Advogado da Renascer chega ao MP com plano de demolição

Igreja tinha até as 15h para entregar documento, que chegou às 15h20.
Demolição do templo é necessária para que a perícia retome os trabalhos.




Um advogado da Igreja Renascer em Cristo chegou à sede do Ministério Público de São Paulo às 15h20 desta quarta-feira (21) com o plano de demolição do templo do Cambuci. A igreja tinha prazo até as 15h para entregar o documento. No domingo (18), o teto da sede mundial da igreja caiu durante um intervalo entre os cultos, deixando nove mortos e mais de cem feridos.

Esse plano é uma exigência do MP, uma vez que o desabamento comprometeu as estruturas que restaram do prédio e há o risco de as paredes caírem sobre os imóveis vizinhos. Nove casas estão interditadas na região.

Advogado Roberto Ribeiro, contratado pela Igreja Renascer (Foto: Paulo Toledo Piza

O advogado Roberto Ribeiro veio acompanhado de um representante da empresa de demolição para a reunião com a promotora de Habitação e Urbanismo Mabel Tucunduva. O subprefeito da Sé, Amauri Pastorelo, contou também ter vindo para acompanhar a audiência.

Ribeiro afirmou "não ter conhecimento" se a igreja comunicou a prefeitura sobre a obra no telhado, em novembro. Ele falou rapidamente com a imprensa e entrou no prédio. O advogado não deu detalhes sobre o plano.

Pouco antes, tinha chegado Pastorelo. Segundo ele, o plano de ação deve conter a "sequência lógica" da demolição, a forma como será derrubado o resto da estrutura da igreja, que é a sede mundial da Renascer.


Preservando provas


Pastorelo ressaltou a importância de um trabalho bem feito para que se preservem as provas. "A demolição não pode apagar as evidências". Pastorelo explicou ainda que o plano passará pelo crivo do Instituto de Criminalística. A demolição é necessária para que a perícia retome os trabalhos no local e investigue as causas do acidente.

Na terça-feira (20), peritos e consultores contratados pela Renascer estiveram no local para avaliar com será feita a demolição. Enquanto isso não acontece, os vizinhos temem novos desmoronamentos.

A polícia acredita que a tragédia tenha sido provocada por uma série de irregularidades. Uma delas diz respeito à documentação da igreja. A prefeitura diz que o alvará de funcionamento do prédio não tinha validade e que não foi informada sobre a última reforma do templo, como manda a lei.

A empresa Etersul, contratada para realizar a troca de telhas em outubro do ano passado, não tem registro no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo (Crea). O dono diz que foi chamado porque havia goteiras no teto da igreja. Ele afirmou ter trocado 1,6 mil telhas, de 18 kg cada. Segundo ele, as quase 30 toneladas de telhas foram trocadas sem nenhum projeto de engenharia.

A reforma foi feita depois da expedição do último alvará de funcionamento, dado em 15 de julho de 2008. Entretanto, depois de qualquer obra, a lei exige laudos técnicos para a expedição de um novo alvará.

O delegado que cuida do caso informou que 10 vítimas da tragédia já prestaram depoimento. Segundo ele, outras serão ouvidas, além dos responsáveis pela igreja e pelas vistorias feitas no prédio.

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