G7 promete medidas para desbloquear crédito e evitar quebra de bancos

Os países membro do G7 acordaram nesta sexta-feira tomar "todas as medidas necessárias para desbloquear o crédito e os mercados monetários" para que os bancos disponham de "amplo acesso à liquidez" (oferta de dinheiro).

O grupo dos sete países mais industrializados, reunido em Washington, anunciou a adoção de um "plano de ação" de cinco pontos para enfrentar a crise financeira internacional.

O plano pretende utilizar "todos os instrumentos à disposição" para impedir a quebra dos principais bancos, cuja falência teria repercussões sobre todo o sistema financeiro.

"O G7 concorda que a atual situação exige uma ação urgente e excepcional", destaca um comunicado do Tesouro dos Estados Unidos.

"Nos comprometemos a prosseguir trabalhando juntos para estabilizar os mercados financeiros, restaurar o fluxo de crédito e apoiar o crescimento econômico global".

O G7 também se compromete a fazer o necessário para desbloquear o mercado de crédito hipotecário e destaca a necessidade de se conceder aos bancos a capacidade de elevar seu capital junto aos setores público e privado, visando a restabelecer a confiança.

"As ações deverão ser adotadas de forma que protejam os contribuintes e evitem os efeitos potencialmente prejudiciais em outros países. Utilizaremos ferramentas de política macroeconômica quando for necessário e apropriado", afirma o grupo.

Em pronunciamento nesta sexta-feira, o presidente dos EUA, George W. Bush, disse que o sistema financeiro americano não está isolado do resto do mundo e atribuiu relevância às reuniões entre o governo americano e representantes do G7 e do G20 para coordenar os trabalhos de salvamento do sistema financeiro.

Bush destacou a preocupação dos cidadãos americanos com contas bancárias, investimentos e segurança econômica, mas afirmou que o governo está agindo e continuará a agir para resolver a crise e restabelecer a estabilidade no mercado financeiro.

O presidente disse ainda que os EUA dispõem de diversas ferramentas para lidar com a crise e as estão usando de forma "agressiva".

"Com a queda no mercado imobiliário, os ativos ligados sofreram muitas perdas, e por isso muitos bancos estão perdendo capital e confiança para fazer novos empréstimos. Isso fez o sistema de crédito congelar", disse Bush.

O presidente lembrou que o pacote de US$ 700 bilhões, aprovado pala Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados) na sexta-feira (3) e no mesmo dia sancionado por Bush, autoriza o Departamento do Tesouro a usar uma "variedade de medidas para ajudar os bancos a reconstruir seu capital" através da "compra de papéis de instituições financeiras".

Segundo analistas, a menção de Bush lembra a que já foi feita por outros representantes do governo, de compra de participação em bancos comerciais. Ontem, o diário americano "The New York Times" informou que fontes do governo já comentam a possibilidade de uma nacionalização parcial do sistema bancário americano, como já ocorreu em alguns bancos europeus.

Veja os pontos:

1 - Adotar ações decisivas e utilizar todas as ferramentas disponíveis para apoiar as instituições financeiras importantes para o sistema e evitar sua falência.

2 - Dar todos os passos necessários para descongelar os mercados de crédito e câmbio e garantir que os bancos e outras instituições financeiras tenham amplo acesso à liquidez e fundos.

3 - Garantir que bancos e outros intermediários financeiros maiores possam, segundo sua necessidade, reunir capital de fontes públicas e privadas, em volumes suficientes para restabelecer a confiança e prosseguir com os empréstimos para famílias e negócios.

4 - Assegurar que os respectivos seguros nacionais de depósitos e programas de garantias sejam suficientemente robustos e consistentes para que os pequenos correntistas mantenham a confiança no sistema.

5 - Atuar, quando for apropriado, para reativar os mercados secundários para hipotecas (os mercados de compra de hipotecas por entidades financeiras).

Mercado

O mercado financeiro teve mais um dia de pânico e instabilidade com as notícias de que a crise já chegou à economia real. As perdas foram amenizadas ao longo do dia, com investidores esperançosos de que a reunião do G7 trouxesse algum alento.

Investidores voltaram às compras na última meia hora de pregão e evitaram que a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) fechasse o dia com perdas de quase 9%. Pela manhã, a Bolsa suspendeu os negócios por meia hora quando o índice Ibovespa desabou 10,19%. O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, recuou 3,97% no fechamento e atingiu os 35.609 pontos, o seu nível mais baixo desde setembro de 2006. O giro financeiro foi de R$ 5,42 bilhões.

A Bolsa de Nova York, que chegou a retroceder 8% logo após a abertura, encerrou o dia em baixa de 1,49%. As Bolsas asiáticas desabaram: a Bolsa de Tóquio fechou em baixa de 9,62%. As Bolsas européias seguiram pelo mesmo caminho: em Londres, as ações caíram 8,9% (pelo índice FTSE), enquanto a Bolsa alemã perdeu 7%.

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