Sonda parte hoje em direção às fronteiras do sistema solar


Do tamanho de um pneu de ônibus, a Ibex vai trilhar a rota das precursoras Voyager 1 e 2 e desbravar região em que o vento solar se choca com gases frios do espaço interestelar

ma pequena sonda espacial, do tamanho de um pneu de ônibus, parte hoje da Terra para se tornar um dos principais instrumentos humanos para desbravar o universo. A Ibex (sigla para Exploradora da Fronteira Interestelar, em inglês) foi projetada pela Nasa, a agência espacial americana, para olhar a borda do sistema solar.

Se a Terra é nossa casa, a sonda vai mapear o bairro onde moramos, para, quem sabe um dia, nos aventurarmos dentro e fora dele. O plano é estudar uma região caótica, onde o vento solar se encontra de forma violenta com gases frios do espaço interestelar, a bilhões de quilômetros da Terra.

O vento solar é formado por partículas ionizadas emitidas pelo Sol a uma velocidade de 1,6 milhão de quilômetros por hora. Essas partículas ionizadas constroem uma espécie de "bolha" ao redor do sistema solar, chamada de heliosfera. Ela impede a entrada da forma mais perigosa de radiação cósmica.

Segundo o chefe da missão, David McComas, do Instituto de Pesquisas do Sudoeste em San Antonio (EUA), as observações ajudarão os pesquisadores a "desvendar os segredos da importante interação entre o Sol e a galáxia".

A Ibex não seguirá até o fim da heliosfera - ficará estacionada em uma órbita alta da Terra. A partir dali, usará dois sensores para coletar informações sobre a massa e a energia do vento solar, em todas as direções.

Esses dados serão usados pelos cientistas para montar um mapa dos limites do sistema solar, de forma a permitir a total compreensão das relações entre o Sol e o que está ao redor. A previsão é de que a primeira visão total seja obtida nos primeiros seis meses de missão.

Há outras perguntas a serem respondidas. Recentemente, cientistas descobriram que a pressão do vento solar é a mais fraca dos últimos 50 anos. O motivo ainda é desconhecido. Uma das hipóteses levantadas é a de que a heliosfera está encolhendo - tese que pode ser confirmada ou refutada pela Ibex.

A missão custará à Nasa US$ 165 milhões (cerca de R$ 348 milhões) e tem duração programada de dois anos, com possibilidade de sobrevida. A sonda será lançada por um foguete Pegasus, que por sua vez sairá de um avião especial sobre o Pacífico, que levanta vôo hoje, perto do meio-dia.

O foguete levará a Ibex até uma altura de 209 quilômetros acima da Terra. A partir desse ponto, ela subirá ainda mais, a até 320 mil quilômetros.

OS PRECURSORES

A construção da Ibex segue duas das mais bem-sucedidas missões espaciais da história da Nasa: a Voyager 1 e a Voyager 2. Lançadas em 1977 para explorar os planetas mais distantes, a primeira sonda ultrapassou os limites do sistema solar em dezembro de 2004 e a segunda, em agosto de 2007.

Apesar do longo tempo de vôo, elas ainda tiveram fôlego para enviar aos cientistas dados importantes coletados fora da heliosfera, como uma oscilação apresentada pelas partículas ionizadas na região e o comportamento de raios cósmicos anômalos nessa área limítrofe.

A viagem delas também mostrou que a heliosfera não é uma esfera - ela parece, na verdade, ter o formato de um ovo cozido, devido a uma deformação no campo magnético que permeia o espaço nos arredores do sistema.

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