'Não há subprime na economia brasileira', afirmou ministro.
Segundo ele, empresas têm caixa e perdas são 'absorvíveis'.
Marcelo Cabral
Do G1, em São Paulo
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta segunda-feira (27), em São Paulo, que "não há subprime na economia brasileira", referindo-se aos problemas com derivativos cambiais enfrentados por empresas como Aracruz, Sadia e Votorantim. Ele admitiu, porém, que existe um problema.
"Não sei o tamanho. Pode ser US$ 10 bilhões, US$ 15 bilhões ou US$ 20 bilhões, mas é perfeitamente absorvível. As empresas têm caixa", ressaltou.
De acordo com o ministro, a perspectiva é que essas empresas equacionem seus problemas nos próximos dias. Conforme Mantega, não haverá "nenhum subsídio, nenhuma concessão especial" para quem perdeu dinheiro com operações de câmbio. Mas ele confirmou que o governo terá de fornecer crédito para as empresas como um todo, uma vez que há escassez para alguns segmentos.
Guido Mantega participou nesta segunda-feira de uma reunião, no escritório da Presidência na capital paulista, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles. Eles fizeram uma avaliação do quadro internacional e, nas palavras do ministro, constataram que "não há uma melhora substancial" no quadro.
Panorama sombrio
O ministro disse que a situação envolve perdas de ativos em diversas bolsas de valores mundiais e afirmou que agora existe uma certeza que haverá recessão em diversas economias. No caso do Brasil, Mantega que "o impacto o continua o mesmo".
Segundo ele, existe falta de crédito, especialmente para os setores de exportação, da construção civil e automobilístico. Para o ministro, ainda continua a haver retenção de crédito pelos bancos, que operariam hoje com 70% a 80% do nível de empréstimos de antes da crise.
De acordo com ele, o governo está tomando ações para irrigar o sistema financeiro com liquidez, com mudanças nas regras dos empréstimos compulsórios. Nesta segunda-feira, o Banco Central anunciou novas medidas neste sentido, com o objetivo de injetar R$ 6 bilhões na economia. Com essas ações, o BC, diz Mantega, já reverteu R$ 50 bilhões para o sistema financeiro. Além disso, ele também citou os novos leilões de dólares para as empresas exportadoras promovidos pelo Banco Central.
Entre os problemas mencionados pelo ministro no panorama econômico brasileiro estão os fundos de hedge, que estão retirando dinheiro de mercados emergentes, como o Brasil, e o processo de desvalorização de diversas moedas perante o dólar e o yen - o que redirecionaria o dinheiro antes investido em países emergentes para nações desenvolvidas.
Questionado se compraria um imóvel ou carro a prestação neste momento, Mantega respondeu: "Estou comprando um imóvel em oito ou dez parcelas. Acho que devemos procurar ter uma vida normal. Não podemos deixar que haja contágios da crise na economia". Para o ministro, "se todo mundo ficar preocupado, ficar com medo, aí é que vai criar um problema econômico"
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