Gripe suína atinge mais países; mortos no México podem chegar a 152

A epidemia de gripe suína chegou ao Oriente Médio e a Oceania nesta terça-feira, com casos confirmados da doença em Israel e Nova Zelândia. Alemanha, Argentina, China e Coreia do Sul anunciaram também nesta terça-feira que investigam suspeitas de contaminação pelo vírus. No México, onde o surto da doença começou, o número de suspeitas de morte por gripe suína chegou a 152, segundo Ministério de Saúde nacional. O número de mortos confirmados permanece em 22.

As autoridades mexicanas confirmam 22 mortes pela gripe suína e investigam outras 130. Segundo o ministro de saúde mexicano, Jose Angel Cordova, mais de 1.900 estão infectados com a doença.

A gripe suína é uma doença respiratória causada pelo vírus influenza A e que tem sintomas similares ao de uma gripe comum --febre, dor de cabeça, tosse, dores musculares e articulações, irritação dos olhos e fluxo nasal.

Dezenas de outros casos da doença foram confirmados em sete outros países: 50 nos Estados Unidos, seis no Canadá, três na Nova Zelândia, dois na Espanha, dois no Reino Unido e um em Israel. Nenhum destes países registrou mortes pela doença até o momento.


Funcionários sul-coreanos retiram amostra de saliva de bebê que acabara de chegar de viagem aos EUA

A lista de países com suspeita de vírus é ainda maior. Somente nesta terça-feira, Alemanha, Argentina, Coreia do Sul e China anunciaram casos de suspeita de contaminação --a maioria em pessoas que acabaram de voltar de viagem ao México.

As autoridades da Austrália anunciaram 70 casos suspeitos em praticamente todo o país. Áustria, Holanda e Hong Kong também anunciaram casos suspeitos.

Pacientes são mantidos em quarentena para exames na Coreia do Sul, Chile, Colômbia e Peru. No Brasil, os pacientes são mantidos em salas isoladas em hospitais de referência.

Na China, o representante da OMS, Hans Troedsson, afirmou que o país não tem casos prováveis nem confirmados, mas que várias pessoas estão em observação com sintomas suspeitos.

Diante deste cenário, a OMS (Organização Mundial de Saúde) aumentou nesta segunda-feira o nível de alerta de três para quatro, em uma escala de seis. Nesta escala, transmissões entre humanos de um vírus de gripe animal ou uma variação com parte de vírus humano e parte de vírus animal são capazes de provocar surtos da doença em comunidades.

"Isto significa que há um aumento significativo do risco de pandemia, mas esta ainda pode ser evitada", afirmou o número dois da OMS, Keiji Fukuda.

"Em uma época na qual as pessoas viajam de avião muito rapidamente por todo o mundo, não há nenhuma região para a qual o vírus não possa se expandir", explicou. "O vírus já se propagou e por isso fechar as fronteiras ou restringir as viagens não servirá de grande coisa para conter a propagação", completou Fukuda.


Japonesa confere as máscaras disponíveis em loja de departamento no Japão. País ainda não registrou casos.


Origem

O México, único país com mortes pela doença até o momento, é visto como origem da epidemia de gripe suína que, apesar do nome, ainda não foi detectada em animais.

O ministro Cordova disse, contudo, que ninguém sabe ainda a origem da epidemia e sugeriu que ela pode ter começado nos EUA. "Eu acho muito arriscado dizer ou querer dizer qual o ponto de origem ou disseminação da doença, já que há casos relatados no sul da Califórnia e Texas", disse.

A investigação é dificultada pelo fato de não se saber onde exatamente ocorreu o primeiro caso da doença. Segundo Nancy Cox, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Atlanta, o primeiro caso em solo americano ocorreu em 28 de março.


Veterinário tailandês pega amostra de secreção de um porco para teste de gripe suína; doença não afetou o país

Já Cordova afirmou que uma amostra retirada de um menino de quatro anos no Estado de Veracruz, no México, no começo de abril testou positivo para gripe suína. Isso não indica, contudo, quando ele foi infectado.

A FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) anunciou nesta segunda-feira que enviará esta semana ao México um grupo de especialistas em saúde animal para ajudar o governo mexicano a "avaliar a situação epidemiológica no setor de produção suína".

O comunicado oficial informou que a organização enviará especialistas do Centro de Gestão de Crise-Saúde Animal, cujo objetivo é verificar se a nova variante do vírus H1N1, causador da doença, tem relação direta com os porcos.

A FAO pediu ainda que os técnicos do organismo no mundo todo relatem imediatamente sobre qualquer caso similar à gripe, e que enviem as amostras aos laboratórios de referência da organização.

O veterinário-chefe da FAO, Joseph Domenech, assegurou que não há evidência de ameaça para a cadeia alimentar, pois no atual estado se trata de uma emergência em nível humano, e não de animais.

Redução

Em uma primeira boa notícia desde o início da epidemia, Cordova afirmou que o número de novos casos de internação por sintomas de gripe suína reduziu no México. Foram 141 no sábado passado (25), 119 no domingo passado (26) e 110 nesta segunda-feira.

A redução pode ser o primeiro resultado de uma campanha lançada pelo México para prevenir o contágio em massa do vírus. O país cancelou todas as aulas até o próximo 6 de maio e já considera fechar o transporte público. Muitas empresas dispensaram os funcionários e a maioria anda com máscaras de proteção pelas ruas.

A Parada de Cinco de Maio, que celebra a vitória do Exército mexicano sobre a França em 5 de maio de 1862, e a tradicional Parada de Primeiro de Maio na Cidade do México foram canceladas. Mais de cem museus em todo o país foram fechados.

No aeroporto internacional da Cidade do México, famílias de todas as nacionalidades esperavam voos para deixar a capital e o centro da epidemia.

Conheça medidas adotadas ao redor do mundo contra a gripe suína

O novo tipo de gripe suína já matou 22 pessoas no México e contaminou 20 no vizinho Estados Unidos desde o último dia 13 obrigou países de todo o mundo, inclusive o Brasil, a adotar métodos de prevenção. Conforme a OMS (Organização Mundial de Saúde), a gripe tem potencial para chegar a pandemia (uma epidemia de grande alcance geográfico).

Confira algumas das precauções adotadas ao redor do mundo:

Brasil
- Tripulações e passageiros de aeronaves oriundas dos EUA e do México recebem materiais com informações sobre os sintomas da doença. Quando há suspeita, a pessoa é levada para um posto da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e, se necessário, encaminhada para um hospital da rede pública.
- Não há casos de suspeita da doença.

Alemanha
- Um comunicado sobre o perigo da gripe suína foi publicado no site do Ministério de Relações Exteriores alemão, mas nenhum alerta de viagem foi emitido.

América Central
- Os países da região aumentaram a fiscalização na fronteira e em aeroportos.
- No Panamá, funcionários dos aeroportos isolam os passageiros dos voos do México. Funcionários de saúde em El Salvador, na fronteira com Guatemala e Honduras, estão em alerta para casos de gripe.
- O ministério de Saúde da Nicarágua declarou estado de alerta.

Argentina
- O ministro da Saúde solicitou que equipes de bordo e passageiros em voos do México avisem imediatamente se tiverem sintomas da gripe. Além disso, o ministério pediu que o sistema de saúde da Argentina observe se há aumento de doenças respiratórias e promova campanhas de vacinação e hábitos de higiene preventivos.

Áustria
- O Ministério de Saúde informou que, devido a um plano elaborado em 2005, o país possui estoques de medicamentos antivirais capazes de atender 4 milhões de pessoas (metade da população); e possui capacidade de produzir vacinas profiláticas para toda a população.
- O país possui um estoque de 8 milhões de máscaras.

Chile
- O governo do Chile examina os passageiros que chegam de avião do México e dos EUA para verificar se há sinais de febre. Ainda observa um possível caso suspeito, mas descartou outros dois.
- O ministro da Saúde advertiu para as viagens ao México e aos EUA, e funcionários de fronteira monitoram os passageiros que chegam por terra por sintomas da gripe.

Colômbia
- Autoridades aumentaram a fiscalização e controle preventivo em hospitais, portos e nos principais aeroportos de Bogotá, especialmente para pessoas que chegam da Cidade do México, Texas e Califórnia.

Dinamarca
- Um plano nacional de prevenção a pandemias entrou em vigor assim que a ameaça da gripe suína foi identificada.
- O país possui estoques de medicamentos como Tamiflu.

Equador
- O governo diz que vai realizar exames médicos em pessoas com sintomas da gripe que chegarem de países com gripe suína. Oficiais dos serviços de saúde também colocaram hospitais em alerta para monitorar casos de febre.

Espanha
- Os voos para o México foram equipados com máscaras e luvas cirúrgicas.
- Três pessoas que chegaram do México com suspeitas de gripe estão em observação até que o diagnóstico seja confirmado, o que só deverá acontecer em dois dias.

França
- Oficiais dos serviços de saúde estão em alerta, e o ministério criou um gabinete de crise para monitorar a evolução da doença.
- Quatro pessoas, sendo três da mesma família, estão em observação por suspeita de gripe suína. Outros dois casos foram examinados e descartados.

Grécia
- O país possui "estoques estratégicos" de Tamiflu e outros medicamentos antivirais, informou o chefe do centro nacional de operações de saúde, Panagiotis Efstathiou.

Itália
- Fabricantes do presunto de Parma emitiram um comunicado assegurando os consumidores de que os produtos são seguros.

Oriente Médio
- A OMS recomendou que os países da região repitam as medidas de prevenção adotadas contra a gripe aviária e que monitorem pessoas que tenham retornado do México e dos EUA com sintomas de gripe, mas que não é necessário impor isolamento para todos os viajantes dessa região. Esses países também devem verificar os estoques de Tamiflu.
- Os Emirados Árabes Unidos têm um estoque de 1 milhão de comprimidos de Tamiflu, o suficiente para 40 mil pessoas caso haja pandemia, disse o diretor de Assuntos de Saúde Pública da Autoridade de Saúde de Dubai, Ali Al Marzouki.
- Os Emirados Árabes Unidos também estuda a possibilidade de banir a importação de todos os produtos do México e dos EUA feitos de porco.

Peru
- O ministério da Saúde do Peru aumentou o controle nos aeroportos para detectar se alguém com sintomas da gripe entrar no país.

Reino Unido
- O país possui um estoque de drogas para tratamento de gripe, incluindo Tamiflu, e negocia um acordo para assegurar o número necessário de vacinas, para o caso de uma pandemia.
- O secretário de Saúde, Alan Johnson, afirmou esperar que pessoas que tenham viajado nas últimas semanas e estejam com sintomas de gripe sejam examinadas "muito, muito rápido".
- Um tripulante da companhia aérea British Airways que apresentava sintomas de gripe foi examinado, e a hipótese foi descartada.

República Tcheca
- O país possui um estoque de 2 milhões de doses de Tamiflu, o suficiente para um quinto da população, informou o chefe do serviço de saúde pública, Michael Vit.

Rússia
- O país proibiu a importação de carne do México, de diversos Estados americanos e de todo o Caribe, informou o chefe do setor, Nikolai Vlasov, à agência de notícias Reuters.
- Equipes médicas estão nos aeroportos internacionais procurando sintomas de gripe entre os passageiros que chegam do México, EUA e Canadá.

Venezuela
- A Venezuela disse que vai aumentar o controle de saúde em aeroportos para prevenir que a doença se espalhe e recomendou que os venezuelanos evitem viajar para os EUA e México.
- Equipes médicas estão nos aeroportos internacionais procurando sintomas de gripe entre os passageiros que chegam do México, EUA e Canadá.

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