Itaú e Unibanco anunciam fusão e criam maior grupo financeiro do Hemisfério Sul

A Itaúsa --empresa de participações do grupo Itaú-- e o Unibanco anunciaram nesta segunda-feira que irão fundir suas operações financeiras, o que formará o maior banco do país e o maior grupo financeiro do Hemisfério Sul, segundo comunicado divulgado pelos bancos.

"Os controladores da Itaúsa e da Unibanco Holdings comunicam ao mercado que assinaram nesta data contrato de associação visando à unificação das operações financeiras do Itaú e do Unibanco de modo a formar o maior conglomerado financeiro privado do Hemisfério Sul, cujo valor de mercado fará com que ele fique situado entre os 20 maiores do mundo. Trata-se de uma instituição financeira com a capacidade de competir no cenário internacional com os grandes bancos mundiais", informaram as duas empresas em comunicado ao mercado.

Segundo as duas instituições, o total de ativos combinado é de mais de R$ 575 bilhões --contra R$ 403,5 bilhões do Banco do Brasil, e R$ 348,4 bilhões do Bradesco, de acordo com dados de junho do Banco Central

Em comunicado, as instituições informaram que a fusão é resultado de 15 meses de negociação e de "uma forte identidade de valores e visão convergente de futuro".

A presidência do Conselho de Administração ficará a cargo de Pedro Moreira Salles (pelo Unibanco) e o Presidente Executivo será Roberto Egydio Setubal (pelo Itaú). O Conselho de Administração do novo banco será composto por 14 membros, sendo que seis serão indicados pelos controladores da Itaúsa e pela família Moreira Salles, e os demais serão independentes.

"Esta operação surge em momento de grandes mudanças e oportunidades no mundo, particularmente no setor financeiro. O novo banco consolida-se em um cenário que encontra o Brasil e o seu sistema financeiro em situação privilegiada, com enormes possibilidades de melhorar ainda mais a sua posição relativa no cenário global", informam.

Para ser concretizada, a fusão ainda terá que ser aprovada pelo Banco Central e por órgãos reguladores como a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Clientes

Conforme as empresas, "nada muda operacionalmente neste momento" para os clientes do Itaú e do Unibanco. "Todos continuarão a utilizar normalmente os diferentes canais de atendimento, cheques, cartões e demais produtos e serviços."

Segundo o Itaú e o Unibanco, com a fusão dos dois bancos serão aproximadamente 4.800 agências e postos de atendimento (representando 18% da rede bancária) e 14,5 milhões de clientes de conta corrente (18% do mercado). Em volume de crédito, representará 19% do sistema brasileiro, e em total de depósitos, fundos e carteiras administradas atingirá 21%.

Conforme as duas instituições, as operações de cartões de crédito passam a contemplar as empresas Itaucard, Unicard, Hipercard e Redecard.

No mercado de seguros, o novo grupo nasce com uma participação de 17% e de 24% em previdência. As operações Corporate (para empresas) vão somar mais de R$ 65 bilhões, com atendimento a mais de 2.000 grupos econômicos no Brasil, conforme os dois bancos, que também informaram que o negócio de Private Bank (gestão de grandes fortunas) será o maior da América Latina, com aproximadamente R$ 90 bilhões de ativos sob gestão.

Mercado de ações

O acordo firmado entre as duas partes determina que os acionistas do Unibanco migrarão para uma nova companhia que se chamará Itaú Unibanco Holding Financeira, cujo controle "será compartilhado, entre a Itaúsa e os controladores da Unibanco Holdings, por meio de holding não financeira a ser criada no âmbito da reorganização."

As ações ordinárias do Unibanco e da Unibanco Holdings serão substituídas por ações ordinárias da Itaú Unibanco Holding. Cada 1,1797 ação das duas empresas virará 1 ação da Itaú Unibanco Holding. Já cada 1,7391 ação Unit do Unibanco passará a valer 1 ação preferencial. Por sua vez, cada 3,4782 ações preferenciais do Unibanco e da Unibanco Holdings valerão 1 preferencial da nova empresa.


Na mira das fusões & aquisições


Segue abaixo o ranking dos 25 maiores bancos, pelo valor dos ativos (balanços de junho). Há muitos bancos menores que podem ser varridos, mas têm ativos bem menores que RS 10 billhões. Para a disputa da liderança do mercado brasileiro, os bancos que deveriam estar na mira, dado o seu tamanho, são os grifados em vermelho.





Itaú e Unibanco, Bradesco e especulações


1. O rumor no mercado sobre a venda do Unibanco vinha de anos. Na verdade, executivos do banco dizem que o Unibanco recebeu, sim, várias propostas de compra, de bancos estrangeiros;
2. Outro rumor no mercado, mas que fervia faz semanas, era sobre as avarias que a crise provocara no Unibanco. Hoje, o Itaú e o Unibanco "se uniram". Qual rumor era verdadeiro? O mau estado do Unibanco no pós-crise ou as longas conversas a respeito da venda do banco?;
3. Na nota que soltaram sobre a operação, os bancos dizem que as conversas sigilosas vinham de 15 meses. Mas a operação foi concluída durante a maior crise bancária mundial em 80 anos. Então "era tudo verdade" (os dois rumores, da venda do Unibanco e o de suas avarias)?
4. "Trata-se de uma instituição financeira com a capacidade de competir no cenário internacional com os grandes bancos mundiais", diz a nota dos bancos sobre a fusão. Enfim um banco brasileiro vai mesmo tentar ser internacional? Faz sentido, em tese. Agora, há bancos baratos para comprar pelo mundo todo. Mas, se o Itaú levou o Unibanco, tão cedo vai ter fôlego para levar mais alguém?
5. O Bradesco enfim ficou bem menor que o Itaú, coisa que deve causar algum ranger de dentes em Osasco. Aliás, os ativos do Itaú-Unibanco agora são maiores que os do Banco do Brasil.
6. O único alvo grande na mira nacional do Bradesco é a Nossa Caixa. Lula queria que o Banco do Brasil levasse a Nossa Caixa, que José Serra quer vender. O governo até aproveitou uma das medidas provisórias da crise para facilitar a venda da Nossa Caixa para o BB. A medida já era bombardeada pelos parlamentares do lobby bancário. Agora, vai ter briga de foice para eliminar esse artigo da medida provisória;
7. O Bradesco vai fazer a rapa dos banco menores? Vai comprar banco estrangeiro?
8. Ontem, os banqueiros de Itaú e Unibanco foram contar a Lula da fusão. Quando os banqueiros do Bradesco irão ao Planalto pedir a Lula que deixe a Nossa Caixa para eles?

Mantega diz que fusão do Itaú com Unibanco fortalece sistema financeiro

A fusão dos bancos Itaú e Unibanco, anunciada hoje, deve fortalecer o sistema financeiro nacional e evitar problemas na liberação de crédito no país, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Após participar de reunião do Palácio do Planalto, o ministro comentou o negócio que formará o maior banco do país e o maior grupo financeiro do Hemisfério Sul.

"É importante, pois solidifica os dois bancos. É normal que eu um momento de turbulência, de problemas internacionais do setor financeiro, você tenha um movimento de fusões. São dois bancos tradicionais, dois bancos sólidos, que têm uma atuação importante para a atividade econômica", afirmou Mantega.

O ministro destacou também a questão que mais preocupa hoje o governo, que é a falta de crédito no sistema financeiro.

"Eu credito que é um fato importante que, nesse momento, eles se unam de modo a continuar cumprindo o papel de liberar crédito", afirmou.

Mantega reconheceu que a fusão vai aumentar a concentração do sistema financeiro nacional, mas afirmou que esse fator é positivo na medida em que fortalece as instituições que atuam no país.

"Vai mudar um pouco, mas não muito, porque ele já é um setor concentrado. O importante é que essa concentração vem no sentido de fortalecer o sistema financeiro', afirmou. 'Elas vão ter um poderio financeiro maior.'

Um dia depois do outro

O ministro também comentou o fato de o Banco do Brasil, que comemora em 2008 os seus 200 anos, ter perdido o posto de maior instituição do país.

"Momentaneamente ele perde a liderança, mas a vida é assim, nada como um dia depois do outro. Ele terá chance também de correr atrás e se refazer", afirmou o ministro. "Se ele é o primeiro ou segundo ou terceiro não é tão relevante, mas garanto que ele vai continuar crescendo."

No final do mês passado, o governo editou uma medida provisória que permite a compra de bancos provados pelo BB e pela Caixa. A medida ainda está em análise no Congresso. Até hoje, esse tipo de negócio era proibido.

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