O partido governista Congresso Nacional Africano (CNA) lidera a eleição na África do Sul com 65% dos 4,8 milhões de votos apurados. Até o momento, o cenário indica que a eleição parlamentar deve confirmar as previsões das pesquisas e eleger o controverso Jacob Zuma à Presidência, apesar de seu histórico de escândalos políticos e sexuais.
Um recorde de 23 milhões de sul-africanos se registraram para votar e os funcionários responsáveis pela eleição parlamentar indicam que o comparecimento pode ser maior do que a estimativa anterior ao dia de votação de 80%. Os resultados finais devem ser divulgados no fim desta quinta-feira ou nesta sexta-feira.
Se o Zuma parece ter garantido a Presidência sul-africana, o CNA tem dúvidas se conseguirá garantir dois terços dos votos, o que daria ao partido uma proporção equivalente de assentos no Parlamento. A maioria de dois terços permitiria a Zuma mudar a Constituição sem necessidade de apoio da oposição.
O Parlamento sul-africano elege o presidente do país por maioria simples. Assim, se a vitória do CNA for garantida, os parlamentares colocam Zuma no poder assim que a nova Assembleia votar, em maio deste ano.
Para o CNA, Zuma é o primeiro líder que pode energizar os eleitores e levá-los às urnas desde o legendário líder da luta antiapartheid Nelson Mandela, que apoiou o candidato. Contudo, os críticos apontam que Zuma não agrada a esquerda e os sindicalistas e não conseguirá cumprir suas promessas de criar empregos e garantir segurança econômica diante da crise mundial e à beira da sua primeira recessão em 17 anos.
Para cumprir essas promessas --e aprovar novos planos orçamentários-- Zuma precisa da maioria.
Uma maioria por margem estreita iria animar os investidores interessados em ver o controle do CNA atenuado. Apesar das garantias dadas por Zuma, eles temem que ele possa se curvar ao aliados às esquerda que defendem que as políticas responsáveis pelo longo período de crescimento do país têm prejudicado os pobres.
Mas com a África do Sul possivelmente já em recessão, a margem de manobra de Zuma é limitada. O ministro das Finanças, Trevor Manuel, apoiado pelo mercado, deve ser, por ora, mantido no cargo. "Nossa economia não vai se tornar ideológica, ela permanecerá racional", disse ele ao jornal italiano "Il Sole 24 Ore".
O maior representante da oposição o partido Aliança Democrática (AD) tem 18% dos votos. As estimativas apontam que o partido deve garantir liderança na crucial Província de Western Cape, centro do turismo e produção de vinho na África do Sul.
Já o Congresso do Povo (Cope, em inglês), partido formado em 2008 por dissidentes do CNA, tem pouco menos de 8% nos resultados preliminares --apesar das expectativas pré-voto de que seria um grande adversário ao CNA nas urnas.
O comparecimento foi grande, apesar de não haver ainda dados oficiais. Alguns dos cerca de 20 mil locais de votação ficaram sem cédula ou tiveram problemas com a velocidade na qual os eleitores enchiam as urnas.
Este cenário foi positivo para o CNA, que ganhou todas as eleições desde o fim do regime segregacionista apartheid, em 1994. Em 2004, o CNA ganhou 69,9% dos votos.
Embora a oposição tenha tentado ligar Zuma à imagem de corrupto e antidemocrático, a maioria pobre e negra do país se identificou com o passado de sofrimento do candidato governista e com suas promessas populistas de emprego e saúde.
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