Em tempos de crise, informação vira 'arma' contra perdas

Corretoras e bancos buscam explicar turbulências para investidores.
Segundo analistas, educação financeira ajuda a reduzir prejuízos.
Marcelo Cabral Do G1, em São Paulo

Em tempos de turbulência financeira, com quedas recordes nas bolsas de valores, bancos e financeiras criam ferramentas – cursos, bate-papos e palestras com especialistas em mercado – para evitar o pânico entre os clientes. O objetivo é oferecer informações básicas para evitar que os investidores tomem decisões equivocadas.

ara tentar explicar a tormenta econômica, a XP Investimentos criou a palestra “Aprenda a transformar crise em oportunidade”.

“Acreditamos muito na educação do investidor. Queremos que ele saiba do risco inerente e das recompensas que que existem no momento atual”, Rogério Thomé, gerente da filial São Paulo da empresa.

Segundo ele, o perfil dos investidores que se interessam pela palestra é bastante diversificado. “Já vi avô que veio assistir com o neto e senhores que trouxeram as filhas, já casadas, para mostrar como funciona o mercado."

“As pessoas têm medo do que não conhecem. Queremos mostrar a importância do termo estratégia. As pessoas esquecem desse termo quando o mercado só sobe, mas é na hora da queda que isso ganha mais importância. Com conhecimento, é possível reduzir as perdas com a crise”, ressalta Thomé.


Mitos da bolsa

Outro destaque da empresa é o curso “Aprenda a investir na bolsa de valores”. Segundo Thomé, um dos objetivos do programa é “desmistificar” o investimento no mercado financeiro.

Muita gente pensa que a bolsa é um jogo, um cassino, em que o sucesso depende da sorte. Ou então que precisa de muito dinheiro para investir. Queremos mostrar que, na verdade, qualquer um pode investir."

Além disso, o curso também busca mostrar como um dos velhos princípios do mercado – o clássico “comprar na baixa, vender na alta” – pode ser a chave para um investimento inteligente em momentos de crise.

“Essa regrinha infalível é justamente o que o investidor não faz. Se você achava que uma empresa era maravilhosa antes, porque você foge agora? A empresa ficou ruim de repente ou o que mudou foi o cenário, e o potencial continua lá?”, questiona Thomé.


Aposta na tecnologia


A tecnologia é a aposta principal da corretora Win para tentar explicar como investir em tempos de crise. Todo o material criado pela empresa é disponibilizado gratuitamente para qualquer internauta que acesse o site da empresa.

“Um dos mecanismos mais procurados é a sessão semanal de podcasting com especialistas”, diz Ivan Marasco, gerente de marketing e web da Win. Segundo ele, na sexta-feira, após o fechamento dos mercado - ou na segunda, antes da abertura - os analistas da empresa fazem uma espécie de “mesa-redonda” com o balanço da semana ou das perspectivas para o período que se inicia.

Para investidores com mais experiência, a empresa também disponibiliza um fórum em sua homepage, onde um analista fica à disposição durante todo o dia respondendo perguntas e fazendo análises sobre os principais papéis e empresas.



Já para as dúvidas mais básicas, existe no site uma sessão de perguntas frequentes chamada Dr. Win, além de uma palestra online para investidores iniciantes, que explica o funcionamento básico do mercado financeiro.

A empresa afirma que, depois do agravamento da crise, percebeu um aumento no interesse pelo material disponível no endereço eletrônico. Segundo eles, o número de acessos no site aumentou 20% desde julho.



“Muitos investidores, especialmente os mais jovens, ficaram assustados. É por isso que tentamos educar as pessoas e mostrar que é possível ficar hoje numa boa posição para quando o mercado começar uma retomada”, confirma Marasco.



Interação

O Banco Real também utiliza a internet como ferramenta para tranquilizar os investidores frente às turbulências do mercado financeiro.


Uma vez a cada 40 dias, aproximadamente, o banco realiza em seu endereço eletrônico um videochat com especialistas para falar sobre a crise econômica e as conjunturas do mercado. Os participantes podem enviar perguntas e interagir com o entrevistado.

O resultado, segundo eles, é um sucesso. “Quando fizemos o videochat com o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, por exemplo, tivemos a presença de 6,5 mil internautas, quase o triplo do normal”, avisa o gerente de investimentos da instituição financeira, Felipe Vaz.

e acordo com ele, as principais perguntas têm sido sobre qual é o impacto da crise nos investimentos e quanto tempo ela ainda vai durar. O acesso ao serviço é gratuito e pode ser realizado a partir de um cadastro; não é necessário ser cliente do banco. “Essa é uma forma de nosso cliente potencial conhecer nossos serviços”, afirma Vaz.

Além disso, também existem eventos onde o banco convida investidores para ouvirem palestras sobre a situação do mercado. Segundo o gerente, em 2008 já aconteceram 280 encontros desse tipo – realizados nas agências do banco – que reuniram 16 mil pessoas.



Canais de contato

Já a consultoria Ágora mantém quatro canais para que o investidor possa se informar sobre a crise. O primeiro são as mesas de operação, onde os clientes podem entrar em contato com os profissionais que acompanham as negociações do mercado.

O segundo método é "proativo". Os especialistas da consultoria analisam as carteiras dos clientes e entram em contato com eles, para fazer sugestões sobre algumas eventuais mudanças no perfil do investimento.

“De repente a carteira está muito concentrada em um ativo. Então sugerimos que pode ser mais prudente diversificar”, explica Hélio Pio, gerente comercial da consultoria.

O companhia também tem a Ágora TV, um canal online com caráter educativo, onde são disponiblizadas palestras, cursos e programas ao vivo. Finalmente, existem as palestras presenciais, feitas em nos escritórios, para falar sobre a situação econômica e as oportunidades de investimento.

“O objetivo é deixar o investidor mais bem informado, para que ele possa entender a crise, tirar suas próprias conclusões e ter tranquilidade para tomar suas decisões”, conclui Pio.

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