos.
* Os sintomas da gripe suína nas pessoas são similares aos da influenza sazonal - febre repentina, tosse, dores musculares e cansaço extremo. A gripe suína parece causar mais diarréia e vômitos que a gripe normal.
* A gripe sazonal mata entre 250 mil e 500 mil pessoas em todo o mundo num ano normal.
* Em 1976, uma nova cepa de gripe suína começou a infectar pessoas e, preocupadas, as autoridades de saúde norte-americanas iniciaram uma ampla vacinação. Mais de 40 milhões de pessoas foram vacinadas. Mas uma série de casos da síndrome de Guillain-Barre -- uma condição severa e por vezes fatal relacionada a algumas vacinas -- levou o governo dos EUA a interromper a campanha. O incidente provocou uma grande desconfiança com relação a vacinas de forma geral.
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